sábado, 27 de dezembro de 2008

O Verbo de Deus era-lhes submisso - Festa da Sagrada Família, Jesus, Maria, José


A Igreja nos apresenta hoje, na segunda grande festa do Tempo do Natal, o Mistério da Sagrada Família, Mistério que ilumina a instituição família, a qual é ao mesmo tempo humana e divina e constitui, por si, também um mistério. Este só se compreende à luz desta solenidade: o Filho de Deus nasceu e fez-se inteiramente homem vivendo numa família como qualquer um de nós. A Sagrada Família, família humana tendo Deus por membro, é imagem da Sacratíssima Família Trinitária: Pai, Filho e Espírito Santo, e, ambas, servem de modelo para todas as famílias. Mas, poder-se-ia perguntar: Uma Família é Divina; a outra tem, simplesmente, o Deus-Menino, a Virgem Santíssima e José, o Justo. Como imitar Famílias assim?
Uma pista nos dá S. Paulo na segunda leitura da Missa de Hoje: Revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição (Cl 3,12-14). Sim, é possível, porque temos a assistência do Espírito Santo para vivermos na família, como o temos para viver como cristãos na Igreja. Afinal, não é a família a primeira igreja, a igreja doméstica? Além disso, para tornar isso possível, Deus cumulou os esposos unidos pelo Sacramento do Matrimônio com a graça especial do Espírito Santo que os une à semelhança da união entre Cristo e a Igreja. Desse modo, não só é possível, como imperativo o dizer do Apóstolo! Nós somos amados por Deus, somos seus santos eleitos (cf. Cl 3,12), e por isso, tornados capazes de construir a família segundo o sonho de Deus.
Tanto a primeira quanto a segunda leitura de hoje nos apresentam conselhos dos autores sagrados para filhos e para pais. Para os filhos: Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração cotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. Quem honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar, será atendido. Quem respeita o seu pai, terá vida longa, e quem obedece ao pai é o consolo da sua mãe. Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida: a caridade feita ao teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação (Eclo 3, 4-7.14-17a). E aos pais: Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. (...) Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem (Cl 3, 18-19.21).
Eis os conselhos Divinos que, com toda certeza, foram vividos no cotidiano da Família de Nazaré. Na vida pequena, pobre, monótona, o Filho de Deus, para espanto das inteligências, viveu em tudo o seu rebaixamento, a sua kénosis à carne humana, vivendo a nossa vida familiar. Demos graças à Deus por sua grandiosa bondade, seu terno afeto por nós, e retribuamos, quanto pudermos, esforçando-nos para viver uma vida digna de uma família cristã e defendendo com unhas e dentes a família dos ataques insidiosos dos inimigos de Deus e da fé.

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