segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sobre a transitoriedade da beleza e dos prazeres

Cristo: Fonte da beleza e do Prazer


A pergunta que cala no coração daquele que pensa em se converter ou que está começando a se encantar por Deus e mesmo nos corações dos crentes que já servem a Ele é invariavelmente esta: vale a pena trocar as belezas e prazeres deste mundo por Deus? Vale a pena renunciar aos prazeres da carne e aos encantos dos olhos sempre que estes se manifestam contra a vontade divina? Façamos um pequeno esboço de solução para este questionamento existencial.
A beleza que nos encanta os olhos e deleita o nosso coração, na verdade, não é efêmera? Ela não passa com facilidade e rapidez? Sim, a beleza é igual à erva verde pelos campos: de manhã ela floresce vicejante, e é nesse amanhecer que nos encantamos com ela, mas à tarde é cortada e logo seca (Sl 89,6). A beleza em si não é ilícita, mas sempre efêmera; por que não sabemos aproveitá-la da maneira correta, deleitar-nos nela sem peso na consciência? É porque não percebemos que esta beleza não passa apenas de uma pequena fagulha de uma Beleza muito maior e é melhor não tomar posse da beleza transitória e sim da Beleza permanente. Assim, passando esta vida em meio às belezas e alegrando-nos nelas, mas não deleitando-nos demais, para não perdermos a meta da Beleza maior que está no termo do caminho, assim aproveitaremos digna e licitamente os pequenos encantos da vida. Não está aqui a sabedoria? Sim, na verdade a sabedoria está em dar o valor devido às coisas, nem mais nem menos. A correta hierarquia dos valores é a chave que abre o castelo divino da sabedoria.
O mesmo vale para os prazeres. De que adianta aprazer-se desmesuradamente nas coisas sensíveis e mesmo intelectivas se estas coisas não constituem um fim em si mesmas e no fim das contas continua o vazio que tentamos preencher loucamente com os prazeres? Sim, os prazeres, de per si não são nem lícitos nem ilícitos; é o uso e o valor que deles fazemos e a eles damos que os transformará em bons ou maus. O melhor, portanto, é buscar o Prazer verdadeiro, do qual os prazeres deste mundo não são senão a entrada em comparação com o prato principal. Cumpre que não nos saciemos já na entrada e não possamos digerir o melhor que está por vir.
É verdade que dar os devidos valores à beleza e aos prazeres não é fácil; os deleites imediatos não são deliciosos? E não é muito mais fácil falar em castidade, pureza, obediência, perdão, enfim, não é muito mais fácil falar em santidade do que vivê-la? Sem dúvida. Mas é preciso um esforço para não sucumbir à tentação. Pensemos naqueles grandes e verdadeiros heróis que souberam vencer a si próprios e chegaram a uma humanidade mais plena já neste mundo porque conformada com Aquele que é o Homem perfeito: a multidão de testemunhas, que chamamos santos, do céu torcem por nós e nos ajudam com suas preces e exemplo: sim, é possível. Sobretudo, fixemos o olhar n’Aquele que é a Beleza verdadeira e a fonte de todo o prazer pleno. No tempo devido comeremos os deliciosos frutos, contanto que não os colhamos antes do tempo.

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