sábado, 3 de janeiro de 2009

III - O Valor da Amizade


A amizade é o Everest da vida humana. Nela, o ser humano alcança a sua máxima grandeza, realizando-se plenamente como pessoa. "A amizade é um dos bens mais cobiçados e mais valorizados", comentou Anselm Grün no seu livro Eu lhe Desejo um Amigo. Quando encontramos esse bem, nossa vida se reveste da mais linda alegria. Dante, poeta italiano, em suas Meditações sobre a Amizade, confessa "ter encontrado nela o sumo bem". Cícero, no Da Amizade, reflete: "Com efeito, dos bens que interessam aos homens, a amizade é o único cuja utilidade todos unanimemente reconhecem". A amizade é, pois, o tesouro da vida de todo homem. É caminho para a felicidade.
Em um mundo de tantas contrariedades, corremos o risco de não reconhecermos o verdadeiro valor da amizade. Confundimos a amizade com aqueles relacionamentos que nos causam prejuízos. Dizemos que amigos não existem e que vivemos muito bem sem eles, que o emprego e o dinheiro é que são nossos amigos de verdade, que não se pode confiar nos amigos, mas somente em nós mesmos. Em um mundo em que o “ter” vale mais que o “ser” e em que usamos as pessoas como se fossem meros objetos, em um mundo egoísta e calculista onde compramos tudo aquilo que queremos, defrontamo-nos com a seguinte constatação: o dinheiro não compra tudo. Logo, o dinheiro não compra a amizade. Essa foi a grande crítica feita aos homens do mundo de hoje, por Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês, em O Pequeno Príncipe, seu livro imortal. Com tristeza e lamentação, Exupéry escreve: "Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos". Essa é a realidade de muitos de nós!
Na amizade não pode haver segundas intenções. Na amizade só existe o que é bom, belo e verdadeiro. Escrevendo no Da Amizade, Cícero, um dos grandes mestres da amizade, reconheceu o seu valor com estas palavras: "A amizade, de fato, infiltra-se não sei como em todas as existências e jamais permite que uma vida se organize sem ela". Paralítica desde muito jovem, Zenta Maurina, escritora letoniana, encontrou em seus amigos a razão para superar os sofrimentos de sua vida. Ela reflete: "O que é para o pássaro a força das asas é para o ser humano a amizade; ela o ergue acima do pó da terra". A amizade não é uma opção, mas uma necessidade para a vida. Seu valor e importância são facilmente reconhecidos pelos homens simples e humildes. Eles sabem ter e ser amigos. Por isso, o velho Goethe tinha razão quando afirmou: "Só a nós pobres, nós que nada ou pouco possuímos é dado usufruir em rica medida a felicidade da amizade. Nada temos a não ser a nós mesmos. E este nosso ser todo temos de doar".
A amizade é, por conseguinte, muito importante para o nosso desenvolvimento humano, intelectual e espiritual. Vale também o que nos recorda Anselm Grün no Eu lhe Desejo um Amigo: "A amizade é algo estável na instabilidade de nosso tempo. E por isso torna-se cada vez mais importante para as pessoas de hoje. A amizade é algo que permanece nas muitas reviravoltas da vida". Sabemos, também, que sem a experiência da amizade não seremos homens completos, mas homens pela metade. A amizade nos humaniza, torna-nos homens de verdade. Louco é quem despreza a amizade de sua vida.

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