
Irmãos nos julgamos sábios demais a ponto de nos colocarmos no lugar de Deus e com isso alimentamos cada vez mais nossa auto-suficiência e prepotência. Criamos, até, nossos próprios valores que, em vez de, serem fundamentados na instabilidade da realidade eterna passam a ser sustentados em nossa fragilidade humana e, por isso, são efêmeros e muitas vezes maus. Assim, perdemos de vista o que nos é essencial, a vida e, conseqüentemente, valores imutáveis e divinos como o bem e o amor. Lembremo-nos, irmãos que não fomos feitos para o mundo presente, mas vivemos aqui na esperança do mundo e da vida futura na eternidade. Não fomos criados para nós mesmos! Não à nossa vontade, mas a de Deus! Por isso, reconheçamos ser pecadores por alimentar em nós a idéia de nos bastarmos a nós mesmos. Não percamos de vista a esperança da vida futura, a vida eterna a morada de e com Deus! Na verdade, começamos a perder, não somente a esperança na eternidade, mas também a própria vida eterna, quando deixamos de viver para Deus e nos tornamos o centro de nossas atenções. E, em vez de dizermos: que seja feita a tua vontade, dizemos: que seja feita a minha vontade e não a Tua!
No entanto, a vida eterna, ainda que, sendo doada como dom de Deus, deve brotar em nós também como dom e, sobretudo, como fruto de nosso esforço pessoal para a prática da Palavra de Deus enquanto formos peregrinos neste mundo vivendo na esperança. E perguntamos como aquele jovem: “Mestre, o que devo fazer de bom para ter a vida eterna?” Mt (19,16). E desejo daquele jovem é o nosso! Hoje a resposta a essa pergunta nos é dada no salmo quando o salmista faz a mesma pergunta, mesmo que de forma diferente. Ele diz: “Senhor, quem morará em vossa casa e em vosso monte santo habitará?”. E a resposta nos é dada em seguida: “quem pratica a justiça, quem tem reto coração, quem não calunia seu semelhante e quem honra e teme a Deus” (Sl 14(15). Estes preceitos são como que setas que nos levam a certeza de um dia ver Deus face a face na sua morada. Como mesmo nos mostra a Sagrada Escritura: “ouve as leis e os preceitos que hoje vou ensinar-vos. Ponde-os em prática para que vivais e entreis na posse da terra que o Senhor, Deus de vossos pais, vos dá”. (Dt 4,1). No entanto, a prática da realização desses preceitos não se resume somente a um simples ato de autodeterminação isolado, mas, é, sobretudo ação primeira de Deus pelo Espírito Santo. É o Espírito Santo de Deus que nos conduz! Afinal, não é pela efusão do Espírito Santo no batismo que nos tornamos co-cidadãos do Céu?
A verdade é que hoje nos foram dirigidas palavras muito fortes e duras. Os fariseus daquela época somos nós hoje. E as mesminhas palavras que foram dirigidas à eles nos são dirigidas hoje. Isso porque eles deixando Deus de lado, se apegaram a si mesmos e a suas normas. Eles se esqueceram que é o próprio Deus o fundamento de tudo, na pessoa de seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, pela ação do Divino Espírito Santo. E com isso eles se apegaram à sua própria fragilidade e a tiveram como fundamento. Mas Cristo nos mostra que frutos são produzidos pelo homem que se sobrepõe a Deus. A saber, “devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez”. (Mt 7, 21).
Irmãos voltemos nosso olhar, vida e esperança para Deus. O tenhamos como fundamento de nossa vida. Acolhamos docilmente nosso Senhor Jesus Cristo, a Palavra de Deus semeada entre nós, pois só Ele pode nos levar ao nosso fim, a vida eterna. E só assim seremos verdadeiros sábios, não por outro motivo, mas pelo fato de carregarmos em nós os traços de Cristo, a verdadeira sabedoria. Reconheçamos somente em Deus na pessoa de seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, não em nós, a fonte primeira de todo o bem afim de que sejamos, no Espírito Santo, um só com Deus e com o próximo.
Gostaria de te parabenisar pelo texto que nos faz pensar melhor a forma de vida que levamos, ou que pensamos que levamos.
ResponderExcluirA pergunta que o salmista fez, nos leva a refletir melhor sobre nossas ações para com os nossos irmãos.
" Senhor quem morará em vossa casa, e em vosso monte santo habitará"?
Concordo contigo quando comenta em seu texto que essas são palavras forte, que os fariseus daquela época somos nós hoje...
Pois milhares são as vezes que deixamos Deus de lado, para nos apegarmos as coisas sem importância.
Quantas vezes rezamos dizendo, " seja feita a tua vontade, quando na maioria das vezes fazemos a nossa, é nessa hora que nossos desejos falam mais alto, nem percebemos que dessa forma cada vez mais acabamos nos afastando de Deus.
Afinal o que devo fazer de bom para ter a vida eterna? essa e outras respostas já sabemos, porém continuamos a viver de forma errada, equivocada, apegada a coisas desse mundo.
O texto nos mostra o caminho a seguir, basta querer.
Que Deus ilumine sua vida hoje e sempre.
Um abraço.