quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O tempo do Advento

O Tempo do Advento é um Tempo Litúrgico de quatro semanas que inicia o Ano Litúrgico e prepara para o Santo Natal. Portanto, ele tem o seu sentido de ser e está orientado para a Celebração do Natal do Senhor.
E o que é o Natal? Em uma palavra: a vinda do Filho de Deus entre os homens, na plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4). Aqui se efetua plenamente o que diz o autor da Carta aos Hebreus: “Muitas vezes e modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual fez os séculos” (Hb 1,1-2). Eis aqui: o Filho é Aquele por meio do qual o Pai fala agora à humanidade. Mais: a promessa de Deus feita em Ez 34 ,10 (“Com efeito, assim diz o Senhor Deus: Certamente eu mesmo cuidarei do meu rebanho e dele me ocuparei”), Jesus a cumpre em Si (Jo 10,10b-11: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o Bom Pastor: o Bom Pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas”).  De fato, aquele Menino deitado no presépio, enrolado em faixas, é o Deus bendito, Criador de todas as coisas.
Mas Jesus não é só o Enviado; é, sobretudo, o Esperado. E é essa realidade que o Advento celebra. Ele é:

1) Esperado por Israel: Gn 49,8-10; 2Sm 7,11ss; Is 7,14 (o Emanuel); Nm 24,17. E Israel clama sua vinda: Is 45,8; 63,19;
2) Esperado pelos pagãos, que possuem sede de verdade, de amor, de vida, sede inscrita por Deus em seus corações. “Tu nos fizeste para Vós, Senhor, e o nosso coração estará inquieto enquanto não repousar em Vós” (Agostinho, Confissões I,1,1.). Ver Mt 2,1-2 – Os Magos – representantes de todos os povos. 
3)  Esperado pela criação inteira: Deus criou todas as coisas e estas esperam n’Ele, caminham para Ele: “A criação (...) [está] na esperança de ela também ser libertada da escravidão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,20-21)

Pois bem, o Menino-Deus que vem no Natal é este Esperado. Por isso, cumpre preparar-nos bem e convenientemente para a Sua chegada. Este é o objetivo do Tempo do Advento.
Este Tempo nos lembra e prepara para as três vindas de Cristo, segundo São Bernardo de Claraval:

1) Sua primeira vinda, em Belém, da Virgem Maria, vinda esta que se torna presente de novo, para nós, na Santa Liturgia;
2) No fim dos tempos, quando Ele vier em Sua Glória para julgar os vivos e os mortos;
3) No cotidiano: nas pessoas, nos fatos, na Sua Palavra e, sobretudo, na Eucaristia.

Origem: O Advento surge no século IV, na Gália (onde era um tempo penitencial em que se esperava o Cristo Juiz), de onde, mais tarde, será estendido à toda a Igreja Latina.
O Advento liga-se aos dois últimos domingos do Tempo Comum, que falam da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos.
Possui duas partes bem fixas:

1) 1ª e 2ª semanas: Ênfase na vinda de Cristo no fim do mundo;
2) De 17 a 24 de dezembro: é a chamada Semana Santa do Natal, período de preparação mais imediata para o Natal.

Temas dos Domingos (Ano C):
I: Jesus fala sobre sua segunda vinda, trazendo a libertação: “Levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.
II: A pregação de João Batista: “Preparai os caminhos do Senhor”.
III: Testemunho de Jesus acerca de João Batista: “Eis que envio o meu mensageiro à tua frente”.
IV: A visitação de Nossa Senhora: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!”.
Sentimentos que nos devem orientar no Advento:

1) Vigilância
2) Conversão
3) Testemunho
4) Pobreza interior
5) Alegria

Sinais na Celebração Eucarística:
  
1) Cor roxa (róseo no III Domingo, chamado Domingo Gaudete, porque convida à alegria do Natal que se aproxima);
2) Poucas flores;
3) Não se canta o Glória;
4) Coroa do Advento

Personagens: Maria, José, João Batista, Isaías, Zacarias e Isabel, Simeão e Ana, os anawin (= pobres de Deus).
Recomendações ou sugestões pastorais:
- Celebração do Natal em família;
- Leitura e meditação do Livro do Profeta Isaías;
- Coroa do Advento (o Natal é a festa da Luz): é abençoada na Missa principal do I Domingo do Advento, seguindo um rito próprio. Composta por quatro velas (brancas ou roxas, ou 3 roxas e uma rosa), que são acendidas em número equivalente ao do Domingo. Ela é simples mas, a partir do dia 17, pode ser enfeitada com bolas, luzes, festões e enfeites natalinos.
- Presépio: é armado no dia 17 de dezembro sem o Menino Jesus, o qual é posto lá, solenemente, na Missa da Noite do Natal ou Missa do Galo. Só é desarmado (bem como a Coroa) após a Festa do Batismo do Senhor, que encerra o Tempo do Natal.
- Valorizar as Antífonas Ó: Pode-se cantar cada uma por vez junto com o Aleluia da Missa entre os dias 17 a 24 de dezembro. Pode-se, ainda, colocá-las ao lado do Presépio numa estante, como se fosse um livro, com duas velas ao lado, a partir do dia 17 até a Festa do Batismo do Senhor.
- Espiritualidade mariana: o Advento é o tempo mariano por excelência.
- Reconciliação sacramental.
- Decoração da Igreja: sóbria (exceção feita à Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, em 08 de dezembro, ou se houver alguma grande festa da comunidade paroquial, como, por exemplo, a festa do Padroeiro ou outra festa solene própria), de modo que favoreça o clima de interioridade e expectativa.
- Recitação ou canto das Kalendas (pode ser em tom salmódico) após o Ato penitencial e antes do Glória na Missa do Galo.  

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O papel do exorcista na atualidade à luz do Direito Canônico


Edson Sampel

SÃO PAULO, terça-feira, 20 de novembro de 2012 (ZENIT.org) - Reza o cânon 1172, § 2.º que o ordinário local pode nomear um exorcista. Para adimplir esse delicado mister, deve-se dar a licença devida a um padre que se distinga pela piedade, ciência, prudência e integridade de vida (... presbytero pietat, scientia, prudentia ac vitae integritate). Desse modo, um diácono ou um leigo não possui autorização legal para a prática do exorcismo. O bispo, é claro, dispõe de tal permissão,  malgrado o cânon em exame empregue a palavra presbytero (presbítero=padre). Observa-se in casu o princípio jurídico segundo o qual quem pode mais (plus) pode   menos (minus).