Mas, em termos práticos, o que significa ser santo? A Escritura diz que os serafins rodeiam o Senhor no céu, cantando sem cessar: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus do universo” (cf. Is 6,1-3; Ap 4,8) e o Senhor, parafraseando o Levítico diz: “Sede perfeitos (santos) como o vosso Pai celeste é perfeito (Santo)” (Mt 5,48; cf. Lv 19,2). Ser santo, portanto, é imitar a santidade de Deus. Isso é possível? Não aos homens, mas sim para Deus, para quem nada é impossível (cf. Lc 1,37), porque recebemos o Espírito de Deus, o Espírito de Cristo, que é o Espírito Santo: “Santos e chamados a ser santos” (cf. 1Cor 1,2). E o próprio Cristo, o Filho Unigênito do Pai, que foi em tudo homem como nós, exceto no pecado, é o nosso modelo de santidade: é este o sentido último das bem-aventuranças: Cristo é o pobre em espírito, o manso, o humilde de coração, o que promove a paz, o perseguido por causa da justiça. Ele é o verdadeiro Bem-aventurado e, assim o sendo, nos convida a imitar sua vida santa e bem-aventurada, o que é possível porque Ele mesmo já trilhou o caminho antes de nós e assim, pôde fazer-se Caminho. Se caminharmos em Cristo, tendo os mesmos sentimentos d’Ele, como pede o Profeta (Fl 2,5), imitando em tudo sua vida, nos tornaremos aquilo que já somos: santos.
Sim, a santidade é possível a todo aquele que possui o Espírito de Cristo por causa deste mesmo Espírito, mas também pela nossa colaboração; e esta colaboração é não opor resistência à ação de Deus, não contristar o Espírito que habita em nosso peito (cf. Ef 4,30) e ser generoso para com o Senhor, entregando nossa vida sem reservas, arriscando-nos jogar no abismo insondável da vida de Deus. Portanto, arrisquemos viver por amor, pois Deus é amor (1Jo 4,8) e, no amor, nos transfigurará n’Ele, que é o três vezes Santo.