quinta-feira, 26 de maio de 2011

Cardeal Sarah: Cáritas deve superar filantropia e inserir-se na missão da Igreja


Roma, 25 Mai. 11 / 10:13 am (ACI/EWTN Noticias)

O Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum no Vaticano, Cardeal Robert Sarah, assinalou em uma entrevista concedida à agência ACI Prensa que a Cáritas Internacional deve desenvolver um trabalho "não meramente filantrópico" e formar parte da missão da Igreja respeitando sua identidade católica.

Em 22 de maio, logo depois da inauguração da assembléia plenária da Cáritas Internacional –que celebra 60 anos de criação–, o Cardeal Sarah disse ao grupo ACI que "é importante entender que nossas organizações de caridade estão localizadas dentro da Igreja e não a um lado dela".

"Uma Cáritas que não seja uma expressão eclesiástica não teria sentido ou não existiria. A Igreja não pode ser considerada como sócia de organizações católicas. São as organizações (membros da Cáritas) as que fazem parte de sua missão", acrescentou.

O Cardeal Sarah explicou também à ACI Prensa que o trabalho da Cáritas "não é meramente filantrópico" mas "permite que todas as pessoas compreendam toda sua dignidade como filhos de Deus".

As declarações do Cardeal ocorrem meses depois que a Santa Sé fizesse a decisão de não apoiar a reeleição para o cargo da atual Secretária Geral da Cáritas, Leslie Anne Knight. Em março do ano passado, a funcionária fez público seu incômodo pela decisão vaticana em uma entrevista à publicação National Catholic Reporter e inclusive criticou o plano para modificar as práticas da organização em favor de uma maior ênfase na evangelização.

Ao final de fevereiro deste ano, o informativo Notifam divulgou que Knight defendeu energicamente em sua gestão a Canadian Catholic Organization for Development and Peace (CCODP) uma organização que "foi o eixo de muita crítica proveniente de grupos pró-vida, devido à ajuda brindada a organizações que apóiam a legalização do aborto, a distribuição de anticoncepcionais, e o apoio dado a políticas públicas homossexualistas".

Na inauguração da assembléia da Cáritas, o Presidente reeleito para um período de quatro anos mais, o Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, apresentou o novo slogan da confederação para os seguintes quatro anos: "Uma família humana: Zero pobreza".

Sobre este novo lema, o Cardeal Robert Sarah considerou à ACI Prensa que "seria sábio não seguir alguns slogans irreais. Não fica muito claro o que significa zero pobreza, porque Cristo disse que sempre teremos aos pobres. Então, qual é a forma real em que podemos lutar contra a pobreza? É complicado cancelá-la completamente".

Depois de ressaltar que "Cristo fez tudo com humildade", o Cardeal ressaltou que "a Cáritas deve seguir os passos do Jesus, expressando a compaixão, o amor de Deus com essa humildade, para o qual temos as indicações dos Papas, desde Pio XII e João Paulo II até Bento XVI. Eles mostram o caminho a seguir".

"Temos que ser muito humildes e seguir o Evangelho e os ensinos do Santo Padre. Então teremos um futuro muito brilhante", concluiu.

A assembléia plenária do Cáritas Internacional, que reúne 300 delegados das Cáritas de todo o mundo, também está em diálogo com a Secretaria de Estado do Vaticano para gerar novos estatutos que ressaltem sua identidade católica.

Fonte: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=21847

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Catequese papal: A santidade

