sábado, 15 de novembro de 2008

Viver como filhos da luz responsáveis – Reflexão das leituras do 33º Domingo do Tempo Comum


Mais um ano litúrgico está prestes a encerrar - o ano da Igreja não coincide com o ano civil. E, à medida que o término se aproxima, os textos litúrgicos propõem voltarmos o olhar para o nosso destino final: a participação na alegria do Senhor (cf. Mt 25,21b). Um dia Senhor virá ao nosso encontro. Nós caminhamos para Ele!
O 33º Domingo do Tempo Comum - penúltimo do ano da Igreja - celebrado hoje nos recorda essa verdade, ao mesmo tempo em que nos adverte para o critério de participação na alegria da vida divina: a responsabilidade dos filhos da luz.
S. Paulo, na 2ª leitura, chama-nos à atenção, afirmando não nos importar saber o dia e a hora em que o Senhor virá (cf. 1Ts 5,1). O importante é viver vigilante e sóbrio, longe das trevas (cf. 1Ts 5,6), na responsabilidade da vida nova recebida no batismo.
Viktor Frankl, fundador da logoterapia, postulou-nos que o ser-responsável é elemento estruturante do psiquismo humano, é uma realidade ontológica. O homem integrado não pode ser o homem vitimizado por suas paixões e impulsos, mas aquele que assume sua condição de ser sob a égide da própria responsabilidade. O homem não pode fugir da responsabilidade se sua existência; fazê-lo é alienação de si mesmo.
Para nós cristãos a condição de ser responsável é iluminada pelo Espírito de Cristo. Ele nos coloca na luz de Deus, na qual devemos permanecer. Afinal, retomando S. Paulo, viver nas trevas é viver alijado da própria condição de ser homem, uma vez que não assumimos a responsabilidade por nossa própria vida nova.
O Evangelho de hoje exemplifica bem a realidade da responsabilidade de viver como filhos da luz. Todos nós, pelo batismo, fomos chamados das trevas à luz admirável da vida divina. (cf. 1Pd 2,9). Todos nós, desde então, recebemos o dinamismo do Espírito de Cristo em nós. Ele e somente Ele pode nos auxiliar a sermos responsáveis por essa vida e fazê-la multiplicar em dons.
Por isso, a quem muito foi dócil à ação de Deus, muito receberá no dia do encontro com o Senhor (cf. Mt 25,29a). E a quem, diante o medo, preferiu a indiferença, mesmo reconhecendo que Deus pode tirar tudo do nada (cf. Mt 25,24s), esse até o gozo da vida divina, cuja as primícias recebera no batismo, perderá (cf. Mt 25, 29b).
A 1ª leitura, extraída do livro dos Provérbios, acrescenta à nossa reflexão o fato de que, diante da virtude de quem é fiel e responsável diante de Deus, o encanto e a beleza são fugazes e enganadores (cf. Pr 31,30). A dignidade e o valor dos filhos da luz responsáveis superam o encanto e a beleza das mais profundas e admiráveis realidades transitórias.
Ser cristão é viver na certeza de que o Senhor é a nossa meta final. Um dia viveremos para sempre com Ele. No entanto, a certeza da vida divina não nos aliena. Pelo contrário, faz-nos assumir a vida presente com responsabilidade, pois esta é condição, passaporte para a eternidade. Felizes são aqueles que temem o Senhor e trilham seus caminhos! Será abençoado cada dia da vida (cf. Sl 127, 1.5); e, ao término do caminho da vida, receberá o prêmio da participação na alegria do Senhor. Amém.

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