“Quem receber esta criança em meu nome estará recebendo a mim. E quem me receber estará recebendo aquele que me enviou” (Lc 9,48). Como é grande o mistério de um Deus que se identifica com os pequenos! Primeiro, Deus se identifica com a pequenez humana – e, mais ainda, se encarna nela; depois, se identifica com uma criança – Ele próprio foi uma criança. Por que Jesus se identifica com uma criança? O salmista nos responde: “O perfeito louvor vos é dado pelos lábios dos mais pequeninos” (Sl 8,3). Jesus é a perfeita Palavra de louvor de Deus para si mesmo, Palavra que o Pai dá aos homens para que estes possam louvá-lo de forma perfeita. Mas isso só é possível – já o vimos – sendo como uma pequena criança.
A nossa identificação com uma criança, porém, não significa que tenhamos de ter atitudes e pensamentos de criança – “Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança” (1Cor 13,11). O que devemos imitar na criança – e é nisso que Jesus se identifica com elas – é a inocência, inocência que faz com que a ela não possa ser imputado o crime, o pecado. Mais ainda: devemos imitar a cega confiança da criança para com seu pai, como a cega confiança de Jesus em Seu Pai. Diante de Deus, somos como crianças, impotentes, fracas, necessitadas do auxílio de alguém maior para podermos desenvolver a nossa potencialidade, o nosso pleno desenvolvimento humano: em última instância, a santidade.
Acolhamos o Senhor nos pequenos e, especialmente,imitemos os pequenos, que se abandonam confiantes nas mãos de seus pais. De fato, “se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!” (Mt 7,11)