A santidade

Queridos irmãos e irmãs,
Nas Audiências gerais destes últimos dois anos acompanharam-nos as figuras de tantos Santos e Santas: aprendemos a conhecê-los mais de perto e a compreender que toda a história da Igreja está marcada por estes homens e mulheres que com a sua fé, caridade, e com a sua vida foram faróis para tantas gerações, e são-no também para nós. Os Santos manifestam de diversas formas a presença poderosa e transformadora do Ressuscitado; deixaram que Cristo se apoderasse tão plenamente da sua vida que puderam afirmar com são Paulo: «já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20). Seguir o seu exemplo, recorrer à sua intercessão, entrar em comunhão com eles, «une-nos a Cristo, do qual, como da Fonte e da Cabeça, promana toda a graça e toda a vida do próprio Povo de Deus» (Con. Ec. Vat. II, Const. Dogm. Lumen gentium, 50). No final desta série de catequeses, gostaria então de oferecer alguns pensamentos sobre o que é a santidade.
Que significa ser santos? Quem é chamado a ser santo? Com frequência somos levados a pensar ainda que a santidade é uma meta reservada a poucos eleitos. São Paulo, ao contrário, fala do grande desígnio de Deus e afirma: «N'Ele — Cristo — (Deus) escolheu-nos antes da criação do mundo para sermos santos e imaculados diante d'Ele na caridade» (Ef 1, 4). E fala de todos nós. No centro do desígnio divino está Cristo. No qual Deus mostra o seu Rosto: o Mistério escondido nos séculos revelou-se em plenitude no Verbo que se fez homem. E Paulo depois diz: «De fato, aprouve a Deus que nele habite toda a plenitude» (Cl 1, 19). Em Cristo o Deus vivente tornou-se próximo, visível, audível, palpável para que todos possam beneficiar da sua plenitude de graça e de verdade (cf. Jo 1, 14-16). Por isso, toda a existência cristã conhece uma única lei suprema, aquela que são Paulo expressa numa fórmula que recorre em todos os seus escritos: em Cristo Jesus. A santidade, a plenitude da vida cristã não consiste em realizar empreendimentos extraordinários, mas em unir-se a Cristo, em viver os seus mistérios, em fazer nossas as suas atitudes, pensamentos e comportamentos. A medida da santidade é dada pela estatura que Cristo alcança em nós, desde quando, com a força do Espírito Santo, modelamos toda a nossa vida sobre a sua. É ser conformes com Jesus, como afirma são Paulo: «Aqueles que ele conheceu desde sempre, predestinou-os para serem conformes com a imagem do seu Filho» (Rm 8, 29). E santo Agostinho exclama: «Será viva a minha vida toda repleta de Ti» (Confissões, 10, 28). O Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Igreja, fala com clareza da chamada universal à santidade, afirmando que ninguém é excluído dela: «Nos vários gêneros de vida e nas várias formas profissionais é praticada uma única santidade por todos os que são movidos pelo Espírito de Deus e... seguem Cristo pobre, humilde e carregando a cruz, para merecer ser partícipes da sua glória» (n. 41).
Mas permanece a questão: como podemos percorrer o caminho da santidade, responder a esta chamada? Posso fazê-lo com as minhas forças? A resposta é clara: uma vida santa não é fruto principalmente do nosso esforço, das nossas ações, porque é Deus, o três vezes Santo (cf. Is 6, 3), que nos torna santos, é a ação do Espírito Santo que nos anima a partir de dentro, é a própria vida de Cristo Ressuscitado que nos é comunicada e que nos transforma. Afirmando mais uma vez com o Concílio Vaticano II: «Os seguidores de Cristo, chamados por Deus não segundo as suas obras, mas segundo o desígnio da sua graça e justificados em Jesus Senhor, no batismo da fé foram feitos verdadeiramente filhos de Deus e co-participantes da natureza divina, e por isso realmente santos. Por conseguinte, eles devem, com a ajuda de Deus, manter na sua vida e aperfeiçoar a santidade que receberam» (ibid., 40). A santidade tem, por conseguinte, a sua raiz última na graça batismal, no sermos enxertados no Mistério pascal de Cristo, com o qual nos é comunicado o seu Espírito, a sua vida de Ressuscitado. São Paulo ressalta de modo muito forte a transformação que a graça batismal realiza no homem e chega a cunhar uma terminologia nova, forjada com a preposição «com»: co-mortos, co-sepultados, co-vivificados com Cristo; o nosso destino está ligado indissoluvelmente ao seu. «Pelo batismo — escreve — fomos sepultados com ele na morte para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos... assim também nós possamos caminhar numa vida nova» (Rm 6, 4). Mas Deus respeita sempre a nossa liberdade e pede que aceitemos este dom e vivamos as exigências que ele requer, pede que nos deixemos transformar pela ação do Espírito Santo, conformando a nossa vontade com a vontade de Deus.
Como pode acontecer que o nosso modo de pensar e as nossas ações se tornem pensar e agir com Cristo e de Cristo? Qual é a alma da santidade? De novo o Concílio Vaticano II esclarece; diz-nos que a santidade cristã mais não é do que a caridade plenamente vivida: «"Deus é amor; quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele" (1 Jo 4, 16). Ora, Deus difundiu abundantemente o seu amor nos nossos corações por meio do Espírito Santo, que nos foi doado (cf. Rm 5, 5); por isso o primeiro dom e o mais necessário é a caridade, com a qual amamos Deus acima de todas as coisas e ao próximo por amor a Ele. Mas para que a caridade cresça, como uma boa semente, na alma e nela frutifique, cada fiel deve ouvir de bom grado a palavra de Deus e, com a ajuda da graça, cumprir com as obras a sua vontade, participar frequentemente dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia e da sagrada liturgia; aplicar-se constantemente à oração, à abnegação de si mesmo, ao serviço ativo dos irmãos e à prática de todas as virtudes. De fato, a caridade, vínculo da perfeição e cumprimento da lei (cf. Cl 3, 14; Rm 13, 10), orienta todos os meios de santificação, dá-lhes forma e conduz-los ao seu fim» (Lumen Gentium 42). Talvez também esta linguagem do Concílio Vaticano II para nós ainda seja um pouco solene, talvez tenhamos que dizer as coisas de modo ainda mais simples. O que é essencial? Essencial é nunca deixar passar um domingo sem um encontro com o Cristo Ressuscitado na Eucaristia; isto não é mais um peso, mas é luz para toda a semana. Nunca começar nem terminar um dia sem, pelo menos, um breve contato com Deus. E, no caminho da nossa vida, seguir as «indicações estradais» que Deus nos comunicou no Decálogo lido com Cristo, que é simplesmente a explicitação do que é a caridade em determinadas situações. Parece-me que esta é a verdadeira simplicidade e a grandeza da vida de santidade: o encontro com o Ressuscitado aos domingos; o contato com Deus no início e no findar do dia; seguir, nas decisões, as «indicações estradais» que Deus comunicou, que são apenas formas de caridade. «Por isso o verdadeiro discípulo de Cristo caracteriza-se pela caridade para com Deus e para com o próximo» (Lumen gentium, 42). Esta é a verdadeira simplicidade, grandeza e profundidade da vida cristã, do ser santos.
Eis por que santo Agostinho, comentando o capítulo quarto da Primeira Carta de são João, pode afirmar uma coisa corajosa: «Dilige et fac quod vis», «Ama e faz o que queres». E prossegue: «Quando silencias, que seja por amor; quando falas, fala por amor; quando corriges, que seja por amor; quando perdoas, que seja por amor; haja em ti a raiz do amor, porque desta raiz só pode derivar o bem» (7, 8: pl 35). Quem é guiado pelo amor, quem vive a caridade plenamente é guiado por Deus, porque Deus é amor. Assim é válida esta grande palavra: «Dilige et fac quod vis», «Ama e faz o que queres».
Talvez possamos perguntar: podemos nós, com os nossos limites, com a nossa debilidade, tender para tão alto? A Igreja, durante o Ano Litúrgico, convida-nos a fazer memória de uma multidão de Santos, ou seja, daqueles que viveram plenamente a caridade, que souberam amar e seguir Cristo na sua vida quotidiana. Eles dizem-nos que é possível para todos percorrer este caminho. Em todas as épocas da história da Igreja, em qualquer latitude da geografia do mundo, os Santos pertencem a todas as idades e a qualquer estado de vida, são rostos concretos de todos os povos, línguas e nações. E são tipos muito diversos. Na realidade devo dizer que também para a minha fé pessoal muitos santos, não todos, são verdadeiras estrelas no firmamento da história. E gostaria de acrescentar que para mim não só alguns grandes santos que amo e que conheço bem são «indicações estradais», mas precisamente também os santos simples, ou seja as pessoas boas que vejo na minha vida, que nunca serão canonizadas. São pessoas normais, por assim dizer, sem heroísmo visível, mas vejo na sua bondade de todos os dias a verdade da fé. Esta bondade, que maturaram na fé da Igreja, é para mim a apologia do cristianismo mais segura e o sinal de onde se esteja a verdade.
Na comunhão dos Santos, canonizados ou não, que a Igreja vive graças a Cristo em todos os seus membros, nos beneficiamos da sua presença e da sua companhia e cultivamos a firme esperança de poder imitar o seu caminho e partilhar um dia a mesma vida bem-aventurada, a vida eterna.
Queridos amigos, como é grande e bela, e também simples, a vocação cristã vista sob esta luz! Todos somos chamados à santidade: é a própria medida da vida cristã. São Paulo expressa isto mais uma vez com grande intensidade, quando escreve: «Mas, a cada um de nós foi concedida a graça na medida outorgada por Cristo... A uns, Ele constituiu apóstolos, a outros, profetas, a outros, evangelistas, pastores e doutores, para o aperfeiçoamento dos santos, para obra do ministério para a edificação do Corpo de Cristo; até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus ao estado de homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo» (Ef 4, 7.11-13). Gostaria de convidar todos a abrir-se à ação do Espírito Santo, que transforma a nossa vida, para sermos também nós como peças do grande mosaico de santidade que Deus vai criando na história, para que o rosto de Cristo resplandeça na plenitude do seu esplendor. Não tenhamos medo de tender para o alto, para as alturas de Deus; não tenhamos medo que Deus nos peça demasiado, mas deixemo-nos guiar em todas as ações quotidianas pela sua Palavra, mesmo se nos sentimos pobres, inadequados, pecadores: será Ele que nos transforma segundo o seu amor. Obrigado.

