terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Missa - Plenitude da Salvação - II

“Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim.’ Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: fazei-o em memória de mim’. Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha” (1Cor 11,23-27). O gesto de Jesus, na véspera de sua paixão, de entregar o Seu Corpo e Seu sangue por aqueles que Ele amava até o extremo (cf. Jo 12,1), é nada menos que a antecipação da entrega de seu corpo na Cruz. “O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício” nos ensina o Servo de Deus João Paulo II na encíclica Ecclesia de Eucharistia. A diferença entre os dois está somente no modo como é oferecido: de um modo incruento na Eucaristia, e de um modo cruento na cruz. No entanto, são um único e mesmo sacrifício.
Mas podemos nos perguntar: porque, então, a Igreja repete a Sacrifício Eucarístico todos os dias, em todas as partes do mundo e durante esses dois mil anos, se ele é único e irrepetível? Na verdade a Igreja não repete o Sacrifício de Cristo; apenas cumpre a ordem do Senhor: “fazei isto em memória de mim”. Esse termo “memória” que é expressão das palavras grega anamnésis e hebraica zikaron, significa não a simples lembrança de um fato ocorrido no passado, mas a entrada daquelas pessoas que celebram no mistério celebrado: é a “presentificação” do fato histórico e salvífico do Sacrifício de Cristo. É a maneira pela qual nós e todas as pessoas em todas as épocas, passada e futura, adentramos no mistério de Cristo e adquirimos, por Ele, a nossa salvação. Isso é obra do Espírito Santo.
Na Missa estamos todos “reunidos no amor de Cristo”, e o amor de Cristo é o Espírito Santo. E, se amor de Deus, o Espírito Santo, perpassa toda a ação sagrada da Missa, então podemos dizer que na Missa entramos no mistério de Deus, entramos em Deus: e Deus é Eterno, intemporal; dessa forma, na Missa estamos dentro da Eternidade, participamos já das coisas celestes e estando ali, temos diante dos olhos o único e eterno Sacrifício oferecido por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que é ao mesmo tempo Sacerdote, Vítima e Altar. Meditar acerca desta realidade deve encher-nos de santo temor e tremor. E, diante do Sacrifício da Missa, a nossa atitude deve ser conforme o ensinamento de São Leonardo de Porto Maurício, ardoroso apóstolo da Santa Missa: “Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos” (O Tesouro Oculto).

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