domingo, 14 de dezembro de 2008

Alegrai-vos sempre no Senhor - Comentário às leituras do III Domingo do Advento


Gaudete in Domino semper. Iterum dico: Gaudete!
Alegrai-vos sempre no Senhor. Eu repito: alegrai-vos!
(Fl 4,4)

É com este espírito, espírito de alegria, quando se aproximam as festas benditas da Manifestação do Senhor, que a Igreja olha Aquele que vem, seu Amado Esposo e diz com mais força, com mais piedade, com mais fervor: vem, Senhor Jesus! Vem resgatar o teu povo das trevas, da escravidão do pecado e da morte, vem nos dar o reino prometido pelos profetas e confirmado por ti, anunciado pela Igreja e esperado pelos fiéis!
Aquele que vem, Aquele por quem o nosso coração anela é o Ungido do Senhor, como diz o profeta Isaías na primeira leitura da Sagrada Liturgia de hoje: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor (Is 61,1-2a). E esse Ungido, este Messias, este Cristo, é Jesus de Nazaré: é Ele quem Deus Pai unge quando é batizado por João no rio Jordão; e, logo após o batismo, depois de ser tentado no deserto, Jesus chega à Cafarnaum, onde, na sinagoga, lê o trecho do Profeta acima citado, dizendo em seguida: Hoje se cumpriu esta profecia que vós acabais de ouvir. (Lc 4,21). Sim, Jesus é o Messias, o Cristo esperado pelo povo da Antiga Aliança que viria resgatar o pequeno resto de Israel, povo sofrido e humilde, os pobres de Deus: a este povo é que ele foi enviado. Assim, diante da alegria de ver que esta profecia se cumpre, também hoje para nós, porque o Cristo está em nosso meio através da força do Espírito Santo e do ministério da Igreja, nos podemos também dizer como o Profeta: Exulto de alegria no Senhor e minh'alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas jóias (Is 61,10) e também com a Virgem Maria, a mais humilde dentre os humildes: A minha alma engrandece ao Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, pois ele viu a pequenez de sua serva (Lc 1,46-48).
Este mesma exortação à alegria nos faz S. Paulo na segunda leitura: Estai sempre alegres! (1Ts 5,16), para em seguida emendar: Aquele que vos chamou é fiel; ele mesmo realizará isso (1Ts 5,24). É Deus quem nos dará a verdadeira alegria, não a alegria passageira, que vem do mundo, mas a autêntica alegria de quem vive na esperança, na certeza, na fé de que o nosso Salvador vem em breve para nos dar a vida que tanto almejamos.
Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus (Hb 12,1). Sigamos o exemplo de João Batista: ele não se exaltou diante da fama que lhe vinha, nem se proclamou o Messias ou mesmo Elias, mas confessou: Eu não sou o Messias. Eu sou a voz que grita no deserto: “Aplainai o caminho do Senhor'”. Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias (Jo 1,20.23.26). Só com um coração pobre, disponível, aberto, como o de João, é que podemos seguir a sua exortação, de aplainar o caminho para Senhor, de converter-se para Ele, e então encher o nosso coração de alegria, da alegria verdadeira, da alegria que não passa e que nos vem da certeza de que Deus nos ama e quer nos fazer participar do eterno gozo em sua presença. Amém.

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