A Ressurreição da Hungria

Do exelente site Fratres in Unum:
Por Monsenhor Ignacio Barreiro-Carámbula

17 de maio de 2011 (Notícias Pró-Família) — Tem havido muita discussão acerca da “Constituição da Páscoa” da Hungria, assim apelidada não só porque foi aprovada por uma grande maioria nesta segunda-feira passada de Páscoa, 25 de abril, mas também porque poderá representar uma ressurreição de valores que muitos achavam que tinham quase que desaparecido totalmente das leis da Europa.
Temos de entender a importância desse documento, e o motivo por que tantos na Europa estão em pânico por causa de sua aprovação. É um passo surpreendente numa direção muito boa, representando outro passo no que muitos acreditam é uma jornada longa e arriscada de volta às raízes da Hungria e da Europa. Contudo, o que é claro é que essa Constituição se afasta da ideologia esquerdista secular que, como uma pesada capa de chumbo, parece estar cobrindo com tanta opressão e escuridão o mundo contemporâneo.

O preâmbulo da Constituição começa com a primeira linha do hino nacional da Hungria, “Oh, Senhor, bendita seja a nação húngara”, recordando as raízes cristãs dessa nação. A Constituição continua a frisar esse tema, declarando o papel incomparável desempenhado pelo Rei Santo Estevão no estabelecimento da Hungria e reconhecendo o papel que o Cristianismo tem desempenhado em sua preservação. É também muito interessante ver como essa constituição termina: “Nós, membros do Parlamento eleito em 25 de abril de 2010, estando conscientes de nossa responsabilidade diante dos homens e diante de Deus e fazendo uso de nossos poderes para adotar uma constituição, temos por meio deste decidido a primeira e unificada Lei Fundamental da Hungria conforme consta acima”.
Tomara que legisladores mais contemporâneos confessassem que têm uma responsabilidade para com Deus!
As inovações mais importantes dessa constituição, porém, se acham no Artigo 2, que estabelece que “a vida do feto será protegida desde o momento da concepção”. Esse documento no seguinte artigo III número 3 também proíbe expressamente práticas eugênicas, bem como o uso do corpo humano ou suas partes para ganho financeiro e clonagem humana.
A consequência lógica do artigo 2 é que o aborto e outros crimes contra a vida seriam em algum momento declarados ilegais e criminalizados depois que essa constituição entrar em vigor em 1 de janeiro de 2012. Conforme estabelece essa constituição, o governo submeterá ao parlamento os atos necessários para a implementação dessa nova lei fundamental.
Como se para frisar sua seriedade acerca do respeito recentemente redescoberto pela vida humana em todas as suas fases, o governo já está conduzindo uma campanha muito eficiente de anúncios contra o aborto. Não há dúvida de que essa campanha nasceu mais da necessidade de reverter o colapso demográfico da Hungria, mas é bom ver a sensatez começando a reganhar uma posição segura na Europa Oriental.
A pergunta que muitos estão fazendo é se o governo terá a coragem de ir em frente e penalizar o crime do aborto. Eles já estão sendo atacados selvagemente por grupos pró-aborto da União Europeia e outros países, e estão sofrendo pressões para reverter as cláusulas pró-vida ou atenuá-las com outras táticas.
Alguns cristãos democráticos, que foram muito responsáveis pela inclusão desse artigo na constituição, declararam como o Dr. Imre Téglásy da filial de Human Life International nos relatou, que eles não estão prontos para fazer pressões em favor da criminalização do aborto:
“Essa é a declaração teórica com a qual temos compromisso, e é apoiada pela decisão anterior do Tribunal Constitucional também. Ao mesmo tempo estamos conscientes do fato de que não podemos impor tal lei na sociedade, pois não seria aceita pela grande maioria dela. Portanto, é nosso objetivo agora convencer as pessoas mais e mais de que a vida humana tem de ser protegida desde o momento da concepção. Nossa postura é que esta declaração teórica tem de ser incluída com clareza na constituição, e o próprio ato poderá vir a ter uma realidade logo que a opinião da maioria da sociedade mudar com relação a esse assunto”.
As tentativas de reviver leis pró-vida na Hungria estão em andamento já há algum tempo. O Tribunal Constitucional da Hungria declarou em 2000, depois que diferentes grupos pró-vida, inclusive HLI, desafiaram a validez da lei de aborto, que na verdade era inconstitucionalmente ampla e o procedimento deveria ser mais restringido. Depois dessa decisão, o parlamento fez certas mudanças cosméticas, mas essas mudanças foram em grande parte ineficientes.
Certamente, a Constituição da Páscoa poderá ser desafiada no Tribunal Europeu de Direitos Humanos, como a lei antiaborto da Polônia foi.
E numa tentativa de evitar a confusão desastrosa por causa da natureza do casamento que vem dominando o Ocidente, a nova Constituição define a família como sendo “entendida como a união conjugal de um homem e uma mulher com base em seu consentimento independente; a Hungria também protegerá a instituição da família, que ela reconhece como a base para a sobrevivência da nação”.
Na discussão do documento sobre direitos humanos, não se fez nenhuma menção à orientação sexual, de modo que não há nenhuma base constitucional para se conceder tratamento especial para os homossexuais nem para se reconhecer as uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Essa constituição também incentiva generosidade para com a vida. Primeiro, há uma cláusula estimulante que permite que os pais votem no lugar de seus filhos menores de idade. O direito de um menor por pai de “votar” será exercido por sua mãe ou outro representante legal. Desse jeito, aqueles que estão tendo filhos têm uma participação maior nas eleições da Hungria do que aqueles que não têm filhos. Segundo, a Constituição estabelece que as contribuições de impostos dos pais sejam decididas em parte por suas despesas na criação de filhos, dando aos pais com crianças novas um alívio fiscal urgentemente necessário.
Há outras cláusulas importantes na nova Constituição. Uma estabelece a separação de Igreja e Estado, mas não uma parede absoluta de separação. Em vez disso, ela declara: “Para cumprir metas comunitárias, o Estado cooperará com as igrejas”.
Outras prometem maior liberdade econômica, tais como a cláusula de que a economia da Hungria será baseada no trabalho que cria o valor, e na liberdade dos empreendimentos comerciais. Numa época em que tantos países estão criando enormes déficits orçamentários, temos de elogiar o compromisso da Hungria para com uma administração equilibrada, transparente e sustentável de seu orçamento.
O Dr. Imre Téglásy, da filial da HLI na Hungria, desempenhou um papel importante na adoção dessa constituição por meio de suas conexões políticas e seus esforços incansáveis de moldar a opinião pública e mobilizar apoios. Como pai de dez filhos, ele já está vivendo os valores que ele promove. E bravura é uma característica da família Téglásy: o pai do Dr. Téglásy ajudou a liderar a resistência aos russos e aos comunistas em sua região durante a Revolta Húngara de 1956. Ele quase foi morto e mais tarde pagou um preço elevado nas mãos das autoridades públicas por defender a liberdade e os direitos humanos. Essa é a batalha que seu filho, nosso colaborador, continua hoje em sua defesa da vida e família.
Isso não significa que a Constituição da Páscoa é perfeita. Por exemplo, ela se beneficiaria se fosse mais precisa em certas seções. E uma análise detalhada revelará alguns artigos que ainda estão cheios da ideologia esquerdista, mas as limitações das quais esse documento sofre não tiram o mérito do fato grande de que essa constituição é um passo importante e corajoso na direção certa. A chave é a determinação do governo de implementar uma proteção eficaz da vida e família, e continuar a avançar para reconstruir uma sociedade que seja inspirada por suas melhores tradições cristãs.
Que a nova Constituição da Páscoa da Hungria verdadeiramente represente uma ressurreição desse país magnífico que sofreu tanto durante sua história.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Oremos por Dom Antônio Muniz

