quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A Palavra se fez carne - Comentário às leituras da Missa do Dia de Natal

Gruta da Anunciação em Nazaré: Aqui o Verbo se fez carne
Como canta o salmo da liturgia da Missa desse dia de Natal, os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus (cf. Sl 97, 3c.3d). Ontem à noite, junto com Maria, José e os anjos, vimos, reclinado no presépio, a salvação que vem de nosso Deus; o Emanuel, desejado e invocado pelas Antífonas do Ó, cantadas pela Igreja nos sete dias que precederam esse tempo.
Mas a contemplação desse mistério nos leva a refletir sobre uma realidade ainda mais profunda: esse Menino, salvação de Deus que o universo contemplou é a Palavra de Deus revestida de nossa humanidade. A Carta aos Hebreus, na 2ªleitura de hoje, nos diz que Deus, no passado, falou de muitos modos pelos profetas, mas agora nos falou pelo Seu Filho, pelo qual criou e sustenta o universo (cf. Hb 1,1-2). O Menino de Belém é aquela palavra que no Antigo Testamento se identifica com a sabedoria, com a qual Deus criou todas as coisas (Pr 8,22-31). Essa Sabedoria era o artífice de Deus enquanto Ele modelava o universo.
Essa idéia da palavra feita carne aparece claramente no prólogo do Evangelho de S. João. No princípio era a Palavra, essa Palavra estava junto de Deus e tinha a mesma condição divina. Tudo foi feito por meio Dela, e, sem Ela nada se fez (cf. Jo 1,1-3). Desde o início trazemos os sinais do Verbo de Deus. Por isso tanto anseio de paz, de comunhão. Trazemos no coração as marcas do Eterno. Por isso que Nele está a vida, vida que é a luz dos homens (cf. Jo 1,4). Somente encontrando esse Menino, encontramos a luz que ilumina as trevas das nossas inquietudes mais profundas.
Diante dessa Palavra feita carne, duas atitudes são apontadas por S. João. A primeira: a Palavra estava no mundo, mas o mundo não a reconheceu (cf. Jo 1,10). Até hoje o mundo é incapaz de reconhecer os sinais do Verbo na criação. O mundo insensivelmente não consegue perceber as marcas do Eterno, e em Jesus o Salvador da humanidade. A outra atitude é a daqueles que recebem na alegria essa Palavra/Sabedoria saída da boca do Altíssimo. A esses, Deus lhes concede tornarem-se Seus filhos (cf. Jo 1,12), a esses, pela paixão e ressurreição de Jesus, Deus concede a vida nova no Seu Espírito. Por isso, não nascem da carne, nem do sangue, mas de Deus mesmo (cf. Jo 1,13).
Deus poderia permanecer um mistério inacessível a nós. Mas Seu Filho, Palavra feita carne, que está eternamente na intimidade com Ele, no-lo deu a conhecer (cf. Jo 1,18). Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: ‘”Reina teu Deus!” (Is 52,7).

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