quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja católica

Este trecho da carta de Santo Inácio de Antioquia à Igreja de Esmirna (séc. I), contém a mais antiga alusão à Igreja de Cristo como católica, no sentido de universal, ou seja, que possui a plenitude da verdade salvífica e dos meios necessários à salvação e que se espalha em todo o orbe: a única Igreja de Cristo.
Segui todos ao bispo, como Jesus Cristo segue ao Pai, e ao presbitério como aos apóstolos; respeitai os diáconos como à lei de Deus. Sem o bispo, ninguém faça nada do que diz respeito à Igreja. Considerai legítima a eucaristia realizada pelo bispo ou por alguém que foi encarregado por ele. Onde aparece o bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja católica. Sem o bispo não é permitido batizar, nem realizar o ágape. Tudo o que ele aprova, é também agradável a Deus, para que seja legítimo e válido tudo o que se faz.
De agora em diante, convém retomar o bom senso e, enquanto ainda temos tempo, converter-nos a Deus. É bom reconhecer a Deus e ao bispo. Quem respeito o bispo, é respeitado por Deus; quem faz algo às ocultas do bispo, serve ao diabo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

São Vicente de Paulo - O Apóstolo da Caridade - 10

Os bons católicos da França e da Europa devem a São Vicente alguma coisa mais preciosa mesmo que a vida – a pureza da fé católica, que a seita janseniana queria raptar nos começos do século XVII.
Um magistrado dizia ao historiador Fleury: “O jansenismo é a heresia mais sutil que o diabo já teceu. Os partidários, vendo que os protestantes separados da Igreja são excomungados, têm por máxima fundamental de conduta, jamais se separarem exteriormente, e protestam sempre submissão às decisões da Igreja, com a condição de procurar todos os dias novas sutilezas para explicá-las, de sorte que parecem submissos sem mudar de sentimentos.
De fato, como pode-se ver no tomo XXV da História Universal da Igreja Católica, os sectários diziam cruelmente, na intimidade de São Vicente de Paulo, que a intenção formal do jansenismo era destruir a Igreja e a religião.
Ora, depois de Deus, foi São Vicente de Paulo que preservou a França e a Europa de tão grande mal.
De todas as personalidades do tempo, foi o santo quem refutou a nova heresia com mais ardor, quem mais se rodeou de zelo para combatê-la. Basta ver-lhes as cartas. São um monumento histórico do zelo e do gênio de São Vicente. Não o vemos mais como o pai dos órfãos, mas como Doutor da Igreja. Nele, vêem-se o espírito, o coração e a alma católica da França. Foi dele que partiu o primeiro impulso que movimentou o rei, a rainha e os bispos. Vê-se agora porque a Providência o colocou na corte e à frente do conselho de consciência; era para ser o anjo tutelar do reino num dos momentos mais perigosos.
Uma das últimas ações de São Vicente de Paulo foi distribuir exemplares da regra aos membros da sua comunidade. Relembra sucintamente de que maneira começara a obra das missões, o retiro dos ordenandos, as confrarias de caridade, a obra das crianças encontradas. E acrescenta:
“Não sei como tudo se fez. Não o posso dizer. Eis, Monsieur Portail, que tudo foi aparecendo. Os exercícios da comunidade, como surgiram? Não saberia dizê-lo. As conferências, por exemplo (oh! Ainda outras faremos juntos!) com elas nem sonhávamos. A repetição da oração, que outrora era desprezada, e que agora se pratica com bênçãos em muitíssimas comunidades, passou jamais por nosso pensamento? E os vários exercícios que se empregam na comunidade? Não sei de nada! Fez-se a pouco e pouco, sem que déssemos conta. As coisas vieram assim, diríamos, de mansinho, uma após a outra. Foi Deus, unicamente Deus, quem inspirou tudo”.
Rogava, então aos padres, notadamente a Portail e Alméras, que viessem receber as regras que estabelecera, uma vez que lhe era impossível ir a cada qual, como, todavia, desejava.
Vieram eles, pois, e de joelhos as receberam beijando o livro, as mãos de Monsieur Vicente, com profunda humildade. E Vicente, a cada um deles, dizia:
- Vem, para que Deus te abençoe.
Terminada a distribuição, Alméras ajoelhou-se e pediu ao santo que o abençoasse e a todos, igualmente de joelhos.
Vicente, também prosternado, orou a Deus:
- Ó Senhor, vós que sois a lei eterna e a razão imutável, vós que governais todo o universo por vossa infinita sabedoria; vós, de quem emana, como duma fonte, toda a conduta das criaturas e as regras do bem viver, abençoai, por misericórdia, os que aqui recebem as regras, como se vindas de vós. Dai-lhes, Senhor, as graças necessárias para que as observem até a morte. É com confiança, pensando na vossa infinita bondade, que eu, pecador, e pecador miserável, pronuncio as palavras da bênção: “Que a bênção de Nosso Senhor Jesus Cristo desça sobre vós e em vós permaneça para sempre! Em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo. Assim seja”. (7)
O santo homem fez ainda perto de trinta conferências aos missionários sobre o espírito e a prática de suas regras. Era-lhe o testamento, o testamento de Elias à Igreja.
São Vicente de Paulo morreu a 27 de setembro de 1660.

* * *

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

São Vicente de Paulo - O Apóstolo da Caridade - 9


A mesma hierarquia começava, então, nas ruas de Paris, pelas mãos de São Vicente de Paulo, uma obra semelhante: arrancar totalmente crianças cativas à morte, à morte temporal e eterna.
Vimos o faraó do Egito ordenar ao povo que afogasse nas águas do Nilo todos os meninos nascidos entre os hebreus. Conhecemos a legislação da Grécia e de Roma pagã, que não somente permitia, mas ordenava aos pais afogar, decapitar, matar de qualquer maneira, entre as crianças recém-nascidas, todos os meninos e meninas que lhes agradassem, sobretudo quando não lhes parecessem saudáveis ou robustos.
Numa palavra, vimos a legislação humana punir o assassínio do homem, que podia defender-se, mas permitir ou mesmo ordenar a morte da inocência, da fragilidade, do indefeso.
Na China idólatra, o pai e mãe atiravam o filho às imundícias da rua, no lamaçal vizinho ou no bebedouro dos porcos.
Não ouvimos porventura a deus feito homem, a Jesus, que foi criança? Traziam-lhe também meninos, para que os tocasse. Vendo isto, os discípulos repreendiam-nos. Jesus, porém, chamando-os a si, disse: “deixai vir a mim os meninos, e não os embaraceis, porque o reino de Deus é dos que se parecem com eles. Em verdade vos digo: o que não receber o reino de Deus como um menino, nele não entrará.
Antes de Jesus Cristo, as crianças abandonadas pelos pais eram crianças perdidas. Depois de Jesus Cristo, tornaram-se crianças encontradas, encontradas à porta das casas, das igrejas, dos hospitais, onde eram abandonadas pelo crime ou pela miséria, encontradas e adotadas pela caridade.
Acontecia, e não raro, que, depois de essas crianças encontradas serem adotadas por pessoas caridosas, por casais bem formados, que cuidavam dos pobres órfãozinhos com desvelos, como se foram seus próprios filhos, surgia o pai ou aparecia a mãe, reclamando-os. E àquela criança, que teria um futuro sorridente, faltariam os meios e o ambiente que lhe daria os pais adotivos.
Para por cobro a tudo isso, o primeiro imperador cristão declarou, por lei, que as crianças expostas pertenceriam a quem as encontrasse e delas cuidasse e nutrisse. Pertencer-lhe-iam como escravos ou como filhos.
Que fez o concílio de Vaison? Mais ou menos na metade do século V, renovou aquela mesma ordenação, confirmando-a.
Nas paróquias cristãs do campo não havia crianças encontradas, porque não havia criança abandonada nem perdida. Nas grandes cidades já não acontecia o mesmo, principalmente depois das revoluções que corrompiam a fé e os costumes dos povos.
Assim, em Paris, com a anarquia religiosa, intelectual e moral de Lutero e Calvino, as crianças expostas às portas das igrejas ou nas praças públicas eram em grande número. Comissários levavam-nas por ordem da polícia. Quantos deles não criaram, talvez, pobres enjeitadinhos? A maioria, porém, ia para a casa duma viúva que residia num casarão da rua de São Landri, e que, com duas criadas, se encarregava das crianças, vestindo-as, banhando-as, alimentado-as, cuidando de tudo.
Como, porém, grande era o número de crianças abandonadas e pequeno o número de caridosos, a viúva do casarão, por mais que fizesse, não vencia a avalancha e, pois, a morte por falta de trato, principalmente de alimentação, era inevitável. Que poderiam fazer três pessoas com uma multidão de crianças? Por mais que se desdobrassem, era humanamente impossível cumprir programas.
O mais deplorável era a morte sem o batismo. A viúva mesmo chegou a dizer que não fez batizar nem batizou qualquer criança.
Quanto às raras pessoas que a esta ou àquela criança levavam, para delas cuidar às vezes acabavam por se aborrecer e passá-las a outras, que por sua vez, dos pobrezinhos se desfaziam, devolvendo-os, ou abandonando-os à rua novamente.
Tal desordem tocava profundamente o coração imenso de São Vicente de Paulo. Convidando algumas senhoras para debater o caso, reuniu-as em sua casa: queria a todo transe resolver aquele problema ou então remediá-lo. Era um espetáculo deplorável o das mães a abandonar os filhos à morte.
- É lamentável, dizia, entristecido e abatido, mais lamentável, parece-me, que o massacre dos inocentes por Herodes.
Esmagadas por uma imensa compaixão, mas não podendo encarregar-se de toda a multidão de crianças, aquelas senhoras prometeram incumbir-se de doze. E, para honrar a Providência divina, da qual ignoravam os desígnios, resolveram tirar a sorte, ao invés de escolher esta ou aquela.
Em 1638, alugou-se uma casa à porta de São Vítor, para alojar os pobrezinhos. E a viúva Legras, com as irmãs da caridade, entrou a cuidar das crianças, alimentando-as com leite de vaca ou de cabra, mas logo passando à alimentação sólida.
Àquelas primeiras crianças, as virtuosas senhoras foram reunindo outras, segundo podiam arcar com a responsabilidade. E sempre tiravam a sorte.
Afinal, nos começos de 1640, houve uma assembléia geral para tratar do problema da criança abandonada. Nela, Vicente de Paulo louvou a abnegação das devotadas senhoras, que se debatiam com a questão de dinheiro. E conseguiu do rei uma verba de doze mil libras.
Com tal auxílio, a coragem das senhoras, ganhou mais alento e o vaivém na casa à porta de São Vítor continuou.
As vicissitudes pelas quais a Lorena passava, o temor de revolução no Estado, a Fronde, fez com que o número de crianças crescesse. E crescia, assustadoramente, dia a dia, tanto que a coragem das nobres damas foi amortecendo.
- Tal despesa, diziam, nervosas, está longe, bem longe de podermos sustentar.
Foi para não deixar de lado assunto tão importante que São Vicente de Paulo convocou, em 1648, outra assembléia geral. As senhoras de Marillac, de traversai, de Miramion, e outras de respeitável nomeada, compareceram. Debateu o santo o problema da continuação da grande obra começada. Fez desfilar as razões todas, os prós e os contras.
Dum lado, não havia qualquer compromisso, a assembléia era livre de estatuir aquilo que julgasse mais conveniente. Doutro lado, Vicente fez ver que, pelos desvelos caridosos, aquela mesma assembléia havia até aquela data conservado a vida dum grande número de crianças que, sem o socorro que vinham tendo, estariam perdidas talvez para a eternidade. Aquelas crianças, ao aprender a falar, a conhecer as coisas, não passavam a conhecer e a servir o Criador? E o santo, elevando um pouco a voz, terminou:
- Eia, pois, nobres senhoras! A compaixão e a caridade levaram-vos a adotar as crianças como vossos filhos. Fostes-lhes mães segundo a graça, depois que as verdadeiras mães, segundo a natureza, as abandonaram. Vede agora se ides abandoná-las também. Tais vidinhas estão em vossas mãos, ou a morte dos pobrezinhos de Deus, conforme agirdes, senhoras. Viverão todas se continuardes com vosso caridoso cuidado, morrerão e arruinar-se-ao infalivelmente se a todas abandonardes. A experiência não vos permitirá dúvidas...
Vicente pronunciou essas palavras com um tom de voz que fazia conhecer, e bem, qual lhe era o sentimento; as senhoras, tocadas, unanimemente concluíram ser necessário continuar sustentando a luta, a qualquer preço. E, entre elas, combinaram o que se havia de fazer.
Para a alojar as crianças, quando já desmamadas, conseguiram do rei o castelo de Bicetre. Como, porém, o clima ali lhes parecesse contrário à saúde, levaram-nas a São Lázaro, onde dez ou doze irmãs da caridade se encarregaram da educação dos órfãos. Com o tempo e a ajuda de Deus, outras casas foram surgindo. A obra de São Vicente de Paulo foi imitada em todos os países da Europa, passando à América. Quantas crianças foram salvas pelo santo, devendo-lhes a vida e a educação?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