Em espírito de fé eclesial , oremos pelo nosso bispo e pastor, Dom Antônio Muniz, no aniversário de sua Ordenação Episcopal: que o Senhor o ilumine para guiar o povo santo que peregrina em Maceió:

Senhor nosso Deus, Pastor e Guia de todos os fiéis, olhai com bondade para Antônio, Bispo da nossa diocese; amparai-o com o vosso amor para que, com a sua palavra e exemplo, conduza o povo que lhe confiastes e chegue juntamente com ele à vida eterna. Assim seja.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Angelus do 5º Domingo da Quaresma


Ainda colocando em dia as audiências e Ângelus:

PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Praça de São Pedro

Domingo, 10 de Abril de 2011


Amados irmãos e irmãs!
Faltam só duas semanas para a Páscoa, e todas as Leituras bíblicas deste domingo falam da ressurreição. Não ainda da ressurreição de Jesus, que irromperá como uma novidade absoluta, mas da nossa, aquela pela qual aspiramos e que precisamente Cristo nos doou, ressurgindo dos mortos. Com efeito, a morte representa para nós como que um muro que nos impede de ver além; contudo o nosso coração propende para além deste muro, e mesmo se não podemos conhecer o que ele esconde, contudo pensamo-lo, imaginamo-lo, expressando com símbolos o nosso desejo de eternidade.
Ao povo judaico, no exílio longe da terra de Israel, o profeta Ezequiel anuncia que Deus abrirá os sepulcros dos deportados e fá-los-á voltar à sua terra, para nela repousar em paz (cf. Ez 37, 12-14). Esta aspiração ancestral do homem por ser sepultado juntamente com os seus pais é desejo de uma «pátria» que o acolha no final das canseiras terrenas. Esta concepção ainda não inclui a ideia de uma ressurreição pessoal da morte, que só aparece nos finais do Antigo Testamento, e até na época de Jesus não era aceite por todos os Judeus. De resto, também entre os cristãos, a fé na ressurreição e na vida eterna não raramente é acompanhada por tantas dúvidas, confusões, porque se trata sempre de uma realidade que ultrapassa os limites da nossa razão, e exige um acto de fé. No Evangelho de hoje — a ressurreição de Lázaro — nós ouvimos a voz da fé pronunciada por Marta, a irmã de Lázaro. A Jesus que diz: «O teu irmão ressuscitará», ela responde: «Sei que ressuscitará na ressurreição do último dia» (Jo 11, 23-24). Mas Jesus responde: «Eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em Mim, mesmo se morrer, viverá» (Jo 11, 25-26). Eis a verdadeira novidade, que prorrompe e supera qualquer barreira! Cristo abate o muro da morte, n’Ele habita toda a plenitude de Deus, que é vida, vida eterna. Por isso a morte não teve poder sobre Ele; e a ressurreição de Lázaro é sinal do seu domínio pleno sobre a morte física, que diante de Deus é como um sono (cf. Jo 11, 11).
Mas há outra morte, que custou a Cristo a luta mais dura, inclusive o preço da cruz: é a morte espiritual, o pecado, que ameaça arruinar a existência de cada homem. Para vencer esta morte Cristo morreu, e a sua Ressurreição não é o regresso à vida precedente, mas a abertura de uma realidade nova, uma «nova terra», finalmente reunida com o Céu de Deus. Por isso são Paulo escreve: «Se o Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus dos mortos, habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dos mortos dará a vida também aos vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que habita em vós» (Rm 8, 11). Queridos irmãos, dirijamo-nos à Virgem Maria, que já participa desta Ressurreição, para que nos ajude a dizer com fé: «Sim, ó Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus» (Jo 11, 27), a descobrir verdadeiramente que Ele é a nossa salvação.

© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana

Bento XVI: Sétimo ano de Pontificado


Por Inma Álvarez 

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 20 de abril de 2011 (ZENIT.org) - Com o aniversário da eleição do cardeal Joseph Ratzinger para sucessor de Pedro, nessa terça-feira, ele concluiu seu sexto ano de pontificado, um período intenso e cheio de acontecimentos dramáticos.
No dia 19 de abril de 2010, o Papa acabava de voltar de sua viagem a Malta, uma viagem que, segundo comentava o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, tinha “superado todas as expectativas”.
Nesse mesmo dia, concluído o primeiro quinquênio de pontificado, o bispo de Roma confiava aos cardeais da Cúria, durante o almoço celebrado nesse dia no Palácio Apostólico, “não se sentir sozinho”, apesar das dificuldades que estava atravessando.
De fato, o quinto ano de pontificado concluíra no meio da polêmica dos abusos sexuais por membros do clero, especialmente na Irlanda e na Alemanha. Isso tinha criado um intenso mal-estar, ao ter estourado precisamente durante a celebração do Ano Sacerdotal.
Bento XVI quis, nesse sentido, que o encerramento do Ano fosse também um momento especial de reflexão sobre o sacerdócio, em que o Papa, em diálogo com os presbíteros de todo o mundo, reafirmava a importância da vocação à entrega, da santidade do sacerdócio ministerial, da celebração da Eucaristia como centro, e da validade do celibato sacerdotal. Foi um forte “sim” ao sacerdócio e um renovado apelo à responsabilidade dos bispos e formadores.
Ao mesmo tempo, a Santa Sé trabalhava intensamente para combater a crise. Poucos meses depois, organizava-se a visita apostólica à Irlanda, para investigar sobre o terreno os casos de abusos. No final de abril passado, concluía também a visita apostólica à congregação dos Legionários de Cristo, para abordar a crise produzida pelo caso de Marcial Maciel. Em julho, nomeou-se um delegado papal, Velasio de Paolis, hoje cardeal.
Apenas no primeiro mês de seu sexto ano, o Papa realizava uma importante visita a Portugal, no décimo aniversário da beatificação dos pastorinhos de Fátima. Ali ele consagrou os sacerdotes do mundo ao Sagrado Coração de Maria e celebrou um importante encontro com o mundo da cultura e da arte portuguesa.

Oriente Médio

No início de junho, Bento XVI realizou outra viagem importante, à ilha de Chipre, convidado pelo patriarca Crisóstomos II. Uma viagem cujo contexto ficou marcado pelo assassinato do vigário de Anatolia, Dom Luigi Padovese.
Esta viagem concentrou a atenção em um dos acontecimentos chave desse ano: a assembleia do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio. Esse sínodo, preparado cuidadosamente pelas Igrejas locais, deu grande destaque à situação dos cristãos no Oriente Médio. 
Dessa assembleia surgiu um forte apelo à unidade entre as diferentes Igrejas ‘sui iuris’, assim como a consciência de que o fundamentalismo islâmico não poderá desaparecer se não forem combatidas as graves injustiças sociais que existem no mundo árabe, mediante uma maior difusão da doutrina social católica.
A situação desesperada dos cristãos voltou a ficar evidente no massacre de 31 de outubro na igreja católica síria de Bagdá, assim como nos ataques contra as comunidades coptas em Alexandria (Egito), no Natal.
O Papa recolheu toda essa preocupação em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz (1º de janeiro) e em seu discurso ao Corpo Diplomático (10 de janeiro), reiterando que não haverá paz no mundo sem liberdade religiosa. Discursos que foram qualificados em todo mundo como uma marca importante do ensinamento de Bento XVI.

Grã-Bretanha

Sem dúvida, outro grande momento deste pontificado ocorreu também neste sexto ano, no início de setembro, quando o Papa foi à Grã-Bretanha. Uma viagem cheia de significados e gestos históricos, que surpreendeu o mundo, começando pelos próprios católicos.
Ali houve dois grandes momentos. O discurso no ‘Westminster Hall’ diante dos membros do Parlamento, em defesa da laicidade positiva – outra das marcas do pensamento do Papa –, e a beatificação de John Henry Newman.
O mais surpreendente foi ver como um país que durante séculos foi inimigo do catolicismo acolheu com carinho Bento XVI, superando as melhores expectativas (alguns afirmavam que a visita seria um fracasso absoluto).
Essa viagem implicou também uma mudança histórica nas relações com a Comunhão Anglicana: concretizaram-se as disposições do documento ‘Anglicanorum coetibus’ (2009), para a criação do primeiro Ordinariato para ex-anglicanos.

Muito trabalho

Esse foi também um ano de dois novos livros do Papa. O livro-entrevista “Luz do mundo” e o segundo tomo de “Jesus de Nazaré”.
Foi ainda um ano importante para as relações com a Igreja ortodoxa, em especial a Russa. Além de importantes intercâmbios culturais, constatou-se uma melhora significativa do clima entre Roma e Moscou. 
Nos últimos meses, o metropolita Hilarión Alfeyev, encarregado das relações externas do Patriarcado de Moscou, lançou a ideia de uma parceria entre ortodoxos e católicos na defesa dos valores cristãos, especialmente da família e da vida.
Foi também um ano de impulso à nova evangelização, uma preocupação constante de João Paulo II, que Bento XVI materializou em dezembro passado, com a criação do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.
Ao mesmo tempo, o Conselho Pontifício para a Cultura, por desejo do Papa, pôs em marcha uma iniciativa inédita para o diálogo com os não crentes, o “Átrio dos Gentios”, celebrado pela primeira vez em Paris no último final de semana de março.
Isso sem contar a viagem à Espanha, em novembro, em que o Papa realizou seu desejo pessoal de entrar como peregrino em Santiago de Compostela e visita a igreja da Sagrada Família, de Gaudi, em Barcelona.

Tendo já entrado no sétimo ano de Pontificado, rezemos mais uma vez pelo nosso querido Santo Padre, o Papa Bento XVI, para que Deus o preserve ainda muitos anos no pastoreio de Sua Igreja.

Oremos pelo nosso Papa Bento:

Que Deus o conserve, lhe dê a vida, lhe faça bem-aventurado sobre a terra e não o entregue nas mãos dos seus inimigos.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai.

Disse o Senhor Jesus e o repetirá até o fim do mundo:
"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus."

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Catequese papal: Santa Teresinha de Lisieux


Catequese do Papa de 6 de abril de 2011


Queridos irmãos e irmãs:

Hoje eu gostaria de vos falar de Santa Teresa de Lisieux, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que viveu neste mundo apenas 24 anos, no final do século XIX, levando uma vida simples e oculta, mas que depois de sua morte e da publicação dos seus escritos, tornou-se uma das santas mais conhecidas e amadas. A "pequena Teresa" não deixou de ajudar as almas mais simples, os pequenos, os pobre, os que sofrem e os que rezam a ela, mas também iluminou toda a Igreja, com sua profunda doutrina espiritual, tanto assim que o Venerável João Paulo II, em 1997, quis dar-lhe o título de Doutora da Igreja, acrescentando o título de Padroeira das Missões, dado por Pio XI, em 1939. Meu querido predecessor a definiu como uma "especialista na ‘scientia amoris'" (‘Novo Millennio ineunte', 27). Esta ciência, que vê brilhar no amor toda a verdade da fé, Teresa a expressa principalmente no relato da sua vida, publicado um ano após a sua morte com o título de "História de uma alma". É um livro que foi de imediato um enorme sucesso; foi traduzido para muitas línguas e distribuído em todo o mundo. Eu gostaria de convidar-vos a redescobrir este pequeno-grande tesouro, este luminoso comentário do Evangelho plenamente vivido! "História de uma alma", de fato, é uma maravilhosa história de amor, contada com tal autenticidade, simplicidade e frescor, que o leitor não pode deixar de ficar fascinado! No entanto, qual é esse amor que preencheu a vida de Teresa, desde a infância até sua morte? Queridos amigos, este amor tem um rosto, tem um nome, é Jesus! A santa fala continuamente de Jesus. Percorramos, então, as grandes etapas de sua vida, para entrar no coração de sua doutrina.
Teresa nasceu em 2 de janeiro de 1873, em Alençon, uma cidade da Normandia, na França. Foi a última filha de Louis e Zelie Martin, esposos e pais exemplares, beatificado os dois em 19 de outubro de 2008. Eles tiveram 9 filhos, dos quais 4 morreram na infância. Restaram 5 filhas, que se tornaram todas religiosas. Teresa, aos 4 anos, foi profundamente afetada pela morte de sua mãe (Ms A, 13r). O pai, com as filhas, mudou-se então para a cidade de Lisieux, onde se desenvolveu toda a vida da santa. Mais tarde, Teresa, sofrendo uma doença nervosa grave, curou-se devido a uma graça divina, que ela definiu como "o sorriso de Nossa Senhora" (ibid., 29v-30v). Recebeu a Primeira Comunhão, vivida intensamente (ibid., 35r), e colocou Jesus Eucaristia no centro da sua existência.
A "Graça do Natal" de 1886 marcou o ponto de inflexão, o que ela chamou de "conversão completa" (ibid., 44v-45r). De fato, ela se curou totalmente de sua hipersensibilidade infantil e iniciou um "caminho de gigante". Na idade de 14 anos, Teresa aproximou-se cada vez mais, com muita fé, de Jesus Crucificado, e levou muito a sério o caso, aparentemente desesperado, de um criminoso condenado à morte e impenitente (ibid., 45v-46v). "Eu queria a todo custo evitar que ele fosse para o inferno", escreveu a santa, com a certeza de que a sua oração o teria colocado em contato com o sangue redentor de Jesus. É sua primeira e fundamental experiência da maternidade espiritual: "Tão confiante estava na infinita misericórdia de Jesus", escreveu. Com Maria Santíssima, a jovem Teresa ama, crê e espera, com "um coração de mãe" (cf. PR 6/10r).
Em novembro de 1887, Teresa vai em peregrinação a Roma, com seu pai e sua irmã Celina (ibid., 55v-67r). Para ela, o momento culminante foi a audiência do Papa Leão XIII, a quem pede permissão para entrar, com apenas 15 anos, no Carmelo de Lisieux. Um ano depois, seu desejo foi realizado: ela se torna carmelita, para "salvar almas e rezar pelos sacerdotes" (ibid., 69v). Ao mesmo tempo, começou a dolorosa e humilhante doença mental de seu pai. É um grande sofrimento que leva Teresa à contemplação do Rosto de Jesus em sua Paixão (ibid., 71rv).
Assim, seu nome religioso - Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face - expressa o programa de toda a sua vida, na comunhão com os mistérios centrais da Encarnação e da Redenção. Sua profissão religiosa, na festa da Natividade de Maria, em 8 de setembro de 1890, é para ela um verdadeiro matrimônio espiritual, na "pequenez" do Evangelho, que se caracteriza pelo símbolo da flor: "Que festa bonita a Natividade de Maria para me tornar a esposa de Jesus!", escreve. Era a pequena Virgem Santa de um dia que apresentava sua pequena flor ao Menino Jesus (ibid., 77r). Para Teresa, ser religiosa significa ser esposa de Jesus e mãe das almas (cf. Ms B, 2v). No mesmo dia, a santa escreveu uma frase que mostra a orientação da sua vida: pede a Jesus o dom do seu amor infinito, de ser a menor e, especialmente, pede a salvação de todos os homens: "Que nenhuma alma se condene hoje" (Pr 2). De grande importância é a seu Ato de Oferta ao Amor Misericordioso, feito na Festa da Santíssima Trindade em 1985 (Ms A, 83v-84r; Pr 6): uma oferta que Teresa partilhou com suas irmãs, sendo já auxiliar da mestra de noviças.
Dez anos após a "Graça do Natal", em 1896, chega a "Graça da Páscoa", que abre o último período da vida de Teresa, com o início da sua paixão profundamente unida à Paixão de Jesus; trata-se da Paixão do corpo, com a doença que a levou à morte através de grandes sofrimentos, mas acima de tudo se trata da paixão da alma, com uma muito dolorosa prova de fé (Ms C, 4v-7v). Com Maria, junto à cruz de Jesus, Teresa vive agora a fé mais heroica, como luz nas trevas que invadem a sua alma. A carmelita tem a consciência de viver esta grande prova para a salvação de todos os ateus do mundo moderno, chamados por ela de "irmãos". Ela viveu, então, mais intensamente o amor fraterno (8r-33v): com as irmãs de sua comunidade, com seus irmãos espirituais missionários, com os sacerdotes e com todos os homens, especialmente aqueles mais distantes. Ela se torna uma "irmã universal"! Sua caridade amável e sorridente é a expressão da profunda alegria cujo segredo ela nos revela: "Jesus, minha alegria é amar-te" (P 45/7). Neste contexto de sofrimento, vivendo o maior amor nas menores coisas da vida cotidiana, a santa leva a pleno cumprimento a sua vocação de ser o amor no Coração da Igreja (cf. Ms B, 3v).
Teresa morreu na noite de 30 de setembro de 1897, dizendo as palavras simples: "Meu Deus, eu te amo!", olhando para o crucifixo, que apertava com as mãos. Estas últimas palavras da santa são a chave de todos os seus ensinamentos, da sua interpretação do Evangelho. O ato de amor, expresso em seu último suspiro, era como a respiração contínua da sua alma, como o bater do seu coração. As simples palavras "Jesus, eu te amo" são o centro de todos os seus escritos. O ato de amor a Jesus a introduz na Santíssima Trindade. Ela escreveu: "Ah, tu sabes, divino Jesus, eu te amo,/ o espírito de Amor inflama-me com seu fogo /e, amando-te, eu atraio o Pai" (P 17/2).
Queridos amigos, também nós, com Santa Teresinha do Menino Jesus, podemos repetir cada dia ao Senhor, que queremos viver de amor a Ele e aos outros, aprender na escola do santos a amar de maneira autêntica e total. Teresa é um dos "pequenos" do Evangelho, que são guiados por Deus nas profundezas do seu mistério. Uma guia para todos, especialmente para os que, no povo de Deus, desenvolvem o ministério de teólogos. Com a humildade e a fé, caridade e esperança, Teresa entra continuamente no coração das Sagradas Escrituras, que contêm o mistério de Cristo. E essa leitura da Bíblia, alimentada pela ciência do amor, não se opõe à ciência acadêmica. A ciência dos santos, de fato, da qual ela fala na última página de "História de uma alma", é a ciência mais alta: "Todos os santos a entenderam; em particular, talvez, aqueles que encheram o universo com a irradiação do ensinamento do Evangelho. Não será, talvez, por meio da oração, que os santos Paulo, Agostinho, João da Cruz, Tomás de Aquino, Francisco, Domingos e muitos outros ilustres amigos de Deus obtiveram essa ciência divina que encanta os maiores gênios?" (Ms C, 36r). Inseparável do Evangelho, a Eucaristia é, para Teresa, o sacramento do Amor Divino que desce até o extremo para elevar-nos até Ele. Em sua última carta, a santa escreveu estas simples palavras sobre a imagem que representa o Jesus Menino na Hóstia consagrada: "Não posso temer um Deus que por mim tornou-se tão pequeno! (...) Eu o amo! De fato, Ele é só Amor e Misericórdia!" (LT 266).
No Evangelho, Teresa descobre sobretudo a misericórdia de Jesus, a ponto de dizer: "Ele me deu sua misericórdia infinita; através dela contemplo e adoro a demais perfeições divinas! (...) E então todas me parecem radiantes de amor; a própria justiça (e talvez mais do que qualquer outra), parece-me revestida de amor" (Ms A, 84r). Assim se expressa também nas últimas linhas da "História de uma alma": "Basta folhear o Santo Evangelho e imediatamente respiro o perfume da vida de Jesus e sei para onde correr... Não é ao primeiro lugar, mas ao último que me dirijo... Sim, eu o sinto; inclusive se tivesse sobre a consciência todos os pecados que se podem cometer, iria com o coração partido de arrependimento lançar-me nos braços de Jesus, porque sei o quanto Ele ama o filho pródigo que retorna a Ele" (Ms C, 36v-37r). "Confiança e amor" são, portanto, o ponto final do relato da sua vida, duas palavras que, como faróis, iluminaram todo o seu caminho de santidade, para poder guiar no seu próprio "pequeno caminho de confiança e amor", da infância espiritual (cf. Ms C, 2v-3r; LT 226). Confiança como a da criança que se abandona nas mãos de Deus, inseparável pelo compromisso forte, radical do verdadeiro amor, que é o dom total de si mesmo, para sempre, como diz a santa, contemplando Maria: "Amar é dar tudo, é dar a si mesmo" (P 54/22). Assim, Teresa indica a todos nós que a vida cristã consiste em viver em plenitude a graça do Batismo, no dom total de si ao amor do Pai, para viver como Cristo, no fogo do Espírito Santo, o seu próprio amor aos outros.
[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]

Queridos irmãos e irmãs:

Padroeira das missões e doutora da Igreja, Santa Teresa de Lisieux, apesar da sua vida breve, que terminou em 1897, tornou-se uma das santas mais conhecidas e amadas. Um ano após a sua morte, foi publicada a sua obra autobiográfica, "História de uma alma". Trata-se de uma maravilhosa história de amor que encheu toda a vida Teresa; este amor tem um rosto e um Nome: é Jesus. Recebida a autorização papal, pôde, aos dezesseis anos, entrar no Carmelo de Lisieux, assumindo o nome de Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Era movida pelo desejo de salvar almas e rezar pelos sacerdotes. Um ano antes da sua morte, iniciou a sua paixão pessoal que viveu em profunda união com a Paixão de Cristo. Tratou-se de uma paixão do corpo, com a doença que acabaria por levá-la à morte, mas, sobretudo, tratou-se de uma paixão na alma com uma dolorosa prova da fé, a qual ofereceu pela salvação de todos os ateus do mundo. Neste contexto de sofrimento, vivendo o maior amor nas pequenas coisas da vida diária, Teresa realizou a sua vocação de ser o Amor no coração da Igreja. De fato, as palavras "Jesus, eu Vos amo" estão no centro de todos os seus escritos, nos quais ressalta o "pequeno caminho de confiança e amor" que ela percorreu e procurou inculcar aos demais.


