Por Pe. Thiago Henrique Soares P. Tavares
Mais uma vez estamos vivendo o Sagrado Tempo da Páscoa. Tempo marcado pela celebração mais significativa da fé cristã: a Páscoa do Senhor Jesus Cristo! A passagem de Cristo da morte para a vida, das trevas para a luz. Tudo começou na Páscoa: a fé cristã, a vida da Igreja, a esperança sem limites dos discípulos de Jesus, a certeza da vitória, a alegria humana de estar novamente em comunhão com Deus, a quebra do pecado da humanidade ferida por ele, a vida eterna da qual já fazemos parte etc. Não há tempo como a Páscoa!
Este ano, na madrugada do dia 12 de abril, a Igreja celebrou este Dia, o mais importante da fé cristã e início de um tempo novo! Naquela noite os cristãos do mundo inteiro contemplaram boquiabertos o nascer de um dia no qual o sol jamais se põe! “Ó noite de alegria verdadeira, que prostra o Faraó e ergue os hebreus... pondo na treva humana a Luz de Deus” (Exultat), Uma noite santíssima, onde a Igreja mais uma vez, na sua caminhada na história, pôde celebrar solenemente a ressurreição do Senhor. Depois de passar pelos conscientizantes dias da Quaresma, enfim, a Páscoa, a Vitória, a alegria verdadeira que mais uma vez inunda o coração da fé e nos plenifica de esperança. Os longos passos da Quaresma – e que passos penosos... – deram lugar á Vitória do Rei, Senhor de tudo, Jesus Cristo! Que alegria, irmãos, saber que não há mais porque temer, que já não há mais porque nos preocupar, que já não há mais lugar para chorar em nossas vidas!
No entanto, ainda peregrinos neste mundo, não é possível deixar de observar que ainda existe miséria, choro, tristeza, injustiça, dor... mesmo depois da Páscoa. A começar pelos tantos católicos que não se lembraram de ir celebrar a Páscoa do Senhor, ou os que foram como se fosse mais um dia qualquer, ou aqueles que nem sequer deram importância ao que estava sendo celebrado preferindo suas, tão sem importância, alegrias rotineiras. Muitos dos nossos jovens celebraram a Páscoa do Senhor nas baladas – claro era sábado à noite! –, como todos os outros sábados de suas vidas. Muitos dos nossos pais celebraram a Páscoa do Senhor entre amigos, conversando, bebendo, brincado, como em todos os outros sábados. Muitos dos nossos amigos celebraram a Páscoa em meio à tristeza de uma noite solitária e vazia... Todos sem saber o real motivo da festa pascal.
...Ó noite de alegria passageira, que ilude o coração e esmaga a fé... Eis o Sábado Santo da Vigília Pascal para a grande maioria do mundo! Quantos buscaram alegria sem fim naquela noite e só encontraram o vazio de um entusiasmo sem sentido que antes do amanhecer passou? A Páscoa de Cristo tornou-se mais uma desculpa para farras, para diversão desenfreada e atropeladora... a páscoa do coelhinho, que alienava a homem da verdadeira Páscoa, já se perde em meio as novas e tão gritantes afrontas contra a fé. Não há mais necessidade de enganarmos as nossas consciências com sinais sem sentido, agora já temos maturidade de dizer que a Páscoa de Cristo “é uma festinha na igreja, uma missa longa de madrugada ou de manhã”... “e logo no sábado de noite?”, “logo no domingo depois de uma noitada?” (!!!) É meus irmãos... a Páscoa desse ano já é mais esquecida que a do ano passado... Para muitos é mais importante festejar uma páscoa particular, em casa, nas festinhas de cada noite, sem sentido, sem alegria verdadeira, sem Cristo Ressuscitado!
O que importa para essa tão vazia maioria é a ilusão de um bem estar material, de uma alegria marcada pela aparência, de uma patética demonstração de superioridade financeira. Sem contar com a importância suprema que dão a si mesmos, de seus próprios interesses, a satisfação de suas vontades, de seus desejos... a coroação de suas mesquinharias... a ressurreição, na páscoa, de suas misérias! Que mundo pequeno, sem perspectivas de crescimento, de melhora. E quem tem coragem de afrontar a afronta desse mundo? Aos poucos nos tornamos submissos a esta gigantesca realidade de desprezo às coisas sagradas, aos poucos nos configuramos não a Cristo Ressuscitado, mas a estes... que pena!
No entanto, Cristo Ressuscitou dos mortos!!! Venceu, naquela noite, esta realidade miserável e paupérrima. Não importa o que haja no mundo, a Igreja sempre reaviva sua fé na Festa mais importante do Mundo, onde ela renasce e se alimenta. Chega até a ser engraçado, mas é trágico na verdade: as mesmas pessoas que ignoram a fé na Páscoa e em tantas outras festas cristãs, são as mesmas pessoas que choram, tantas vezes, por não ter motivo para festejar. Fazem festas por qualquer motivo por não ter um motivo verdadeiro para se alegrar... “Só tu, ó noite feliz, soubeste a hora, em que o Cristo da morte ressurgia. E é por isso que de ti foi escrito: a noite será luz para o meu dia!” (Exultat). Agora a própria noite tem um motivo de alegria verdadeira. A luz que resplandeceu em meio às trevas do vazio do mundo trouxe o Motivo para a Festa! Festa de fé, que só pode ser celebrada na fé, na fé sem igual, de uma humanidade que tornou-se miserável, pelo pecado, em um Deus salvador que nos tira da lama que nos atola e nos faz Novos em Seu Amor! De tanta alegria, até a noite se fez dia e não dará mais lugar a escuridão do vazio que nos cercava!
Neste dia o “Sol” não se põe mais, não se farão mais as trevas da solidão, da tristeza, do vazio do coração humano. Se ainda passamos tantas dificuldades em um mundo que insiste em ser miserável não é culpa de Deus, nem prova de que o discurso da fé é um engano. O engano em tudo isso é nosso, do próprio homem, que ao invés de contemplar a Ressurreição do Senhor, festeja a ressurreição da mesmice de si mesmo! O que pode haver de bom nisso, de magnífico, para que nos alegremos sem contas? Que ilusão do mundo achar que pode ser feliz sozinho...
Assim, nosso coração cristão se alegra verdadeiramente na Páscoa do Senhor, mas ao mesmo tempo se inquieta frente à realidade do mundo que insiste em procurar Jesus no túmulo, permanecendo sem esperança, sem rumo, sem alegria. Cristo Vive!!! Eis a grande alegria! Alegria que nos acompanha no dia-a-dia, enfrentando os obstáculos, na luta pela verdade e por dias melhores, na esperança de viver um dia que não conheça o ocaso. Onde todos se dêem as mãos e, verdadeiramente, saibam de onde nos vem a Alegria Verdadeira tão sonhada e tão buscada por todos em tantos lugares: CRISTO JESUS RESSUSCITADO!!!