
O lamentável atentado contra a seleção de futebol do Togo, pequeno país da costa oeste africana, quando esta seleção dirigia-se à Angola para disputar a Copa Africana de Futebol, no último dia 8, deixou o mundo chocado e não sem razão. Todo ato terrorista é essencialmente perverso e intrinsecamente mau já que, não importa em nome de quê, intenta-se destruir vidas humanas inocentes por motivos políticos, ideológicos ou religiosos. Quem assistiu ao documentário 102 minutos que mudaram o mundo, que mostra minuto a minuto o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, pode perceber o tamanho da monstruosidade e do sofrimento que tais atos causam. Qualquer pena humana para terroristas parece ser pequena e insuficiente.
Mas a reação da opinião pública mundial sobre o atentado na África mostra uma realidade muito preocupante e revoltante. Todo o afã gerado se deu por causa da ligação do atentado com o esporte. No entanto, acontecem frequentes atentados contra a vida de cristãos no mundo inteiro e a comunidade internacional se cala, a mídia se cala – ou, quando muito lança uma noticiazinha solta, aqui e acolá, numa autêntica espiral de silêncio –, os governos se calam. Parece que é politicamente incorreto reclamar quando cristãos são mortos por muçulmanos (é o que acontece, perdoem-me, na maioria das vezes). Apenas na mídia católica ouvimos ainda falar de um lugar chamado Darfur, onde os cristãos são massacrados por fanáticos muçulmanos, ou do Iraque, onde os assassinatos de cristãos são de uma frequência assustadora.
Em Darfur, a situação dos cristãos é caótica. Dom Hiiboro Kussala, bispo de Tombura Yambio, numa região próxima, durante o Sínodo dos bispos da África, ano passado, em Roma, fez um relato sombrio da situação perante os bispos africanos: “No último dia 13 de agosto, os rebeldes entraram na igreja da minha paróquia e tomaram muitas pessoas como reféns. Enquanto fugiam pela selva, mataram 7 delas: eles as crucificaram nas árvores. Acontecem muitos dramas como este. Alguns deles foram instruídos pela Al Qaeda no Afeganistão: estão contra a Igreja. O projeto é atormentar os cristãos (...). Vivemos justamente neste sentido porque estão matando as pessoas, queimam as suas casas, as igrejas: este é o martírio. (...) Os rebeldes continuam matando as pessoas. Este é o nosso medo. Mas não queremos morrer: tudo isso reforça a fé das pessoas, que continuam vindo à igreja”. Alguma palavra da comunidade internacional? Não.
No Iraque, ontem, um cristão foi morto quando saía de casa em Mosul, na frente das autoridades de segurança, que não fizeram nada. Isto aconteceu apenas um dia depois que outro cristão foi assassinado durante a cerimônia de posse do novo arcebispo da cidade – seu predecessor, Dom Paul Faraj Rahho, havia sido sequestrado e morto em março de 2008 –. Em 12 de janeiro mais um comerciante cristão tinha sido assassinado na cidade. As etnias que dominam a região tem o plano de expulsar os cristãos de lá e, para isso, utilizam-se de homicídios e atentados terroristas para semear o medo entre a comunidade cristã, para forçá-la a emigrar. É exatamente o que os nazistas faziam com os judeus na Alemanha até 1941, quando deram início ao plano de extermínio em massa. Mas da mesma forma como o mundo se calou perante esse crime, continua calado, por conveniências políticas, enquanto nossos irmãos morrem a torto e à direito.
Agora, procurem imaginar uma coisa: imaginem se um cristão, mesmo isoladamente, matasse um muçulmano, no Ocidente, por causa de sua religião. O clamor no mundo islâmico – e, sim, também no Ocidente – seria fabuloso. Crime de ódio! Morte aos cristãos! Abaixo o Papa! Não é isso que estamos acostumados a ouvir? Eis a trágica situação dos discípulos de Cristo no mundo atual. Mas não nos enganemos: aquilo que acontece no mundo cedo ou tarde acabará chegando por aqui, no nosso país, no nosso estado, na nossa cidade. Quem te garante, você que me lê, que daqui a dez anos você não estará andando furtivamente para a Igreja, a fim de participar da missa numa igreja com portas fechadas, por medo de atentados contra sua vida? Olhem para a Venezuela. Lá, por causa da oposição da Igreja ao regime ditatorial e psicótico de Hugo Chaves, esse momento acima descrito já começa a se tornar realidade. Quando o ditador fanático de uma nação persegue e ameaça, ainda que com palavras (por enquanto), os bispos desse país, que se pode esperar de bom? E o nosso presidente, que adora trocar mimos com o fanfarrão ditador venezuelano, o que dizer dele? E quando se sabe que o presidente da República e seu partido tem sólidas e comprovadas ligações com as FARC? Estejamos atentos, caríssimos, a tudo isso. E rezemos a ajamos tanto quanto possível, para defender a nossa fé dos ataques dos inimigos de Deus e da humanidade.

Nenhum comentário:
Postar um comentário