Nos primeiros séculos de existência do cristianismo não se sabia ao certo que visão de mundo este abraçaria: a aristotélica ou a platônica. Na visão aristotélica de mundo predomina a confiança na razão, a admiração pela natureza, a sensação de estar em casa neste mundo. Já a visão platônica, tem como traços característicos uma desconfiança da natureza, da humanidade e das coisas sensíveis e um apelo a um mundo extramundano.
Foi Santo Agostinho, o maior dos Padres e doutores da Igreja, quem deu a orientação predominantemente platônica (mais especificamente, neoplatônica) ao cristianismo nascente, influenciado, sem dúvida, pelas incertezas de sua época, onde reinava o caos das movimentações dos bárbaros, já presentes num Império Romano desagregado e em escombros.
A importância do pensamento de Agostinho nos sete séculos seguintes nunca será suficientemente medida: depois da Sagrada Escritura, ele era “a” autoridade. Sua obra A Cidade de Deus (só superada pelas Confissões e pela Bíblia) deu o tom do pensamento ocidental. Foi Agostinho quem estabeleceu a opção do cristianismo pela visão platônica do mundo em detrimento da visão aristotélica; isto aconteceu, provavelmente, porque não houve até ali alguém capaz de “batizar Aristóteles”, ou seja, ninguém havia conseguido fazer uma síntese da doutrina cristã com as noções aristotélicas, ao contrário do que havia conseguido fazer o santo Doutor de Hipona com o pensamento de Platão.
Depois de Agostinho, apenas Boécio e Cassiodoro são dignos de nota no campo da filosofia entre os séculos VI e X. Boécio foi de uma importância ímpar: foi ele que traduziu para o latim todas as obras de Aristóteles que o Ocidente conheceu nos séculos seguintes, além de obras de Platão e outros pensadores gregos, além de nos deixar uma original obra-prima, o De consolatione philosophiae. Já Cassiodoro tentou junto ao papa a criação de uma universidade em Roma; as contingências histórias, entretanto, não o permitiram. Mas ele teve o grande mérito de recolher as obras de Boécio e de muitos pensadores greco-romanos e retirar-se definitivamente para Vivarium, uma pequena vila no interior da Itália onde, ao utilizar uma abadia local para conservar as obras recolhidas, deu origem à tradição dos monges-copistas.
Enquanto isso, em Bizâncio, um cristianismo ortodoxo e extremamente passional rejeitou todo contato com a filosofia grega que não fora imediatamente posta em acordo com a doutrina cristã. Perdidos em batalhas teológicas, os cristãos do Oriente praticamente expulsaram a filosofia grega para terras além cristãs; assim, o tesouro filosófico grego e, em especial, aristotélico, foi herdado pelos persas e, posteriormente, pelos muçulmanos.
Apenas no século XI é que estas obras voltaram ao poder dos ocidentais através dos sábios de Toledo – salvo o que foi dito no primeiro artigo a respeito das obras aristotélicas do Monte Saint-Michel. No mundo islâmico, a filosofia aristotélica havia influenciado muito pouco da civilização muçulmana. Exceto por uma pequena elite intelectual, o pensamento filosófico não se estendeu nem se tornou tão importante no Islã quanto ao que aconteceria dentro em pouco com o cristianismo. Foram os filósofos cristãos que puderam dar o grande passo de “aristotelizar” a forma mentis do mundo de então, não sem a influência e as bênçãos da Igreja católica.
Foi Santo Agostinho, o maior dos Padres e doutores da Igreja, quem deu a orientação predominantemente platônica (mais especificamente, neoplatônica) ao cristianismo nascente, influenciado, sem dúvida, pelas incertezas de sua época, onde reinava o caos das movimentações dos bárbaros, já presentes num Império Romano desagregado e em escombros.
A importância do pensamento de Agostinho nos sete séculos seguintes nunca será suficientemente medida: depois da Sagrada Escritura, ele era “a” autoridade. Sua obra A Cidade de Deus (só superada pelas Confissões e pela Bíblia) deu o tom do pensamento ocidental. Foi Agostinho quem estabeleceu a opção do cristianismo pela visão platônica do mundo em detrimento da visão aristotélica; isto aconteceu, provavelmente, porque não houve até ali alguém capaz de “batizar Aristóteles”, ou seja, ninguém havia conseguido fazer uma síntese da doutrina cristã com as noções aristotélicas, ao contrário do que havia conseguido fazer o santo Doutor de Hipona com o pensamento de Platão.
Depois de Agostinho, apenas Boécio e Cassiodoro são dignos de nota no campo da filosofia entre os séculos VI e X. Boécio foi de uma importância ímpar: foi ele que traduziu para o latim todas as obras de Aristóteles que o Ocidente conheceu nos séculos seguintes, além de obras de Platão e outros pensadores gregos, além de nos deixar uma original obra-prima, o De consolatione philosophiae. Já Cassiodoro tentou junto ao papa a criação de uma universidade em Roma; as contingências histórias, entretanto, não o permitiram. Mas ele teve o grande mérito de recolher as obras de Boécio e de muitos pensadores greco-romanos e retirar-se definitivamente para Vivarium, uma pequena vila no interior da Itália onde, ao utilizar uma abadia local para conservar as obras recolhidas, deu origem à tradição dos monges-copistas.
Enquanto isso, em Bizâncio, um cristianismo ortodoxo e extremamente passional rejeitou todo contato com a filosofia grega que não fora imediatamente posta em acordo com a doutrina cristã. Perdidos em batalhas teológicas, os cristãos do Oriente praticamente expulsaram a filosofia grega para terras além cristãs; assim, o tesouro filosófico grego e, em especial, aristotélico, foi herdado pelos persas e, posteriormente, pelos muçulmanos.
Apenas no século XI é que estas obras voltaram ao poder dos ocidentais através dos sábios de Toledo – salvo o que foi dito no primeiro artigo a respeito das obras aristotélicas do Monte Saint-Michel. No mundo islâmico, a filosofia aristotélica havia influenciado muito pouco da civilização muçulmana. Exceto por uma pequena elite intelectual, o pensamento filosófico não se estendeu nem se tornou tão importante no Islã quanto ao que aconteceria dentro em pouco com o cristianismo. Foram os filósofos cristãos que puderam dar o grande passo de “aristotelizar” a forma mentis do mundo de então, não sem a influência e as bênçãos da Igreja católica.

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