Queridos peregrinos lusófonos, a todos saúdo e dou as boas-vindas, particularmente, aos portugueses vindos de Espinho e aos brasileiros de Divinópolis. Possa essa peregrinação reforçar o vosso zelo apostólico para fazerdes crescer o amor a Jesus Cristo na própria casa e na sociedade! Que Deus vos abençoe!

[Tradução: Aline Banchieri.
© Libreria Editrice Vaticana]  

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sagração Episcopal de D. José Francisco Falcão de Barros - Mais fotos


Homilia

Propósito do Eleito
Ladainha


Um gesto apostólico: a imposição das mãos


Oração Consacratória: o Livro dos Evangelhos é segurado acima da cabeça do Ordenando

A cabeça do Eleito é ungida com o sagrado óleo do Crisma, como outrora os reis e sacerdotes de Israel: o novo bispo é um Ungido do Senhor, Pontífice entre Deus e os homens.

Sagração Episcopal de D. José Francisco Falcão de Barros


Na última sexta-feira, 29 de abril, dentro da Oitava de Páscoa, foi ordenado D. José Francisco Falcão de Barros, bispos auxiliar do Ordinariato Militar do Brasil. A Ordenação aconteceu na cidade de Palmeira dos Índios, sede episcopal da diocese na qual o Pe. José Francisco exerceu o ministério sacerdotal durante 20 anos na paróquia São Vicente de Paulo. Adiante, algumas fotos da ordenação, gentilmente cedidas pelo caro amigo Moab Medeiros.
 Dom José Francisco é apresentado ao povo junto com seu bispo, D. Dulcênio Fontes de Matos

 Alguns bispos concelebrantes
 O Sagrante principal, D. Dulcênio
O Clero
 Proclamação do Evangelho
 D. Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracajú, um dos co-sagrantes
 Os três sagrantes ouvem a bula de nomeação de D. José Francisco
D. José Francisco e os padres assistentes

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Angelus do 4º Domingo da Quaresma


PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 3 de Abril de 2011


Queridos irmãos!
O itinerário quaresmal que estamos a viver é um tempo particular de graça, durante o qual podemos experimentar o dom da benevolência do Senhor em relação a nós. A liturgia deste domingo, denominado «Laetare», convida a alegrar-nos, a rejubilar, assim como proclama a antífona da entrada da celebração eucarística: «Alegra-te, Jerusalém e vós todos que a amais, reuni-vos. Exultai e rejubilai, vós que estáveis de luto por ela: alimentar-vos-eis da abundância do vosso conforto» (cf. Is 66, 10-11). Qual é a razão profunda desta alegria? A resposta é-nos dada pelo Evangelho de hoje, no qual Jesus cura um homem cego de nascença. A pergunta que o Senhor Jesus dirige àquele que tinha sido cego constitui o ápice da narração: «Tu crês no Filho do Homem?» (Jo 9, 35). Aquele homem reconhece o sinal realizado por Jesus e passa da luz dos olhos para a luz da fé: «Creio, Senhor» (Jo 9, 38). Deve ser evidenciado como uma pessoa simples e sincera, de modo gradual, realiza um caminho de fé: num primeiro momento encontra Jesus como um «homem» entre os outros, depois considera-o um «profeta», por fim os seus olhos abrem-se e proclam-n’O «Senhor». Em oposição à fé do cego curado está o endurecimento do coração dos fariseus que não querem aceitar o milagre, porque rejeitam em acolher Jesus como o Messias. A multidão, ao contrário, detém-se a discutir sobre o que aconteceu e permanece distante e indiferente. Os próprios pais do cego sentem-se amedrontados pelo juízo dos outros.
E nós, que atitude assumimos diante de Jesus? Também nós, por causa do pecado de Adão nascemos «cegos», mas na pia baptismal fomos iluminados pela graça de Cristo. O pecado tinha ferido a humanidade destinando-a à obscuridade da morte, mas em Cristo resplandece a novidade da vida e a meta à qual somos chamados. N’Ele, fortalecidos pelo Espírito Santo, recebemos a força para vencer o mal e realizar o bem. De facto, a vida cristã é uma conformação contínua com Cristo, imagem do homem novo, para alcançar a comunhão plena com Deus. O Senhor Jesus é «a luz do mundo» (Jo 8, 12), porque n’Ele «resplandece o conhecimento da glória de Deus» (2 Cor 4, 6), que continua a revelar na complexa trama da história qual seja o sentido da existência humana. No rito do Baptismo, a entrega da vela, acesa no grande círio pascal símbolo de Cristo Ressuscitado, é um sinal que ajuda a compreender o que acontece no Sacramento. Quando a nossa vida se deixa iluminar pelo mistério de Cristo, experimenta a alegria de ser libertada por tudo o que ameaça a plena realização. Nestes dias que nos preparam para a Páscoa reavivemos em nós o dom recebido no Baptismo, aquela chama que por vezes arrisca ser sufocada. Alimentando-a com a oração e com a caridade em relação ao próximo.
À Virgem Maria, Mãe da Igreja, confiemos o caminho quaresmal, para que todos possam encontrar Cristo, Salvador do mundo.

Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs!
Celebrou-se ontem o sexto aniversário da morte do meu amado Predecessor, o Venerável João Paulo II. Devido à sua próxima beatificação, não celebrei a tradicional Missa de sufrágio por ele, mas recordei-o com afecto na oração, como penso também vós fizestes. Enquanto, através do caminho quaresmal, nos preparamos para a festa da Páscoa, aproximamo-nos com alegria também ao dia no qual poderemos venerar como Beato este grande Pontífice e Testemunha de Cristo, e confiar-nos ainda mais à sua intercessão.

© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana