quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
A hipocrisia do mundo atual
domingo, 17 de janeiro de 2010
Manifestou a Sua gloria e seus discípulos creram n'Ele - II Domingo Comum
O sinal de Caná, o primeiro realizado por Jesus, é dado para que os discípulos creiam no Senhor. Todos os sinais, todos os milagres realizados por Jesus, tem este sentido. Jesus não teve outra intenção a não ser auto-revelar-se aos discípulos, à Igreja nascente: Ele é o verdadeiro Esposo que deve desposar a verdadeira Esposa, a Nova Jerusalém, o Novo Israel, a Igreja. Na verdade, Jesus se mostra como o verdadeiro Deus que tinha prometido desposar o seu povo, segundo a imagem muito utilizada pelos profetas. Não é à toa que o sinal de Jesus é realizado dentro de uma festa de casamento: esta é imagem das bodas escatológicas de que falam o Apocalipse: “Eis que as núpcias do Cordeiro redivivo se aproximam” (19,7).
sábado, 9 de janeiro de 2010
Batismo do Senhor
O alcance desta expressão, saída de uma voz vinda dos céus, bem como da sua variante nos evangelhos de Mateus e de Marcos – “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3,17; cf. Mc 1,11) – é de uma riqueza inesgotável. O texto de Lucas é a citação literal do salmo segundo, versículo sete: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”. É a proclamação de Jesus como o Rei-Messias, Aquele que deveria vir para dar a salvação ao povo de Israel, Aquele que tem o poder sobre todas as nações e que pode destruí-las com a mesma facilidade com que se destrói um vaso de argila.
A expressão de Lucas que ouvimos hoje, expressa, ainda, um mistério profundíssimo. Ela se encontra no primeiro canto do Servo sofredor, no livro do profeta Isaías, conforme ouvimos na primeira leitura: “Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer” (Is 42,1). Este, que é revelado como o Rei de Israel, o Messias esperado, é o Servo sofredor, Aquele que deve realizar a salvação na fraqueza, no sofrimento, na ignomínia (cf. Is 52,13–53,12). É o contrário do que esperava o povo de Israel: um Rei forte, grande, poderoso, um chefe militar que os libertaria do jugo dos romanos e restauraria o reinado de Israel de forma mais gloriosa do que o reinado de Davi-Salomão. Ledo engano: os pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos! O Messias é poderoso, sim, ele nos salvará, sim, mas na fraqueza. E mais: salvará não só o povo eleito, mas a todos os povos: Deus fará d’Ele “luz das nações, a fim de que sejam abertos os olhos dos cegos, os cárceres dos presos, as prisões tenebrosas onde estão os povos (cf. Is 42,6-7). Este é o Senhor que batizado hoje por João. No batismo de Jesus, começa a sua a vida pública, onde Ele manifestará a natureza de sua Pessoa, da salvação que veio trazer, do Reino que veio inaugurar.
O Espírito Santo que desce sobre Jesus em forma de pomba manifesta o caráter trinitário deste evento sagrado do Batismo do Senhor. Nesta cena, estão as Três Pessoas da Santíssima Trindade: o Pai na voz, o Filho em Pessoa, o Espírito Santo em forma de pomba. Grande é este mistério: Deus se revela inteiramente, nas Três Pessoas que compõem a única Divindade. Esta Divindade onipotente e autossuficiente transborda o seu imenso amor na criação e o manifesta aos homens. Deus, que por si é incompreensível, faz-se compreensível para que o homem possa entrar em contato com Ele e retribuir de forma imperfeita o amor perfeito e infinito que recebe. Eis a certeza que nos dá a Celebração deste hoje: Deus nos ama, Deus se revela a nós, Deus quer nos salvar. Isto acontecerá na medida em que abrirmos o nosso coração para acolher esse amor que transborda do seio da Santíssima Trindade e deixar também que transborde de nosso coração para alcançar os irmãos.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Epifania do Senhor
A Sagrada solenidade da Epifania do Senhor só perde em importância para as festas de Natal, Páscoa e Pentecostes. Ela comemora a manifestação – é isso que significa a palavra grega Epiphania – do Senhor, que foi hoje revelado, “anunciado aos povos todos e às nações” (1Tm 3,16).
À eleição do povo santo, Israel, segue-se, segundo o anúncio paulatino dos profetas, a eleição de todos os povos, a universalização da salvação. Eis a grande novidade do cristianismo em relação às outras religiões: no Menino-Deus, manifestado hoje a todo o orbe, está a plenitude da salvação de Deus para todos as nações, conforme diz São Paulo a Tito: “Manifestou-se a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pelos homens! Ele salvou-nos não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia, quando renascemos e fomos renovados no batismo pelo Espírito Santo” (Tt 3,4-5). Uma vez chegada a plenitude dos tempos, todos os membros do povo eleito dispersos pelo mundo são reconduzidos à Terra Santa para adorar o seu Rei-Messias e trazem consigo todos os tesouros das nações, ou seja, o melhor que há em todos os povos, oferecendo ao Senhor das gentes, reclinado no presépio, e tendo a Rainha-Mãe ao seu lado, os dons das nações: ouro, para o Rei, incenso para o Deus verdadeiro, mirra para Aquele que morrerá para salvar o seu povo. Dessa forma brilha nas trevas dos povos pagãos, que andavam procurando a luz às apalpadelas, a Luz verdadeira, o Sol que, nascendo, ilumina todo homem sentado à sombra da morte.
A festa de hoje, portanto, é festa da Igreja, é nossa festa: nós, que éramos pagãos – não pertencíamos ao povo eleito – fomos chamados para participar desse povo eleito, o verdadeiro Israel, a Nova Jerusalém, a Esposa e Corpo de Cristo, a Igreja Católica. Fomos chamados a nos tornarmos filhos no Filho, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, cidadãos do céu. A Epifania é a nossa festa, é a festa da cidadania da Cidade Eterna que nos é concedida.
sábado, 2 de janeiro de 2010
Mãe do meu Senhor
A Igreja crê e afirma que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, porque ela é a Mãe do Filho Eterno de Deus feito homem. Os Evangelhos a denominam como “a Mãe de Jesus” (cf. Jo 2,1; 19,25). Desde antes do nascimento de seu Filho, ela é chamada “Mãe do meu Senhor” (cf. Lc 1,43). E o anjo anunciou a Maria que o filho que nasceria dela seria “santo, Filho de Deus” (cf. Lc 1,31-35).
Maria não gerou ao Deus criador, mas gerou e deu à luz Jesus, que é homem e Deus. Homem por ter nascido da carne de Maria; Deus por ter a natureza divina. Por isso é realmente o Filho de Deus e, consequentemente, Maria pode ser chamada “Mãe de Deus”. Falando assim, afirmamos nossa fé na divindade de Jesus e confessamos que aquele que nasceu de Maria é um só ser, humano e divino; é o Filho de Deus que se fez homem.
A fórmula “Maria, Mãe de Deus” preserva uma das verdades mais fundamentais da fé, a verdade da encarnação e a maneira como Deus realizou a redenção do gênero humano. Como os Padres da Igreja diziam, o Verbo de Deus se fez homem para que a humanidade fosse divinizada.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Verdadeiramente Mãe de Deus
A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Diante dela, São Cirilo de Alexandria e o III Concílio Ecumênico, reunido em Éfeso em 431, confessaram que "o Verbo, unindo a si em sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, se tornou homem". A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde sua concepção. Por isso o Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou de verdade Mãe de Deus pela concepção humana do Filho de Deus em seu seio: "Mãe de Deus não porque o Verbo de Deus tirou dela sua natureza divina, mas porque é dela que ele tem o corpo sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne".
Denominada nos Evangelhos "a Mãe de Jesus" (João 2,1;19,25), Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito, desde antes do nascimento de seu Filho, como "a Mãe de meu Senhor" (Lc 1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos).