
Padre Virgílio, ssp.
Põe o teu dedo aqui; e experimenta (Jo 20,27).
De gente como Tomé a terra está cheia.
Gente desconfiada, gente incapaz de levantar os olhos para o alto, gente temerosa de “apostar” em Deus.
Aposta-se na loteria, porque lá existe ao menos uma possibilidade entre um milhão de acertar. Aposta-se no espiritismo, porque lá hábeis embusteiros sabem tão bem manipular as coisas, e a gente gosta de deixar-se enganar... Aposta-se em curandeiros e em adivinhos, porque sabem curar doenças que não temos ou adivinhar coisas que já sabemos.
Mas não se aposta no Deus que criou o céu e a terra.
Temos uma evidente desconfiança com relação àquilo que Cristo falou e prometeu. Somos filhos contestadores de Tomé, talvez porque somos o parto de um século materialista, cuja deusa infalível é a matemática. E como de matemática pouco entendemos, eis que só nos resta confiar em nossos dedos...
A nossa fé está se desfazendo que nem cera perante a luz ilusória projetada pelo progresso material. O progresso não deixa o homem pensar, não o deixa sair dos confins da matéria, amarra-o às coisas visíveis e não lhe dá chance de amar aquilo pelo qual foi criado.
Você não percebeu? Estamos sendo condenados a crer só naquilo que se vê. Não há condenação mais cruel.
Alguém se refugia no amanhã. “Não percamos a esperança, amanhã será melhor”. É o que muitos dizem.
Não, não percamos a esperança; mas o amanhã é preparado hoje. E se hoje não mais se acredita, amanhã poderia ser pior ainda.
Se nós, hoje, em nada acreditamos, em que poderão acreditar os nossos filhos amanhã? Olhando para nossas caras de pais, de irmãos, de amigos e professores, qual fá e qual esperança poderão eles captar? Qual mensagem de amor poderão colher?
Sim, porque sem fé nem esperança haverá. E sem esperança não se pode mesmo viver.
A fé é um dom oferecido a todos. Mas há quem o recuse, porque diz que o domínio do espírito não tem lá muita importância para o homem de hoje. Porém, se nós hoje recusamos este dom, como pretendemos que nossos filhos o aceitem amanhã?
Não percamos a esperança. Mas se a gente não tomar providência, o futuro será mais sombrio que presente. “E se o filho do homem voltar, não encontrará mais fé sobre a terra”.
O homem não pode se conformar em viver numa paisagem desértica. Precisa levantar a cabeça: a estrela o conduzirá ao reino da luz e da vida.
Mas para que isso aconteça, o único jeito é declarar-se derrotado perante Cristo. Abandonar-se nele, deslizar nele, deixar-se guiar por ele. Porque ele é o único que tem sempre razão e sempre acaba vencendo.
Jogar-se aos pés de Jesus e gritar: “Meu Senhor e meu Deus” significa tomar consciência daquilo que estávamos perdendo por vivermos longe dele. Significa deixar-se vencer pela força do amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário