
Uma das características da natureza humana é a sua sede de infinito, sua sensação de incompletude. O homem não consegue se conformar com o fato de que é limitado e almeja sempre altos vôos. Santa Teresa de Lisieux expressa bem esta realidade quando diz: “Eu me considero como um fraco passarinho coberto somente com uma leve plumagem; não sou uma águia, dela tenho apenas os olhos e o coração (...) meu coração sente nele todas as aspirações da Águia (...) tudo o que ele pode fazer é levantar suas asinhas, mas levantar vôo, isso não está no seu pobre poder!” (A história de uma alma, manuscrito B, 4v).
Mas também os gregos já sentiam esta verdade e a expressavam poeticamente em seus mitos. Diante da realidade dos deuses, imortais e bem-aventurados, os homens, efêmeros e infelizes, sentiam tamanha inveja que, em seu assomo orgulhoso (a hybris), tentavam a todo custo alcançar a participação no mundo divino.
Ora, esta intuição grega não está expressa em abundância na Sagrada Escritura? A antropologia teológica revelada pelo relato da criação do Gênesis exprime, como os gregos e antes deles, este anseio humano. O homem é criado à imagem e à semelhança de Deus e vive uma relação de amizade com Ele. Mas esta relação é ameaçada pelo orgulho, a hybris do homem, que, enganado pelo mal, almeja mais do que a simples amizade divina: “sereis como deuses”, lhe disse a serpente (3,5). O ser como Deus é, sem dúvida, participar de sua natureza; isso, de certa forma, é dado ao homem por Deus no próprio ato criador; mas, depois, o pecado faz com que o homem tome este “participar da natureza divina” como uma empresa própria; é um movimento ascendente, é o homem que pretende subir até as alturas onde Deus habita e partilhar da vida bem-aventurada própria da divindade. Encontramos esse mesmo orgulho no relato da construção da torre de Babel, alguns capítulos depois, no mesmo livro do Gênesis: “Disseram: ‘Vinde! Construamos uma cidade e uma torre cujo ápice penetre os céus!” (11,4).
Esse desejo humano de subir até Deus, no entanto, não pode ser conseguido com os próprios esforços humanos. Somente Deus pode dar ao homem a graça de participar da vida divina, porque Ele mesmo quis que o homem sentisse tal anseio. E esta graça nos é dada por meio de seu Filho, Jesus Cristo. Nele aprouve a Deus fazer habitar corporalmente toda a Plenitude da divindade (cf. Cl 1,19; 2,9); através de sua natureza humana, a nós é também aberta essa possibilidade, que é efetivada pela presença do Espírito do Filho em nós, nos tornando filhos adotivos de Deus, podendo chamá-lo de Pai e sendo, consequentemente, seus herdeiros e co-herdeiros de Cristo (cf. Rm 8,14-17). Dessa forma nos tornamos filhos de Deus por participação na filiação de Cristo, que é o Unigênito por natureza. Assim, ao contrário dos deuses antigos, que como castigo pelo orgulho dos homens os deixariam entregues ao destino, ao acaso sempre trágico, o Deus verdadeiro que se revelou à Israel não deixou a humanidade entregue à própria sorte; ao contrário, veio em socorro dela por causa do seu amor, que é para sempre (cf. Sl 117,1). “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16), que é a vida divina. Dessa forma, e somente dessa forma, é que nos tornamos, de fato e de direito, deuses, isto é, participantes da natureza divina.
Mas também os gregos já sentiam esta verdade e a expressavam poeticamente em seus mitos. Diante da realidade dos deuses, imortais e bem-aventurados, os homens, efêmeros e infelizes, sentiam tamanha inveja que, em seu assomo orgulhoso (a hybris), tentavam a todo custo alcançar a participação no mundo divino.
Ora, esta intuição grega não está expressa em abundância na Sagrada Escritura? A antropologia teológica revelada pelo relato da criação do Gênesis exprime, como os gregos e antes deles, este anseio humano. O homem é criado à imagem e à semelhança de Deus e vive uma relação de amizade com Ele. Mas esta relação é ameaçada pelo orgulho, a hybris do homem, que, enganado pelo mal, almeja mais do que a simples amizade divina: “sereis como deuses”, lhe disse a serpente (3,5). O ser como Deus é, sem dúvida, participar de sua natureza; isso, de certa forma, é dado ao homem por Deus no próprio ato criador; mas, depois, o pecado faz com que o homem tome este “participar da natureza divina” como uma empresa própria; é um movimento ascendente, é o homem que pretende subir até as alturas onde Deus habita e partilhar da vida bem-aventurada própria da divindade. Encontramos esse mesmo orgulho no relato da construção da torre de Babel, alguns capítulos depois, no mesmo livro do Gênesis: “Disseram: ‘Vinde! Construamos uma cidade e uma torre cujo ápice penetre os céus!” (11,4).
Esse desejo humano de subir até Deus, no entanto, não pode ser conseguido com os próprios esforços humanos. Somente Deus pode dar ao homem a graça de participar da vida divina, porque Ele mesmo quis que o homem sentisse tal anseio. E esta graça nos é dada por meio de seu Filho, Jesus Cristo. Nele aprouve a Deus fazer habitar corporalmente toda a Plenitude da divindade (cf. Cl 1,19; 2,9); através de sua natureza humana, a nós é também aberta essa possibilidade, que é efetivada pela presença do Espírito do Filho em nós, nos tornando filhos adotivos de Deus, podendo chamá-lo de Pai e sendo, consequentemente, seus herdeiros e co-herdeiros de Cristo (cf. Rm 8,14-17). Dessa forma nos tornamos filhos de Deus por participação na filiação de Cristo, que é o Unigênito por natureza. Assim, ao contrário dos deuses antigos, que como castigo pelo orgulho dos homens os deixariam entregues ao destino, ao acaso sempre trágico, o Deus verdadeiro que se revelou à Israel não deixou a humanidade entregue à própria sorte; ao contrário, veio em socorro dela por causa do seu amor, que é para sempre (cf. Sl 117,1). “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16), que é a vida divina. Dessa forma, e somente dessa forma, é que nos tornamos, de fato e de direito, deuses, isto é, participantes da natureza divina.
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