quinta-feira, 12 de março de 2009

Eu Vi a Cidade - IV


Atos dos Apóstolos 2,1-11

O fato que lemos na história dos Atos é também a história dos fatos na Igreja.
A narração do fato é a profecia da história. O Pentecostes é prodígio de todos os tempos. A multiplicação das línguas no adequado louvor a Deus, maravilha dos nossos dias. A pregação apostólica do Evangelho, a constante ação, através dos séculos, da Igreja missionária. A incorporação pelo batismo de multidões a Cristo, a expansão contínua do reino de Deus a todas as nações a terra.
O amor fraterno dos primeiros crentes é o próprio exercício da vida cristã.
A oração comum e a fração do pão é o mistério da eucaristia, o culto da comunidade, ato máximo de realização do corpo místico de Jesus Cristo, na sua inteireza e vitalidade.
A comunicação do Espírito é cumprimento da promessa. É o acabamento do mistério, o eterno perfazer da Igreja, até a consumação dos séculos.
Assim como, por ação do Espírito de Deus, assumiu o Verbo, no seio de Maria, a natureza humana, assim também pelo mesmo Espírito de amor, ao correr da história, assume a Igreja sua função redentora.
Do Espírito Santo recebe a Igreja a sua personalidade – forma, consciência, coesão, movimento, fecundidade.
A partir de Pentecostes, manifesta-se ao mundo a Igreja de Jesus Cristo.
Ela é mãe e mestra dos povos. A iluminação e a regeneração dos homens se unem e se completam.
A Igreja é mãe fecunda, que se vai ampliando sempre na geração de nova prole. É mestra infalível, que dissipa as trevas e alimenta os homens na palavra que é vida.
Em nossos dias, a muitos parece outra a pregação da Igreja, porque estes jamais a conheceram, nem outrora nem agora. A todos aparece nova, porque, atingindo coisas novas, tem de ressoar nos seus ângulos e resplandecer nas suas cores.
Não se trata de alteração da doutrina nem acomodação da verdade.
São os diversos modos pelos quais os problemas humanos, sempre novos e crescentes, vão refletindo a luz verdadeira, que ilumina a todo homem e ao homem todo.
Tudo são provas da vitalidade sempre renascente da Igreja, e mostras de sua agilidade eternamente juvenil.
A palavra de Deus não é luz para se conter nos contornos de uma fase ou tipo de civilização, mas sim para se elevar por sobre os tempos e alumiar a mundo, sem qualquer limitação.
A Igreja não se finda nem envelhece. Ela vai continuando o Cristo!
A Igreja na terra é esta que lemos nos Atos. A que temos ao redor de nós. A que sabemos pela história. A que nós abraçamos na fé.
À Igreja de Cristo na terra não faltarão jamais, pelos séculos adentro, calúnias e perseguições.
“O demônio seduzirá o mundo e retomará o seu império; dominará povos, governará nações, inspirará leis, combaterá a verdade, proclamará a iniquícia, destruirá o direito, aclamará a desordem”, endeusará a maldade.
Em tudo afrontada, estará sempre a Igreja pelos seus mais cruéis inimigos cercada, que inventarão sempre novas perseguições, e mais terríveis, talvez, por mais disfarçadas.
Tudo isso nós vimos e veremos.
Mas, ao cabo disso tudo, os inimigos da Igreja serão batidos e a cidade de Deus triunfará.

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