O descanso em Deus
Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem, diz Cristo no Evangelho (Lc 11,13). Deus é nosso Pai, um Pai extremoso que nos ama mais do que todos os pais e mães juntos. Ama-nos a tal ponto que entregou-nos o seu Filho Unigênito, para que, resgatados, pudéssemos ser amados com o mesmo amor com que Ele ama desde a eternidade a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se fez carne por nós. Deus ama-nos em Cristo, porque vê em nós um decalque, uma réplica, digamos assim, de Cristo. Ou a gozosa possibilidade de o sermos.
Que observamos em Jesus, sob o ângulo do nosso tema? Uma frase que pronunciou, com todo o ar de um testamento, pode encaminhar estas reflexões: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz (Jo 14,27).
Deixa-nos a sua paz. De onde lhe vinha? Da sua permanente visão do Pai e da sua união com Ele: Eu e o Pai somos Um (Jo 10,30). Daí que dissesse: Aquele que me enviou está comigo; Ele não me deixou sozinho, porque faço sempre o que é do seu agrado (Jo 8,29). E no fim da sua vida terrena poderá dizer ao Pai: Completei a obra que me destes a fazer (Jo 17,4). Esse foi o sentido da sua vida entre nós, o elemento unificador de todos os seus trabalhos e vicissitudes. Não foi uma paz que lhe tivesse vindo de fora, pois a nada se poupou nem nada lhe foi poupado do que cansa um ser humano.