domingo, 19 de abril de 2009

Caminhemos, olhos fixos em Jesus!

“Criastes-nos para Vós, e o nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em Vós” (Santo Agostinho, Confissões, I,1). Mas, embora o nosso coração tenha sede de Deus, embora nós nos sintamos sozinhos neste mundo, embora este mundo seja tão imperfeito por causa do pecado e do mal, nós insistimos em pôr o nosso coração onde Deus não está! De fato, mesmo nós batizados, mesmo nós que dizemos que conhecemos a Deus, mesmo nós que dizemos que acreditamos na vida eterna, será que vivemos de modo a merecer esta vida? Será que vivemos de acordo com a esperança que temos?
A multiplicidade das coisas, dos fatos, das pessoas, dos trabalhos que temos hoje em dia, continuamente nos deixa desconcertados e atônitos: falta ao homem de hoje a unicidade, a capacidade de viver a vida de maneira centrada e orientada. Nesta civilização do barulho, o que domina o homem é a dispersão. Conseguimos fazer uma coisa de cada vez? Quando paramos para ouvir uma música sem fazer nada ao mesmo tempo? Quantos sites abrimos simultaneamente na internet? Estes são apenas leves acenos de uma realidade muito presente em nossas vidas. O resultado? Sentimos-nos dilacerados, partidos em mil pedaços, querendo abarcar o mundo com um único abraço e não abraçando nada. Ficamos psicologicamente em frangalhos.
No meio de todas as atividades cotidianas, o homem moderno tende cada vez mais a se centrar nesse mundo e em seus problemas. Frequentemente nos esquecemos de Deus e das realidades celestes. E quando isto acontece, nós passamos a querer controlar a vida com nossas próprias mãos. Dizemos: “A vida é minha, eu faço com ela o que eu quiser”. E vivemos uma vida mesquinha, puramente terrena, baixa, com horizontes miúdos e de perspectivas pouco generosas. Aí se faz necessário um questionamento: onde está a nossa vida, nas nossas próprias mãos, ou nas mãos de Deus?
O antídoto para isso é um só: a oração e a contemplação das coisas eternas. É na oração que nos encontramos com Deus, que tratamos amorosamente com Ele em amizade, que penetramos – que contra-senso para o mundo moderno! – na verdadeira realidade do mundo. E a figura deste mundo passa (cf. 1Cor 7,31). Por isso a Igreja pede em nome de seus filhos: Senhor, “redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam.” (Coleta do XVII Domingo do Tempo Comum). Se, através da oração, buscarmos forças para entregar nossa vida nas mãos de Deus, Este a tomará, a transfigurará e nos devolverá uma vida nova, totalmente transfigurada, uma vida pascal. Por isso, tenhamos coragem: como nos diz o autor sagrado, “corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus” (Hb 12,1), pois “se soubermos perseverar, com ele reinaremos” (2Tm 2,12).

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