São Vicente de Paulo - O Apóstolo da Caridade - 8

Entre os mártires que a nova igreja da África enviou ao céu, conhecem-se os seguintes. No mês de agosto de 1646, o primeiro missionário escrevia de Tunis ao santo:
“Creio-me na obrigação de levar ao vosso conhecimento que, no dia de Sant’Ana, um segundo José foi sacrificado nesta cidade pela conservação da castidade, depois de ter resistido por mais de um ano às solicitações da impudica patroa, recebendo mais de quinhentas bastonadas, dadas as mentiras que a loba furiosa dele contou. Morreu gloriosamente por não querer ofender a Deus.
“Preso ao pelourinho, envolto todo ele em grossas correntes pesadas, fui visitá-lo. Recebeu-me com um manso sorriso. Consolei-o e exortei-o a sofrer, a tudo sofrer, para que não quebrar a fidelidade devida ao Senhor. Estava resoluto. Confessou e comungou. Disse-me, então: “Monsieur, que me matem do jeito que quiserem – mas morrerei cristão e cumprirei o voto!” Quando apareceram para levá-lo ao suplício, confessou-se mais uma vez. E Deus bondoso quis que, para a condenação do pobre, fossemos admitidos para assistir à morte, o que jamais fora permitido por este povo inumano.
“As últimas palavras que disse, erguendo os olhos para o céu, foram: “Ó meu Deus, eu morro inocente!”
“Esse santo jovem era português e estava com vinte e dois aos. Invoco-lhe o socorro: como nos amava a terra, espero que no céu nos ame também.”
Pouco tempo depois, acontecia mais ou menos semelhante na mesma cidade. Dois jovens, mais vergonhosamente ainda solicitados pelo anterior, acabaram os dias nos tormentos, por não quererem prestar-se a paixões abomináveis.
“O primeiro, francês, foi empalado em Tunis. Foi tão intrépido à aproximação do suplício cruel e vergonhoso, que, dos carrascos, um fugiu, e os outros o executaram tremendo como varas verdes”.
São palavras do missionário que presenciou a morte do moço.
O outro escravo, do qual se ignora a nacionalidade, morreu em Argel. Resistia aos assaltos do infame patrão. Um dia atracou-se o sedutor com ele, e acidentalmente, o jovem defendendo-se, vazou-lhe um dos olhos. Foi, então, o pobre acusado de tentativa de homicídio – queimado vivo. Esse gênero de morte, tão terrível, não amedrontou o escravo.
“Foi um digno atleta de Jesus Cristo, diz o missionário. Edificou a todos até o último suspiro”.
Havia em Tunis dois meninos de mais ou menos doze anos, um da França, outro da Inglaterra. Haviam sido apresados juntos e vendidos como escravos a dois senhores que moravam perto um do outro. A amizade que nasceu nos dois meninos estreitou-se tanto, que difícil seria encontrar amor igual em dois irmãos.
O inglesinho era luterano. O francesinho, que era bom católico, falou-lhe das dúvidas que lhe iam pela luterana religião, e o missionário acabou por convencê-lo a converter. Assim, abjurou os erros e reuniu-se à santa Igreja romana.
Um dia, surgiram em Tunis ingleses luteranos e heréticos que vinham resgatar escravos, mas só os do país e da seita. Dando com o pequeno, quiseram levá-lo, mas o inglesinho gritou altamente que era católico pela misericórdia de Deus e preferia ficar na escravidão toda a vida, professando a verdadeira religião, a renunciar a tão grande bem para ganhar a liberdade.
Os dois amiguinhos viam-se constantemente, pelo menos o quanto lhes era possível. De ordinário, conversavam sobre as vantagens de ser fiel a Deus e à Igreja, comentando que seria mil vezes preferível a morte com sofrimento a renunciar à religião.
A providência preparava-os para o futuro, fortalecendo-os.
Tempos depois, ao patrão do francesinho deu-lhe na veneta de fazer com que o menino renunciasse a Jesus Cristo. E, como resistisse, foi severamente chicoteado e deixado por morto no lugar do suplício.
O amigo, quando soube do que sucedera, foi, correndo, socorrê-lo e ainda o encontrou no mesmo lugar, estirado, d’olhos fechados, todo lanhado e ensangüentado. Aflito, ajoelhou-se ao lado do francesinho, tomou-o nos braços, gritando-lhe o nome, julgando-o morto. Não morrera, porém, o amigo. À voz querida e familiar, abriu os olhos e tentou um sorriso.
Infiéis, então, deram de aparecer, para gozar a cena e escarnecer. E o inglesinho, olhando-os sem raiva, disse-lhes:
- Vou cuidar dele, que sofreu, por meu Deus. Honro aqueles que sofrem por Jesus Cristo, meu Salvador e meu Deus.
Os turcos, a pontapés, escorraçaram-nos dali.
Quando o francesinho ficou curado das feridas, foi visitar o amigo, já que, havia uns bons cinco dias, deixara ele de comparecer. Lá chegando, encontrou-o estrado no catre, tal qual ele estivera: todo lanhado e rodeado de infiéis que se riam, porque sofria. Diante disto, a coragem do francesinho redobrou. E , perante os turcos, em altas vozes, perguntou ao amigo:
- A quem pertencemos nós – a Jesus Cristo ou a Maomé?
- A Jesus Cristo! gritou o pequeno inglês. Somos cristãos, e cristãos, com a ajuda do bom Deus, morreremos!
Aquilo movimentou os infiéis, que se encolerizaram. Um deles, puxando duma afiadíssima faca, avançou para o francesinho e num instante lhe cortou uma das orelhas, perguntando, a rir:
- Ainda és cristão, verme?
- Ainda, não! respondeu o menino com assombroso sangue frio e intrepidez. Sempre fui e nunca deixarei de ser cristão! Vamos! Toma, corta-me a outra orelha!
Tal destemor, parece, desarmou o bruto, de cuja faca ainda pingava o generoso sangue do valente jovenzinho. E, um a um, saíram todos, deixando juntos, e em paz, os dois amigos inseparáveis.
Deus, que ambos haviam confessado com tanta coragem, acabou por purificá-los, por mais um ano, com uma moléstia contagiosa, moléstia que, em 1648, os levou da terra ao céu.
Nos arquivos de São Lázaro, há os atos de muitos outros mártires. São pedras preciosas da pobre igreja da África, ressuscitada pela graça de Deus em meio aos ferros, presídios e tormentos.
Quando os missionários de São Vicente de Paulo não conseguiam livrar os escravos de todo, procuravam, por todos os meios, adoçar-lhes as amarguras, fazendo com que pudessem servir de pastores aos companheiros de infortúnio. A hierarquia católica, da qual o chefe está em Roma, à frente do universo cristão, estendia assim seus órgãos e benefícios até nas prisões de Tunis e Argel.

Aborto como política oficial, sim! E uma secretaria como elo de uma rede internacional pró-aborto: eles deixam pistas


Alguns precisam de argumentos para perceber que o PT é pró-aborto? Eis aqui um texto do jornalista Reinaldo Azevedo, que faz uma extraordinária cobertura sobre o assunto em seu blog http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ .


Demorei um pouco. Mas valeu a pena. Eu não lido com boatos. Só os fatos me interessam — em relação ao aborto ou a qualquer outra coisa. O governo brasileiro tem uma Secretaria de Políticas para as Mulheres com status de ministério, vinculada diretamente à Presidência da República. Lula foi eleito e reeleito sem fazer a defesa do aborto, mas seu governo trabalhou noite e dia para tentar legalizá-lo. Selecionei, abaixo, algumas páginas da secretaria, com o link, caso vocês queiram visitá-las.
Está tudo ali. Não adianta tirá-las do ar porque, desta vez, eu me precavi: fiz PDF de tudo. Certa feita, denunciei aqui a existência de uma página do Ministério da Saúde que indicava as veias do corpo mais seguras” (!!!!!!!!!!!) para dar o famoso “pico” de cocaína. Simplesmente sumiram com o arquivo sem se desculpar. Que eu saiba, ninguém foi processado por fazer a apologia do consumo de drogas…
Essa pequena seleção de páginas indica uma política oficial pró-aborto, o que eu sempre combati, diga-se — também ao vivo, em dois programas Roda Viva, um com a ministra Nilcéia Freire (Mulheres) e outro com o ministro José Gomes Temporão (Saúde). Esse ambiente levou o governo a considerar o aborto um “direito humano” no tal Programa Nacional de Direitos Humanos, cuja forma final foi dada pela Casa Civil, de que Dilma Rousseff era a titular.
Seguem trechos das páginas da Secretaria em vermelho. Comento em azul.
Secretaria faz moção de aplauso a deputados federais que mantiveram posição favorável à descriminalização do abortoPor unanimidade, conselheiras decidiram parabenizar posicionamento público e voto de parlamentares em defesa dos direitos das mulheres. Por unanimidade, conselheiras decidiram parabenizar posicionamento público e voto de parlamentares em defesa dos direitos das mulheres.
Reunido ontem (10/7), em Brasília, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) deliberou, na segunda reunião ordinária do novo pleno, sobre moção de aplauso e reconhecimento à posição favorável dos deputados federais José Genoíno (PT/SP), José Eduardo Cardoso (PT/SP), Eduardo Valverde (PT/RO), Regis de Oliveira (PSC-SP) e Paulo Rubens (PDT/PE) à retirada do Artigo 124 do Código Penal que criminaliza o aborto, durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados ocorrida na quarta-feira (9/7).
Aqui
Quem liderou o esforço para que o aborto, em qualquer caso, deixasse de ser crime foi José Eduardo Cardozo (PT-SP), que se diz parte de um certo petismo ético. É o coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. É aquele senhor que costumava ficar atrás dela quando dava entrevistas, fazendo caras e bocas de desassossego.
Delegações brasileira e peruana visitam rede de apoio às mulheres que optam pelo aborto na Cidade do MéxicoDe 28 de julho a 2 de agosto, brasileiros e peruanos vão conhecer equipamentos sociais e a rede de saúde criada para atender mulheres que decidem pelo aborto na Cidade do México. O convite partiu da Pathfinder do Brasil que está realizado o projeto “Implementando a discussão sobre o aborto no Brasil, em parceria com as Católicas pelo Direito de Decidir. A iniciativa visa evidenciar campanhas de advocacy bem-sucedidas a decisores políticos e lideranças, mobilizando-os para a definição de ações para aprimorar políticas, legislações e orçamentos para atenção integral à saúde reprodutiva. Aqui
Como se nota, a causa é internacional. O título é fabuloso: “mulheres que OPTAM pelo aborto”. Nem tomam o cuidado de pôr o verbo no passado. O tempo presente indica uma escolha permanente, corriqueira, comum, como quem optasse por tomar Coca ou Pepsi.
Há um detalhe importante aí: notem que restou ali uma palavra em inglês — “advocacy” — e que apareceu  um “decisores” . O que isso quer dizer? Que se tratava de um texto em inglês, submetido àquela tradução automática do Google. Vale dizer: a Secretaria é um elo de uma rede internacional em defesa do aborto. Não há nada de conspiratório nisso. Trata-se apenas de um fato. Em tempo: a palavra “decisor” existe, sim, mas só seria empregada por um tradutor burro, que desconhece a língua portuguesa.
Mesmo em defesa de sua causa, essa gente faz um trabalho porco.
Abrasco aprova moção de apoio à política de saúde sexual e reprodutiva do governoObjeto: Apoio à política de saúde e às posições do Ministro José Gomes Temporão quanto ao enfrentamento do aborto inseguro no Brasil
.Considerando que:
- O aborto constitui no Brasil, assim como nos países em que sua prática é ilegal, um grave problema de saúde pública, sendo a quarta causa de morte materna no país, com a curetagem pós-aborto representando o segundo procedimento obstétrico mais realizado na rede pública;
- A legislação restritiva vigente no país que criminaliza o aborto não tem sido capaz de evitar sua ocorrência, com estimativa anual de milhão de procedimentos anuais, realizados na clandestinidade;
- A ilegalidade do aborto é fonte de iniqüidade social, pois favorece a realização de práticas inseguras, realizadas por profissionais não qualificados, em ambientes sem os padrões sanitários requeridos, penalizando especificamente as mulheres mais jovens, de estratos sociais menos favorecidos, negras, que não têm acesso a procedimentos seguros;
- Na rede pública, o atendimento às mulheres em situação de abortamento é realizado, muitas vezes, sem respeito aos procedimentos técnicos requeridos, com atitudes de discriminação às mulheres, inclusive pouca atenção a medidas capazes de garantir sua adesão a uma prática contraceptiva, de modo a evitar a recorrência do aborto;
Aqui
O que é mais importante neste arquivo? A Secretaria admite que sua política oficial era favorável à descriminação, embora isso nunca tivesse sido declarado. O objetivo era tentar aprovar a medida aos poucos.
Ato em SP cria Frente Nacional pela Legalização do AbortoAcontece na tarde desta sexta-feira (26/9), em São Paulo, caminhada pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto no Brasil. A manifestação denuncia o processo contra 9.922 mulheres acusadas da prática de aborto no Mato Grosso do Sul e ameaça de prisão a duas mil mulheres no País. Durante o ato, que se encerra em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, será constituída a Frente Nacional pela Legalização do Aborto. Aqui
Aqui, temos a Secretaria fazendo simples trabalho de proselitismo; nesse caso, trata-se de uma verdadeira convocação em favor da manifestação.
Jovens apontam legalização do aborto e promoção dos direitos sexuais e direitos reprodutivos como prioridade em conferência nacionalEssa é uma das 22 prioridades aprovadas na plenária da conferência. Entre as 69 resoluções do encontro, as prioridades servirão de referência para a plataforma da Política Nacional da Juventude.
A implementação de políticas públicas de promoção dos direitos sexuais e direitos reprodutivos das jovens mulheres, garantindo mecanismos que evitem mortes maternas, aplicando a lei de planejamento familiar, garantindo o acesso a métodos contraceptivos e a legalização do aborto, é uma das 22 prioridades aprovadas na plenária da I Conferência Nacional de Juventude, encerrada em 30 de abril, em Brasília. Entre as 69 resoluções do encontro, as prioridades servirão de referência para plataforma da Política Nacional de Juventude.
Aqui
De novo, trabalho de proselitismo, agora com os supostos “jovens”.
Ministério da Cultura bloqueia conta de projeto que teria manipulado informaçõesO Ministério da Cultura determinou o bloqueio da conta corrente e a devolução dos recursos do proponente ao tomar conhecimento dos propósitos do projeto Cultura, Cidadania e Vida, que realizou neste domingo (30.08), em Brasília, um ato público contra o aborto.
O projeto recebeu R$ 143 mil do Fundo Nacional da Cultura (FNC), mas, segundo o ministério, omitiu o caráter panfletário do evento, pedindo recursos para a realização de um evento com oficinas, palestras e show. A Ong ainda possuía R$ 76 mil na conta aberta em convênio pelo ministério, mas teve a movimentação bloqueada.
Aqui
Viram? O governo financia ONGs, sim, desde que elas defendam o aborto. Se combatem, nada feito!

Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/aborto-como-politica-oficial-sim-e-uma-secretaria-como-elo-de-uma-rede-internacional-pro-aborto-eles-deixam-pistas/

Arcebispo da Paraíba denuncia o PT


Não estamos sozinhos na luta pela vida: nossos pastores combatem por nós. Parabéns, D. Aldo!

domingo, 10 de outubro de 2010

São Vicente de Paulo - O Apóstolo da Caridade - 7

Ao mesmo tempo, São Vicente socorria católicos da Escócia, Irlanda e Inglaterra, com missionários e esmolas, trazendo-os para a França, onde se refugiavam. Foi o salvador da Lorena contra a guerra, a peste e a fome.
As guerras da Fronde devastaram a Champagne e a Picardia. Vicente de Paulo correu a socorrê-las. Encarregou missionários do enterramento dos mortos nos campos de batalha, com o cuidado especial de trazerem os soldados sempre voltados para Deus.
Colaborou com São Francisco de Sales no que diz respeito ao instituto da visitação.
Tantos cuidados e trabalhos fizeram com que o santo adoecesse gravemente. Era em 1644. um amigo íntimo, o padre Saint-Jure, jesuíta célebre pelas obras de piedade, foi vê-lo. Encontrou-o num violento delírio, a dizer, debatendo-se febrilmente:
- In spiritu humilitatis, et in animo contrito suscipiamur a te, Domine.
As crianças que o santo cuidava estavam aflitas, sem saber o que fazer: choravam, gemiam, desoladas. Afinal, acabaram fazendo uma promessa a Nossa Senhora de Chartres. Um jovem missionário, Antônio Dufour, também doente, sabendo que o doce e santo ancião estava enfermo, e em perigo de morte, rogou a Deus, sincera e ardentemente:
- Senhor, ouvi-me, tomai-me em seu lugar!
Vicente, então, começou a sentir-se melhor e o jovem Antônio Dufour pior, morrendo pouco depois. Era meia-noite, e três pancadas ressoaram na porta do quarto de Vicente. Abriram-na, mas não havia ninguém. Vicente, que ainda não sabia da morte de Dufour, ordenara que se começasse o ofício dos mortos: não havia dúvida de que fora instruído pelo sobrenatural.
Apenas restabelecido, foi o santo solicitado pelo papa Urbano VIII, que lhe pedia missionários para a Babilônia e às Índias Ocidentais. Antes que pudesse satisfazer o santo padre, Urbano falecia, suspendo-se a empresa.
Mais tarde, a congregação romana para a propagação da fé a ele também recorreu, pedindo missionários para a ilha de Madagascar. Apesar das revoltas da França, as tempestades e os naufrágios, os perigos do país, Vicente enviou sucessivamente muitos homens apostólicos, que morreram todos eles, vítimas do devotamento. Mas Vicente não se desencorajava, dizendo que a Igreja universal fora estabelecida pela morte do Filho de Deus.
- Foi consolidada pela morte dos apóstolos, dos soberanos pontífices e dos bispos martirizados. Multiplicou-se pela perseguição, e o sangue dos mártires foi a semente dos cristãos. Deus costuma provar os filhos, premiando-lhes, afinal, a perseverança.
Outra caridade ainda ocupava Vicente de Paulo: os escravos cristãos na África ou da Barbaria. Ele mesmo pertencera ao número deles e, pois, não podia esquecê-los.
Os religiosos para a redenção dos cativos conseguiam, de quando em quando, recambiar alguns deles, mas não havia sacerdotes que consolassem os que na servidão viviam, sustendo-lhes a fé, incutindo-lhes força e esperança numa próxima libertação. Vicente empreendeu tal obra de misericórdia. A providência auxiliou-o.
Havia em Tunis um cônsul francês, que o era também de vários países cristãos, e tinha direito a um capelão. Vicente enviou-lhe um zeloso missionário, Luís Guérin, pois outro, Jean de Vacher, o primeiro, morrera vitimado pela peste.
Luís Guérin, depois de ter trabalhado por mais de trinta e três anos na salvação dos escravos, e dos turcos mesmo de Tunis e de Argel, teve morte terrível: metido dentro da boca de um canhão, espalhou o sangue pela fé em Jesus Cristo. Há as vidas de mais de vinte companheiros seus, que lhe foram sucessores, em manuscritos que se guardam nos arquivos de São Lázaro.
Quanto ao estado geral dos escravos cristãos, Luís Guérin escrevia a São Vicente de Paulo:
“Atendemos a uma quantidade enorme de doentes nas galeras. Se estes muito sofrem no mar, os de terra firme não sofrem menos. Todos os dias, fazem-nos talhar o mármore, expostos aos ardores do sol, que são tais quais os duma fornalha ardente. É espantoso como possam resistir a trabalho tão excessivo e a calor tão abrasador. É capaz de matar cavalos, quanto mais esses pobres cristãos. Vejo-os sempre com a língua de fora, como acontece aos cães, o que nunca pensei fosse possível a um ser humano.
