
Apresentaremos, a partir de hoje, três textos extraídos do livro “Podeis beber o cálice?” de Henri J. M. Nouwen. Nessa obra ele parte da pergunta de Jesus dada como resposta ao pedido da mãe de Tiago e João, que lhe solicitou lugares no reino para os seus filhos. Segundo Nouwen, três atitudes são necessárias para assumirmos nossa vida e consumi-la em consonância com a vontade de Deus, conforme fez Jesus: segurar o cálice da vida, erguê-lo, e, enfim, bebê-lo. Veremos o significado dessas três atitudes. Henri J. M. Nouwen foi sacerdote católico. Nasceu na Holanda e foi ordenado em 1957. Foi professor na Universidade de Notre Dame, na Universidade de Yale e em Harvard. Escreveu várias obras de espiritualidade, fundamentada nos padres do deserto e em mestres como Thomas Merton, cuja riqueza criou uma verdadeira escola, com inúmeros seguidores. De 1986 até 1996, foi capelão na Arca, o Amanhecer, em Toronto, Canadá, onde viveu com pessoas portadoras de deficiência mental. Faleceu em 21 de setembro de 1996.
Segurar o cálice
Segurar o cálice da vida significa olhar criticamente para o que vivemos. Isso requer grande coragem, porque quando começamos a olhar podemos ficar chocados com o que vemos. Perguntas para as quais não temos respostas podem surgir. Dúvidas sobre coisas a respeito das quais estávamos seguros podem vir à nossa mente. O medo pode emergir de lugares inesperados. Somo tentados a dizer: “ Vamos apenas viver a vida. Toda essa reflexão apenas torna as coisas muito mais difíceis”. Mesmo assim, intuitivamente, sabemos que se não olharmos a vida com um olhar crítico perderemos nossa visão e nossa direção. Quando bebemos o cálice sem segurá-lo primeiro, podemos simplesmente ficar bêbados e andar por aí sem destino.
Da mesma forma como há inúmeros tipos de vinho, há inúmeros tipos de vida. Não há sequer uma vida igual a outra (...) Devemos viver nossas vidas e não a dos outros. Devemos segurar nosso próprio cálice...
É difícil dizer isso a nós mesmos, porque ao fazê-lo confrontamo-nos com nossa extrema solidão. Mas é também um grande desafio, pois deixa patente nossa estrema singularidade.
...Devemos segurar nosso cálice e afirmar com segurança quem somos e aquilo para o que fomos chamados a viver...
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