
“Nas bodas de Caná da Galileia, Jesus iniciou os seus sinais, e assim manifestou a sua glória e nele acreditaram seus discípulos.” Esta antífona do Magnificat deste II domingo do Tempo Comum demonstra com grande clareza o mistério celebrado hoje e como ele está em íntima união com os mistérios celebrados nos dois últimos domingos, ainda no Tempo de Natal. A palavra-chave é “manifestação”. Na Epifania celebrávamos a manifestação do Senhor aos povos pagãos; no domingo passado, festa do Batismo do Senhor, celebramos a manifestação que o Pai fez do Senhor Jesus ao povo de Israel, apontando-o como o Seu Eleito, o Seu bem-Amado, em Quem Ele punha toda a sua afeição. Pois bem, junto com a manifestação de hoje, aos seus discípulos, completa-se o celebração do único mistério da manifestação do Senhor. De fato, na Epifania, a festa da Manifestação por excelência, rezávamos na antífona do Magnificat: “Recordamos neste dia três mistérios: Hoje a estrela guia os Magos ao presépio. Hoje a água se faz vinho para as bodas. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos”. Mas de tal forma é grande o mistério, que a Igreja, na sagrada pedagogia, resolveu desdobrar este mistério em três domingos para que pudéssemos colher mais abundantemente dos diversos aspectos deste mistério. Contudo, detenhamo-nos apenas no aspecto da manifestação do Senhor.
O sinal de Caná, o primeiro realizado por Jesus, é dado para que os discípulos creiam no Senhor. Todos os sinais, todos os milagres realizados por Jesus, tem este sentido. Jesus não teve outra intenção a não ser auto-revelar-se aos discípulos, à Igreja nascente: Ele é o verdadeiro Esposo que deve desposar a verdadeira Esposa, a Nova Jerusalém, o Novo Israel, a Igreja. Na verdade, Jesus se mostra como o verdadeiro Deus que tinha prometido desposar o seu povo, segundo a imagem muito utilizada pelos profetas. Não é à toa que o sinal de Jesus é realizado dentro de uma festa de casamento: esta é imagem das bodas escatológicas de que falam o Apocalipse: “Eis que as núpcias do Cordeiro redivivo se aproximam” (19,7).
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