quarta-feira, 8 de julho de 2009

Cristianismo e Marxismo não se coadunam

O texto a seguir é de autoria de Dom Estevão Bettencourt, Osb, publicado na revista “Pergunte e Responderemos”, nº197, Ano 1976, p. 187 . Nele, Dom Estevão apresenta a impossibilidade de conciliação entre Cristianismo e Marxismo. Segundo ele, quando os expoentes deste último apresentam-se como simpatizantes da fé, não significa que sejam crentes. Na realidade, a fé cristã para eles trata-se apenas de mais um instrumento para a revolução ou ascensão de idelogia marxista. Embora se trate de um texto antigo, continua sendo atual, pois hoje não faltam ideologias "esquerdistas" à moda marxista infiltrando-se nas estruturas eclesiais com as mesmas intenções. Lembremos sempre que é somente à luz de Cristo que as transformações no coração humano acontecem, e que qualquer ideologia com fundamentos marxistas são sempre imanentistas e secularistas, contrárias e inimigas, portanto, da fé cristã.

Verdade é que nos últimos anos alguns pensadores marxistas ocidentais (mesmos lideres de partidos comunistas na França, na Itália, na Espanha...) têm feito pronunciamentos que parecem valorizar de novo a fé. Dizem que um cristão, conservando sua fé, pode participar da luta de classes revolucionária; pode até encontrar na sua fé uma motivação e o estímulo para essa luta de classes; em nome do Evangelho e do Cristianismo é que o cristão faria a revolução social.
Parece que vários daqueles que assim falam estão iludidos, ignorando o que sejam propriamente marxismo e Cristianismo. Falam simploriamente porque ouviram falar ou porque a tendência a conciliar tudo se tornou um pouco “moda”.
Outros que defendem a tese a cima, defendem-na conscientemente. Não tencionam, porém, valorizar a fé como tal, pelo conteúdo intrínseco e as verdades que ela propõe, mas valorizam a fé na medida em que esta possa ser um fator político ou propulsivo em favor da revolução. Embora a fé fique sempre sendo uma grande ilusão para tais marxistas, eles julgam que a fé apresentada de certa maneira ou manipulada pode ter uma força revolucionária e pode ser um instrumental que acarrete vantagens para a ascensão do Partido Comunista. Em suma, julgam que também o homem “religioso” pode ser um colaborador na edificação do socialismo marxista, e é isto que lhes interessa. Nenhum marxista pode aceitar a hipótese de se tornar ele mesmo um homem religioso ou de considerar a fé como um valor em si, que mereça ser promovido como tal. Mesmo aqueles que se mostram mais chegados ao Cristianismo ou afirmam que o Cristianismo pode oferecer algo ao marxismo, como Garaudy e Bloch, ficam firmes no seu ateísmo. Disto se depreende que a fé, devidamente manipulada, pode fornecer subsídios à revolução, mas o marxismo não abandona seu ateísmo, nem o pode sem se autodestruir, fica sendo radicalmente ateu.
Ademais o marxismo, além de ser uma doutrina materialista e uma prática revolucionária, cria também uma atmosfera imanentista e secularista; quem a respira, corre grave perigo de, cedo ou tarde, perder a fé. É na observação deste fato que está a raiz das preocupações da Igreja quando vê que alguns de seus filhos pretendem aderir ao marxismo, levados não raro por motivos nobres, como sejam amor aos pobres e a aspiração de uma sociedade mas justa e amiga. Tais Cristãos dificilmente conservarão sua fé, e sem fé, não conseguirão realizar suas nobres aspirações, pois, se os homens não superam seu inato egoísmo por amor a Deus, também não o superarão por amor aos irmãos.
Nos princípios da fé cristã, elaborados pela doutrina social da Igreja, os discípulos de Cristo encontram as luzes e forças necessárias para dissipar situações iníquas e preparar nova sociedade, em quem o verdadeiro amor a Deus e aos homens transformará a face da terra. Os cristãos são assim incitados a descobrir e utilizar suas potencialidades contidas na doutrina de sua fé, com as quais se poderão aproximar melhor daquilo que o marxismo jamais conseguirá atingir.

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