sábado, 27 de agosto de 2011

Maceió Vos venera, Maria!


Maceió Vos venera, Maria! Sim, Mãe querida, Vós que sois o maior presente que o Vosso Divino Filho poderia nos ter dado depois da Salvação, exultamos hoje no santo orgulho de poder dizer: cumprimos a Escritura, cumprimos a profecia evangélica: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor!” (Lc 1,48s). Sim, Santíssima Virgem, nós proclamamos com as Escrituras: “Bendita sois Vós entre as mulheres e Bendito o fruto do Vosso ventre!” (Lc  1,42). Sim, Maria, nós cumprimos a ordem do Senhor na Cruz: “Eis a tua Mãe!” (Jo 19,27), e Vos acolhemos como nossa Mãe amada! Nós queremos cumprir a Escritura e receber-vos em nossa casa (cf. Jo 19,27), na casa do nosso coração, na casa da nossa vida. Nós nos confiamos a Vós, Virgem fiel, pois sopra rijo o tufão do pecado arrostando violenta procela, que volve o barco da Igreja de um lado para o outro e nos faz temer! Por isso, nós Vos pedimos, conduzi-nos ao Porto Sagrado que é o Vosso amado Filho, nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo. Nós, pobres e humílimos seres, Vos pedimos: sustenta-nos, Mãe dos Prazeres, para que um dia tenhamos a verdadeira alegria, o verdadeiro prazer de ver Jesus.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pensamentos sobre Madri...


Por Dom Henrique Soares da Costa,
bispo auxiliar de Aracajú
(http://costa_hs.blog.uol.com.br/)

Hoje, a imprensa da Espanha, da Itália e de outros países comenta, admirada, a Jornada Mundial da Juventude. Fala de um Papa de 84 anos que atraiu dois milhões de jovens; fala da vitória da Igreja sobre o governo esquerdista e anticlerical da Espanha de Zapatero, fala do Papa que sabe falar aos jovens, fala da força da Igreja que renasce na Espanha...

Meu querido Leitor, é a mesmíssima imprensa que já afirmou repetidamente que Ratzinger não tem carisma algum, que a Igreja já não tem credibilidade nenhuma, que o escândalo dos padres pedófilos colocou por terra o período triunfalista de João Paulo II, que a Igreja entrou numa decadência sem fim e sem cura... A mesma imprensa que tinha certeza de que, sem João Paulo II, os jovens não mais se reuniriam em tamanha multidão...
Que lições devemos tirar de tudo isto?
Aquelas que tenho recordado constantemente neste Blog: os cristãos não devem nunca interpretar as coisas de Deus a partir dos critérios do mundo, particularmente aqueles da imprensa! Nossa visão tem que ser a partir do Alto, a partir da cruz e da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo!


Pense um pouco: (1) Os jovens não foram a Madri por causa de Bento XVI – como no passado não foram por causa de João Paulo II: os jovens foram por causa de Cristo, foram para encontrar Jesus! Um Papa nunca é, nunca pode ser uma atração: não dança, não canta, não requebra, não é sarado, não faz pirueta e não aparece sob efeitos especiais! E se fizer isso, não é o Papa, é a Xuxa! Os jovens foram, vão e irão sempre a esses encontros pela sede que consome seus corações: por causa de Cristo, vida da nossa vida e saciedade da nossa esperança! (2) Um Papa não tem que ser “carismático” no sentido mundano. Todo Papa é carismático, porque, uma vez eleito, recebeu o carisma, isto é a cháris, a graça própria do ministério petrino. Pode ser o comunicativo João Paulo II, o simpático João Paulo I, o bonachão João XXIII, o hierático e angelical Pio XII, o feioso Bento XV, o valente Pio XI, o melancólico Paulo VI ou o tímido Bento XVI. O verdadeiro católico não ama um Papa, não ama esse Papa, ama o Papa, escuta o Papa, obedece ao Papa – exatamente porque é o Papa, seja ele quem for! Para o católico todo Papa é Pedro, e basta!


