terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cristo, orante do Pai

O texto que se segue é retirado da "Introdução Geral à Liturgia das Horas", nn. 3-4. Esses números apresentam Cristo, orante do Pai, como fundamento e modelo de toda oração.

Vindo ao mundo para comunicar a vida de Deus aos seres humanos, o Verbo que procede do Pai, como esplendor de sua glória, “Sumo Sacerdote da Nova e Eterna Aliança, Cristo Jesus, ao assumir a natureza humana, trouxe para este exílio terreno aquele hino que é cantado por todo o sempre nas habitações celestes” (SC, n.83). A partir daí, o louvor a Deus ressoa no coração de Cristo com palavras humanas de adoração, propiciação e intercessão. Tudo isso, ele dirige ao Pai, como Cabeça que é da humanidade renovada e mediador entre Deus e os homens, em nome de todos e para o bem de todos.
O próprio Filho de Deus, porém, “é um com o Pai” (cf. Jo 10,30) e ao entrar no mundo disse: “Eu vim para fazer a tua vontade” (Hb 10,9; cf. Jo 6,38). Ele se dignou deixar-nos também exemplos de oração. Os evangelhos muitas vezes o apresentam orando: quando o Pai revela sua missão (cf. Lc 3,21-22), antes de chamar os apóstolos (cf. Lc 6,12), ao bendizer a Deus na multiplicação dos pães (cf. Mt 14,19), ao se transfigurar no monte (Lc 9,28-29), quando cura o surdo-mudo (cf. Mc 7,34) e ressuscita Lázaro (Jo 11,41s), antes de solicitar a confissão de Pedro (Lc 9,18), antes de ensinar aos discípulos como devem orar (Lc 11,1), quando os discípulos voltam da missão (Mt 11,25s), ao abençoar as crianças (Mt 19,13), e quando roga por Pedro (Lc 22,32).
Sua atividade cotidiana está muito ligada à oração. Mais ainda, como que brotava dela, retirando-se ao deserto e ao monte para orar (cf. Mc 1,35), levantando-se muito cedo (cf. Mc 1,35) ou permanecendo até a quarta vigília (cf. Mt 14,23.25) e passando a noite em oração a Deus (cf. Lc 6,12).
Além disso, fundadamente se supõe que ele mesmo tenha tomado parte nas preces que publicamente se faziam nas sinagogas, aonde entrou em dia de sábado, “segundo seu costume” (cf. Lc 4,16), e nas preces do templo, que ele chamou casa de oração (cf. Mt 21,13). Não só, mas também nas preces que os israelitas piedosos costumavam fazer individualmente todos os dias. Proferiu também as tradicionais ações de graças a Deus sobre os alimentos como é referido expressamente na multiplicação dos pães (cf. Mt 14,19), em sua última ceia (cf. Mt 26,30) e na ceia de Emaús (cf. Lc 24,30). Também cantou com seus discípulos o hino (cf. Mt 26,30).
Até o fim da vida, já próximo da Paixão (cf. Jo 12,27), na última ceia (Jo 17,1-26) em sua agonia (cf. cf. Mt 26,36-44) e na cruz (cf. Lc 23,34-46), o divino Mestre nos ensina que a oração foi sempre a alma de seu ministério messiânico e do termo pascal da sua vida. Ele de fato, “nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de salvá-lo da morte. Foi atendido por causa de sua entrega a Deus” (Hb 5,7). Com sua oblação perfeita no altar da cruz, “levou à perfeição definitiva os que ele santifica (Hb 10,14). Finalmente, ressuscitado dentre os mortos, vive e ora constantemente por nós (cf. Hb 7,25).

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