domingo, 25 de outubro de 2009

Senhor, que eu veja! - XXX Domingo Comum B

O Evangelho deste Santo Domingo nos apresenta a figura de um cego mendigo, a beira do caminho que sai de Jericó. Como não nos identificarmos com o cego Bartimeu? O próprio nome não é nome próprio: é a designação de quem ele é filho, bar-timeu, filho de Timeu – como Jesus era chamado “Yehoshua bar Iossef”, Jesus filho de José. O cego filho de Timeu é imagem de muitas realidades: do povo de Israel, que pode ouvir a Palavra de Deus mas, por sua cegueira, não pode vê-la perambulando pelas estradas da Galileia e da Judeia, isto é, Nosso Senhor Jesus Cristo, a Palavra encarnada. O cego filho de Timeu é imagem dos pagãos: cegos, não conseguem enxergar a luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem (cf. Lc 2,32), e por isso “jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lc 1,79) sem esperança neste mundo (cf. Ef 2,12). O cego filho de Timeu éramos nós, semelhante aos pagãos, antes de conhecermos Jesus e nos deixarmos iluminar por ele no Santo Batismo. O cego filho de Timeu somos nós quando nos esquecemos de Jesus, ou quando nos deixamos levar por realidades fantasmáticas e estéreis, levando uma vida longe de Deus. Mas, se o cego filho de Timeu é imagem da humanidade ferida, fraca, incapaz de enxergar a realidade de Deus, que é a realidade por excelência – “somente quem reconhece Deus, conhece a realidade”, dizia Bento XVI na abertura da Conferência de Aparecida – a atitude concreta e histórica deste cego, conforme nos relata o Evangelho, é modelo para todo aquele que deseja sair das trevas da ignorância, do erro, e do mal. Sabendo que Jesus está a passar, ele começa a gritar com toda força: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. E, em resposta àqueles que o queriam calar, grita mais alto: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. Nesta prece simples, singela e comovente, ressoa a fé dos verdadeiros discípulos de Cristo: Ele é o Messias, o Filho de Davi, aquele que devia vir para libertar o povo de sua cegueira de Deus, o Ungido enviado a curar os cegos de corpo e de alma. É essa oração humilde que nossos irmãos orientais repetem como um mantra, que contém ao mesmo tempo a súplica, a confissão de fé e louvor: Kyrie eleison! Senhor, salva-nos! (Mt 8,25), Senhor, tende piedade de nós! Esta oração não deve nunca abandonar os nossos lábios, porque nela nos reconhecemos como aquilo que somos: cegos e mendigos necessitados de cura e salvação. Àquele cego exemplar, uma vez curado, foi-lhe dito: “Vai, tua fé te curou” (Mc 10,52). Neste “vai”, Jesus o está despedindo, ordenando que ele siga o seu caminho; mas o caminho daquele que foi iluminado por Jesus é o caminho de Jesus, e tendo recuperado a vista, passou a seguir Jesus pelo caminho (cf. Mc 10,52). Uma vez curados, regenerados, iluminados pelo Santo Batismo, sigamos o exemplo do cego filho de Timeu e ponhamos nossos passos no caminho de Jesus, já que Ele é o Caminho, o Verdadeiro Caminho para a Verdadeira Vida (Jo 14,6).

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