(3) Essa multidão reunida não é, não deve ser e não pode ser uma prova de força da Igreja! Nossa força está unicamente na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo – é a mesma força da Semana Santa do ano passado, quando a imprensa acusava a Santa Igreja de Cristo de ser uma rede internacional de pedófilos e se diziam misérias contra o Santo Padre! Nossa força é Cristo, nossa vida é Cristo, nossa certeza é Cristo, nossa alegria e esperança é Cristo! (4) É verdade que Zapatero, adversário ferrenho do cristianismo, está passando – como passaram outros e passarão tantos outros. Ficará a Igreja, a Mãe católica amabilíssima, porque Cristo assim o quis e assim o prometeu! Mas, não devemos pensar aqueles jovens como um triunfo da Igreja sobre ninguém. O único triunfo que devemos buscar é o triunfo sobre o pecado nosso e do mundo inteiro! Se Zapatero é um inimigo externo da Igreja, também nós a prejudicamos com nossos pecados e egoísmos, com nossa tibieza e falta de amor... Os piores inimigos da Igreja estão dentro dela! (5) Quanto ao renascimento da Igreja na Espanha ou em qualquer parte do mundo, ele não pode ser medido por números, por multidões ou eventos... Somente o Senhor da Igreja conhece o número dos seus, somente ele sabe do vigor e da fraqueza de sua Santa Esposa, nossa Mãe católica! No entanto, se aquela multidão de jovens na casa dos vinte anos estava lá, significa que nas paróquias, nos grupos, nos movimentos, nas novas comunidades, nas congregações há uma Igreja viva, crente, orante, disposta a testemunhar o Senhor! Lembra do fermento na massa, do grão de mostarda, do tesouro escondido? Pois é, Jesus não erra nunca; Jesus sabe o que diz e sustenta o que fala! (6) Quanto aos elogios a Bento XVI, que sabe falar aos jovens, ele fala de Cristo com simplicidade, clareza e a convicção de quem experimentou o Senhor ao longo de toda a vida. Isto basta! Mais impressionante que aquela multidão escutando o Papa de 84 anos, é vê-la, junto com o ancião pontífice, silenciosa, contida, piedosamente reverente, ante um pedacinho de pão que esses católicos bobos afirmam ser o próprio Jesus imolado e ressuscitado, realmente presente neste mundo! Basta ver isso para perceber a força da fé, a atuação da graça e a esperança do mundo. (7) Para terminar, repito, mais uma vez: se fossem somente vinte jovens a comparecer a Madri, ainda assim Cristo estaria ali, vivo, atuante, potente, matando a sede de todo aquele que dele se aproxime.
Lembre dessas coisas, meu Leitor, quando daqui a pouco, por algum motivo, nalguma dificuldade, a imprensa novamente decretar que a Igreja está no fim, que o cristianismo passou, que a religião é coisa do passado... Então: firmes na fé, com os olhos fixos em Cristo!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O papa é o humilde servo da liturgia


[A Liturgia] não é “feita” pelas autoridades. Também o Papa é só um servo humilde da evolução correcta da Liturgia, da sua integridade e identidade contínuas. (...) A liberdade exagerada é ainda menos compatível com a natureza da Fé e da Liturgia. A grandeza da Liturgia baseia-se (...) precisamente na sua determinação. 

Joseph Ratzinger, Introdução ao Espírito da Liturgia, São Paulo, Paulus, p. 124)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Música sacra, oração e liturgia


Tal como na natureza da Liturgia, na construção de igrejas e nas imagens, também na lírica eclesial se revela a mesma relação entre continuidade e inovação: o saltério tornar-se-á naturalmente o breviário da Igreja, da sua oração e do seu cantar. O saltério reza-se agora juntamente com Cristo. (...) nos Salmos falamos ao Pai através de Cristo no Espírito Santo. Contudo, esta interpretação pneumatológica e cristológica dos Salmos não se refere apenas ao texto, envolvendo também o elemento musical: é o Espírito Santo que ensina primeiro Davi a cantar e depois, através de Davi, também Israel e a Igreja; o canto é, excedendo a fala vulgar, um acontecimento pneumático em si. A Música sacra nasce como “Carisma”, como um dom do Espírito: no fundo, ela é a “glossolalia”, a “língua” nova, proveniente do Espírito.

Joseph Ratzinger, Introdução ao Espírito da Liturgia, São Paulo, p. 103-104.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aproxima-se o dia do juízo

Até quando ficareis com vossos deleites, até quando com vossos prazeres? Aproxima-se mais e mais o dia do juízo (...) a morte se aproxima. Quem então dirá: "Agora não posso, estou ocupado"? (Sto. Ambrósio)

Cristo encontra-se todo aqui

Na Igreja Antiga, existiu desde sempre a consciência de que o pão, uma vez transformado, permaneceria transformado. Por isso, ele era venerado e conservava-se para os doentes, como ainda hoje acontece nas igrejas do Oriente. Mas agora, esta consciência é alargada: o dom é transformado. Definitivamente, o Senhor atraiu esse bocado de matéria, ela já não é nenhum dom material, pois Ele é o presente, o inseparável, o ressuscitado: com carne e sangue, com corpo e alma, com divindade e humanidade. Cristo encontra-se todo aqui. (...) A presença de Cristo só pode ser uma presença total. Comungar Eucaristia não é comer um dom material (corpo e sangue?); o que acontece aqui é a incorporação de uma pessoa em outra. Cristo vivo oferece-se a mim, entra em mim e convida-me para entrar nele, de modo que: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Joseph Ratzinger, Introdução ao Espírito da Liturgia, São Paulo, p. 65.