Quantas tentativas vãs! Quantas frustrações por não chegarem ao fim desejado! E quanto mal camuflado de bem! “Eles”, ainda, tentaram construir uma sociedade universal. Tinham fins louváveis. A saber, promover a unidade do gênero humano, a justiça e a paz social. Mas, seus meios são incapazes de fazê-los alcançar tais fins verdadeiramente. E isso a história nos prova. Seus meios consistiam na enganação e imposição. Enganar a quem? Impor o que? Enganar a seus próprios cidadãos. E impor suas próprias vontades, não o bem comum. Enganaram, quando eles, querendo estabelecer seus interesses próprios, mesmo que com intenções relacionadas a seus fins universais, se vestiram com a melhor capa de bondade, fraternidade humana e se diziam defensores do bem comum, quando na verdade, buscaram autopromoção social e, consequentemente, autoritarismo. E assim, enganaram o povo cidadão! Impuseram, quando eles, movidos pela sede de poder e domínio universal e extirpando qualquer forma de altruísmo, se preocupavam unicamente em expandir seus impérios, sobretudo, tendo as guerras como suas principais armas. E é enganar-se voluntariamente fazer de Augusto César o pioneiro de uma revolução política de significação mundial, ou de Alexandre Magno o apóstolo da fraternidade humana e da unidade do gênero humano, (Gilson, Etienne – A evolução da cidade de Deus. Esta e todas as outras citações neste texto).
Alexandre, o grande, do império Macedônio que antecedeu ao império Romano, tinha como ideal conquistar para civilizar, civilizar para unir, mas, não tardou em perceber que somente pela força das armas seu ideal se tornava inalcançável. Por isso, imediatamente introduziu os deuses helênicos na cultura e na religião recém conquistadas a ponto de se impor como um deus. No império Romano, Augusto, não receou a ser igual ao Macedônio, sobretudo, no que diz respeito aos meios e aos fins. Mas, eles sucumbiram; E com eles seus poderes e impérios. Porque eles não eram deuses como se autodenominaram. Morreram e não ressuscitaram.
Mas, é, todavia no império romano e sob o reinado mesmo de Augusto que aparece o pacífico fundador de uma verdadeira ‘sociedade’ universal. Seu nome é Jesus Cristo e Ele é, verdadeiramente, o Rei do Universo. A Ele, e somente a Ele, seja dada a honra, o poder e a glória pelos séculos dos séculos. Amém. Cristo não foi como os outros, somente homem, mas Deus. Perfeitamente homem e perfeitamente Deus, que morreu; mas ressuscitou verdadeiramente. Talvez, com relação aos ideais, aqueles que se autodenominavam “deuses”, em algo coincidia com o ideal de Cristo. A saber, a unidade do gênero humano. Mas, no que diz respeito aos meios para tal fim não há nenhum tipo de coincidência. A história lhe empresta a ambição de unir todos os homens na mesma taça de ‘amor’. Este gênero de taças é bem conhecido. São imperadores que a oferecem e elas são, de início, cheias de sangue.
O único sangue capaz de unir verdadeiramente as pessoas e assim, construir uma sociedade universal é o sangue de Cristo, não porque Ele derramou Seu sangue numa batalha, guerra ou revolução na luta por Seu ideal, mas, por ter derramado Seu sangue por obediência até morrer e morrer numa cruz. Não é em uma força física que deve se fundamentar este tipo de sociedade desejada há tanto tempo por muitos, mas na força do verdadeiro Amor. E foi por amor que Cristo derramou seu sangue. Não, Ele não se rebelou contra o sistema político de Sua época e nem provocou revoltas contra o Estado em um suposto discurso pelo pobre e seus direitos. Nem incitou ninguém a invadir propriedade privada, nem o pobre a lutar pelo que não é de sua posse - não é feita aqui nem um tipo de apologia ao Estado e nem se defende a idéia de que ser cristão é viver nesse mundo fingindo não ver a realidade. A única apologia que é feita é a do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, não a do “evangelho” de Karl Marx . Cristo diante da realidade política e social na qual, viveu não promoveu lutas revolucionárias entre patrícios e plebeus nem, muito menos, fingiu não ver Sua contrastante sociedade, mas, simplesmente aceitou Sua missão na realidade na qual estava inserido. A saber, a de Servo sofredor, por obediência a Deus Pai e por verdadeiro amor a humanidade. Ele simplesmente foi obediente até a morte e morte de cruz, Àquele que o enviou. E na obediência, Ele provou esse amor. E é o amor de Cristo que une; que torna a humanidade una, pois Ele a faz participar de Sua divindade tornando-a filha adotiva de Deus Pai, no Seu Espírito Santo. Este a une tornando-a em Cristo um só corpo e um só Espírito. Sem a Fé nesta afirmação, como bem mostra a história, é inalcançável a universalidade da humanidade. Mas, se Cristo prega que Seu reino não é deste mundo, não seria estranho ao Evangelho, para os que o acolhem, quererem construir esse modelo universal de humanidade nesse mundo? Sim, seria. Mas, desse modo, os cristãos seriam totalmente estranhos a esse mundo e viveriam numa anomalia, pois viveriam num mundo sendo de outro. É nisto em que consiste a esperança cristã. Afinal, o Reino de Cristo não é desse mundo, não é temporal, mas, sim de uma realidade atemporal, incorruptível e eterna. No entanto, Cristo não abandonou a humanidade às mãos da morte. Ele instituiu a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica e nela, por Seu Espírito, Ele se faz presente como esperança na terra. E enquanto peregrinos neste mundo só há um meio para se chegar ao fim tão desejado por muitos e em muitos tempos – a universalidade do gênero humano – a Santa Igreja Católica. Ele é a imagem da unidade e universalidade e do Reino de Deus neste Mundo. Afinal, não é por acaso que o nome católico significa universal. Ela é a cidade de Deus na terra. Por isso, erraram e erram todos aqueles que almejam a tais fins, mas, os buscaram ou buscam por meios que não sejam a Igreja de Cristo. Só no Corpo Místico de Cristo haverá verdadeira fraternidade e unidade humana.