“Ontem, um pobre escravo, velho, já bem velho mesmo, sentindo-se mal, pediu permissão para retirar-se que se não agüentava mais. Como resposta, porém, teve apenas um olhar para a pedra em que labutava, como se lhe dissessem: Continua! Queria que soubesses quanto essas crueldades me tocam o coração e me enchem de aflição!
“Há, todavia, o lado edificante. Como sofrem os pobres com paciência! Incrível a paciência que tem! E bendizem a Deus pelas crueldades todas que os fazem passar. Posso dizer com toda a razão que, nós, os franceses, vencemos todas as nações em bondade e virtude.
“Temos dois doentes nas últimas. Segundo todas as aparências, não se recuperarão, razão pela qual já lhes ministramos todos os sacramentos. A semana passada, morreram dois outros, dois perfeitos cristãos, cuja morte, posso dizer, foi tão preciosa aos olhos do Senhor. A compaixão que sinto por esses pobres afligidos, que trabalham a talhar o mármore, força-me a distribuir-lhes uma parte dos refrigerantes destinados aos doentes”.
Tal era, geralmente, a posição dos escravos cristãos de Tunis, em número de cinco a seis mil.
Alguns deles, pilhando patrões menos bárbaros, passavam menos mal, mas havia, a atormentá-los, o espantalho da venda: mais hoje, mais amanhã, poderiam ser vendidos a outros patrões mais cruéis – que a venda e a troca de escravos era comum entre os senhores.
Os escravos de Biserta, antiga Útica, sobretudo os de Argel, eram tratados mais desumanamente ainda que os de Tunis. Havia em Biserta, Argel e Tunis, somados, cerca de vinte e cinco a trinta mil almas na servidão, homens, mulheres e crianças vendidos como animais, como bestas de carga, pelos corsários muçulmanos.
Antes da chegada dos missionários de São Vicente de Paulo, os infortunados cativos não podiam nem mesmo dar notícias às famílias, relegadas ao abandono ou sem saber o que dos seus fora feito.
Jean de Vacher, duma feita, fora obrigado a ir a Biserta, a antiga Útica, e ao Santo escreveu nestes termos:
“Entre os escravos deste lugar, encontrei quarenta doentes num estábulo tão pequeno e estreito, que mal dava para andar. Não recebem ar senão por um suspiro, que se côa por uma gradezinha de ferro, preso no teto baixo. Todos estão acorrentados, dois a dois, e vivem adoentados desde que aqui vieram ter. No entanto, são forçados a trabalhar, o que fazem num moinho movido a braço, com a obrigação de fazer render uma determinada quantidade de farinha, que lhes vai além das forças.
“De que se alimentam estes pobres? De pão de dor, verdadeiramente. Estes, sim, podem dizer: Comemos o pão com o suor do rosto!”.
Em Argel, o próprio cônsul fora exposto a maus tratos pelos turcos. Quanto aos escravos, muitos deles, não suportando aquela vida, desesperados, matavam-se, e outros, acabavam por renegar a fé.
À chegada dos missionários, graças às palavras de consolação, às esmolas e principalmente às virtudes dos sacramentos, tudo, a pouco e pouco, foi melhorando. Uma nova igreja formou-se na África. Cada escravo era um confessor da fé. Houve, mesmo, mais de um mártir. Jesus Cristo, nos missionários, estava dia e noite entre aqueles sofredores. O tabernáculo onde repousava jamais ficou sem uma lâmpada a alumiá-lo. Todos os anos, por ocasião da festa do Corpo de Deus, e durante toda a oitava, ficava Ele exposto à veneração pública. As procissões mesmas eram periodicamente realizadas.
Qual seria alegria de São Vicente de Paulo, já então septuagenário, ao saber de tudo aquilo que os seus padres operavam?
Um dia, o cônsul da França em Argel, missionário, mas não das ordens, foi preso, espancado, torturado e, afinal, condenado à morte pelo sultão, que queria constrangê-lo a pagar imediatamente a bancarrota dum comerciante de Marselha. A importância ultrapassava doze mil libras, e o cônsul, chamava-se Barreau, não possuía mais do que umas pobres trezentas.
Ia, pois, ser degolado, quando foi resgatado pelos escravos mesmos. Sacrificando, todos eles, as pequenas economias, compraram-no, já que ele, para servi-los, deixara a pátria. E as minguadas economias perfizeram a soma exigida.
Haverá na história humana coisa mais bela?
Vicente de Paulo fez com que os cativos, aos poucos, fossem reembolsados. E o cônsul Barreau, quando voltou para a França, em 1661, consigo levava setenta escravos que conseguira libertar.
Vicente de Paulo resgatou, naquela época, mil e duzentos escravos, pagando por eles uma quantia fabulosa.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Abortista e censurador Abicalil não é eleito - Deo gratias!

O petista Carlos Abicalil, candidato ao senado por Mato Grosso perdeu - graças a Deus! - a eleição. Este era o que estava tentando censurar a imprensa local que veiculava reportagens ligando-o à defesa de descriminalização do aborto (veja http://venicreator2008.blogspot.com/2010/09/censura-candidato-abortista-do-pt-nao.html). Um abortista a menos no Congresso! No entanto, outros foram eleitos (ou reeleitos). Em breve colocarei aqui uma lista dos deputados e senadores eleitos e que já se manifestaram ser pró-aborto. Estejamos atentos!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

São Vicente de Paulo - O Apóstolo da Caridade - 6

Após as missões, São Vicente de Paulo estabeleceu confrarias de caridade para o socorro aos doentes pobres. Logo precisou de alguém capaz, que visitasse de tempos em tempos as diversas confrarias e nelas conservasse o zelo da caridade. Deus fez com que aparecesse uma viúva, uma santa mulher – Luísa de Marillac.
Às vezes, as damas da caridade não podiam, em pessoa, ir servir os doentes. Mandavam, então, fazendo-lhes às vezes, as empregadas, que se desincumbiam muito bem da tarefa. Aquilo proporcionou a Vicente aproveitar-se da boa vontade de muitas jovens; passou a ministrar-lhes aulas sobre o assunto, formando-as para o serviço dos doentes. Tal é a origem das irmãs da caridade, que agora vemos em todo o mundo, mesmo nos mais longínquos lugares.
Em Paris, o santo estabeleceu uma confraria de caridade para os galeotes. Lembremo-nos de que Monsieur de Gondi era o Geral dos galeotes de França.
Vicente, de quando em quando, repousava do trabalho das missões do campo, visitando a capital. Então aproveitava a oportunidade e percorria as prisões. Falava com os prisioneiros, consolava-os, exortava-os a uma vida futura honesta e construtiva, ouvia-os em confissão. E aos mais infelizes, os criminosos condenados às galés, unia-se mais estreitamente. Encontrava-os num estado deplorável. Jaziam trancados em masmorras, onde, às vezes, permaneciam por muito tempo, comendo imundícies, como que largados, tomados de uma terrível indiferença, absolutamente descuidados do corpo e da alma.
Dirigindo-se ao Geral, Vicente falou-lhe do estado em que viviam os pobres infelizes. Queria um meio de ajudá-los física e espiritualmente.
Monsieur de Gondi deu-lhe plenos poderes. Satisfeito, o santo alugou uma casa num subúrbio, em Saint-Honoré, e para lá foram os presos transferidos.
Vicente visitava-os seguidamente. Instruía-os, levantava-lhes a fé, fazia-os confessar com freqüência, administrando-lhes os sacramentos. Não contente com a recuperação das almas que semeava, providenciava ainda medidas para o conforto do corpo.
Aos doentes, mesmo aos portadores de moléstias contagiosas, dedicava-se com afinco, destemeroso do que lhe pudesse suceder, se contraísse esta ou aquela doença, tal o amor que dedicava aos detentos.
Quando era obrigado a afastar-se por assuntos outros, deixava-os aos cuidados de dois eclesiásticos, amigos particulares, e viajava sossegado, porque sabia que os pobres teriam a mesma assistência que ele lhes proporcionava.
Gondi, sabedor da dedicação do santo para com os presos, de como incansavelmente trabalhava para a salvação de todos, principalmente dos mais abandonados e descoroçoados, pensou nos forçados todos do reino. Foi ao rei e falou-lhe do que Vicente de Paulo fazia e quão grandiosa obra era aquela.
O Rei Luís XIII, a uma propositura do Geral dos galeotes, nomeou o santo Capelão-Geral, ou Mor, de todos os forçados do país. E o diploma foi expedido a 8 de fevereiro de 1619.
Monsieur Vicente de Paulo aceitou o encargo com satisfação: aquilo lhe dava uma semelhança maior com o Salvador do mundo, aquele mundo que era uma imensa prisão abarrotada de criminosos e condenados às galés verdadeiramente perpétuas. A ele, ao mundo atroz, viera o Filho de Deus. Fez-se igual a qualquer um, tomou todos os crimes e todas as penas para si e libertou-os. Vicente, pai dos pobres, na acepção mais pura, desejava imitar o Salvador.
Em 1622, foi visitar os forçados de Marselha. Queria ver em que estado estavam e se por eles poderia fazer o que fizera aos da capital fizera. Chegou sem dar a conhecer o título de Capelão-Mor, tanto para evitar as honras que infalivelmente lhe tributariam, como para melhor agir. Indo e vindo, dum lado a outro do presídio, deu com um forçado mais infeliz que culpado, que se desesperava com a condição em que se achava, pensando na mulher e nos filhos, certamente reduzidos à mais negra miséria.
Vicente ficou tão comovido, foi tanta a sua compaixão, que fez pelo desgraçado o que Paulino de Nola para resgatar da escravidão o filho duma pobre viúva: ofereceu-se para sofrer-lhe a pena pelo resto da vida. Semelhante oferta foi aceita, e Vicente levou por algumas semanas as cadeias de ferro dos galeotes – até que se descobriu que se tratava do Capelão-Mor da França.
Há autores que querem por em dúvida este feito do santo, mas era tão conhecido na cidade toda de Marselha, que o superior dos padres da missão, o qual ali se estabeleceu em 1643, testemunha ter ouvido o sucesso de várias pessoas, e de pessoas dignas de todo o crédito. Acha-se ainda atestado, num antigo manuscrito, por Sieur Domingos Bleyrie, parente do santo, o qual, estando na Provença, alguns anos depois da soltura de Vicente, do fato informado por um eclesiástico. Este último foi quem se referiu a Vicente citando o caso da escravidão daquele Paulino, servidor de Deus na Barbaria. Afinal, um dos padres de Vicente, duma feita, perguntou-lhe se era verdade que substituíra um forçado e que estivera, por certo tempo, preso com cadeias. O santo, sorrindo, não lhe deu nenhuma resposta á pergunta, mas o jeito era de que assim fora, tal o sorriso.
Concebe-se, depois disto, qual teria sido a caridade de Vicente de Paulo para com os presos, pois lhes ouvia as lamentações com paciência incrível, compartilhava-lhes as penas, abraçava-os, beijava-lhes as cadeias que lhe rodeavam o pescoço e as pernas. Entregava-se-lhes de corpo e alma, rezava por eles constantemente recomendava-os instantemente aos ofícios, rogando-lhes tratamento mais humano para os desgraçados: assim, facilmente , ganhava os infelizes para Deus.
Quando os galeotes de Marselha foram transferidos para Bordeaux, em 1623, Vicente para lá se foi, com muitos outros bons religiosos de diversas ordens. Divididos, trabalhavam dois em cada galé.
Um turco, que Vicente convertera naquele 1623, e que fora batizado com o nome de Luís, vivia ainda, em Paris, quando Abelly publicou a vida do santo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A prova da mendacidade de Dilma


Eis mais uma prova da mendacidade desta mulher arrogante e asquerosa que quer governar o Brasil.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

São Vicente de Paulo - O Apóstolo da Caridade - 5

O clero tinha mais necessidade de regeneração que o pobre povo. Se o povo era ignorante e viciado, o clero era a causa, dada a negligência e os maus exemplos oferecidos.
Um dia, um bom prelado mandou Vicente de Paulo trabalhar com seus vigários, de tal modo concorria o Santo para o bem da diocese. Dizia-lhe por carta:
“Há grande número, e inexplicável, de padres ignorantes, viciados, que me compõem o clero, que não se corrigem com palavras nem com exemplos. Sinto horror só em pensar que na diocese há quase sete mil padres cegos ou impudicos que sobem todos os dias as escalinatas do altar, sem nenhum sentimento nem qualquer vocação”.
Outro prelado escreveu ao Santo:
“Excetuando o cônego teologal de minha igreja, não sei de nenhum padre, entre os da diocese, que possa desincumbir-se de qualquer cargo ou assunto eclesiástico. Como precisamos de bons pastores! Conjuro-vos que deixeis vossa missão para ajudar-nos”.
O que se viu é suficiente para mostrar em que deplorável estado se encontrava o clero francês.
Certo homem, filho bastardo de Henrique IV, chegou a ser bispo de Metz e abade de cinco ou seis mosteiros dos mais ricos, sem ser sacerdote. Ao invés de socorrer a diocese, encaminhava os lucros para a corte – e acabou por casar-se...
A restauração começou por Beauvais, diocese em que era bispo Agostinho Potier de Gesvres, admirador de Vicente, que ao Santo suplicou fosse remediar os desregramentos do clero, levando-o ao lugar que lhe competia estar e ao estado que lhe era próprio.
Respondeu-lhe Vicente que era quase impossível corrigir os maus padres, uma vez que já possuíam velhos vícios, entranhados na alma, e difícil, senão impossível, seria bani-los.
“Para trabalhar, dizia, com esperança de fruto, é preciso ir à fonte do mal, para, ali, aplicar o remédio, o que convireis, é duríssimo. Todavia, é trabalhar pela formação dos padres novos, o que, para o futuro, podereis ver, será ótimo”.
“Que fazer? Em primeiro lugar auscultar a vocação do neófito. É preciso descobrir a vocação verdadeira. Em segundo lugar, aos verdadeiramente com vocação, torná-los capazes de cumprir as obrigações peculiares ao estado, já que tem, é claro, a verdadeira vocação, o espírito afinado para as coisas eclesiásticas”.
O bispo de Beauvais apreciou e gostou daqueles pontos de vista do santo.
Tempos depois, em julho de 1628, ambos viajavam juntos. O bom prelado fechou os olhos e ficou silencioso; parecia adormecido. Logo, porém, abrindo os olhos, disse que estivera a pensar no modo mais rápido e seguro de bem ensinar e preparar os aspirantes às santas ordens.
- Não seria bom, disse, que me viessem para casa e lá me ficassem por alguns dias? Poderia observá-los, fazê-los praticar convenientes exercícios, instruí-los das coisas que devem saber e das virtudes que devem praticar.
Vicente exultou:
- Oh, Monsieur, exclamou, dir-se-ia um pensamento de Deus! É um excelente meio de, a pouco e pouco, levar todo o clero da diocese à boa ordem!
O bispo rogou que ele mesmo se incumbisse daqueles exercícios para a próxima ordenação de setembro, o que Vicente logo aceitou, certo de que Deus exigia dele o trabalho. Era como se o Senhor houvesse falado pela boca do bispo.
Agostinho Potier de Gesvres, depois de examinar os candidatos, iniciou os exercícios de retiro, continuados por dois doutores e Vicente de Paulo, sobre o plano que o santo já, de antemão, havia traçado.
Vicente explicou os Dez Mandamentos, e o fez de tal maneira, tão límpida, afetiva e eficazmente, que os candidatos desejaram fazer confissão geral, mesmo um dos doutores.
Foi assim que nasceram na França os retiros dos candidatos, as conferências eclesiásticas e, mais tarde, os seminários, maiores e menores.