sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

IV - O Amigo, Único no Mundo


"Um amigo é um presente que você dá a si mesmo", disse com muita lucidez Robert Louis Stevenson, escritor inglês. Com as ricas palavras de Dostoievski, escritor russo, podemos dizer que um amigo "é tão necessário ao homem como a terra em que pisa". O amigo é aquela pessoa incomparável e inconfundível. É aquela pessoa querida e especial. É aquela pessoa com a qual vivemos momentos inesquecíveis. O amigo é uma riqueza. O homem que possui um amigo pode se considerar o homem mais rico do mundo. Na Antiguidade Clássica, Plauto, comediógrafo latino, já afirmava isso: "Sua riqueza encontra-se onde estão seus amigos".
A amizade é um relacionamento de profundidade, por isso não é possível ter muitos amigos. É um verdadeiro absurdo sair por aí chamando qualquer um de amigo. É preciso chamar as coisas pelo nome: Conhecidos... são conhecidos! Colegas... são colegas! Companheiros... são companheiros! Familiares... são familiares! Pais... são pais! Irmãos... são irmãos! Pessoas queridas... são pessoas queridas! Amigos... são únicos no mundo!!! Os aproveitadores e aquelas pessoas que nos procuram somente quando estão com algum problema ou precisando de alguma coisa não são nossos amigos.
Na amizade, experimentamos a maravilhosa sensação de sermos amados com predileção. Amizade exige compromisso e dedicação. O amigo faz parte da minha intimidade. Quando dizemos que somos amigos de todos e que amamos a todos por igual, na verdade, demonstramos o quanto somos superficiais e imaturos. No seu livro O Coração Vê mais Longe que os Olhos, o Padre Carlos Afonso Schmitt faz uma reflexão muito interessante sobre isso. Ele escreve: "Quando verdadeiramente se ama alguém, ele se torna único em nossa vida". Continua escrevendo: "Não há termo algum de comparação, nem substituição possível: ele será sempre ele, ela será sempre ela. Os outros... serão apenas 'os outros'". Essa é uma verdade muito esquecida nos dias de hoje...
O caminho da amizade é longo e cheio de dificuldades. Leva-se muito tempo para se tornar amigo de uma pessoa. Respeito e paciência são necessários para compreender que o outro é o outro e sua liberdade é inviolável. Ás vezes, será preciso se afastar um pouco para não sufocar a vida do amigo. Quando entendemos isso, tornamo-nos capazes de acolher o amigo como sendo único, incomparavelmente incomparável. Numa das mais belas páginas do insuperável O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, a raposa diz ao principezinho: – "Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..." é o mistério do amor, da amizade.
Assim sendo, o amigo é, verdadeiramente, único no mundo. É uma pedra rara que precisamos guardar "debaixo de sete chaves", como cantou o Milton na belíssima Canção da América. É um jardim de lindas flores que precisa ser regado e cuidado dia a dia. É aquela saudade que gostamos de sentir. É a estrela que mais brilha numa noite escura. É a chuva que faz brotar a vida na terra seca. É o sol que aquece o inverno. Amigo... é amigo, é único!!!

Um comentário:

  1. Anderson Coutinhodomingo, 25 janeiro, 2009

    Gostei muito deste texto, pena que muitos passam toda a sua vida sem realmente saber oq é um amigo, e o quão mais fácil seria conduzir os fardos da existência com a expontânea ajuda deste.

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