Tomai sobre vós o meu jugo e de mim aprendei,
que sou de manso e humilde coração. (Mt 11,29ab)
Estas palavras de Jesus no Evangelho de Mateus dão o tom da solenidade que hoje celebramos. Elas foram ditas logo após o Senhor ter dito que o a sabedoria das coisas de Deus, o conhecimento de Deus, foi dado não aos grandes, mas aos pequenos: Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos. (Mt 11,25) Assim, o Senhor se mostra como o mestre que ensina a verdadeira sabedoria divina àqueles que se fazem pequenos, que tem a atitude de pobreza – Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus (Mt 5,3), havia dito o Senhor –, porque ele próprio é pobre, ele próprio é manso e humilde de coração. Ao dizer aprendei de mim o Senhor Jesus se coloca como o exemplo, o modelo perfeito dos filhos de Deus. Ele que é o Filho, nos ensina a sermos filhos, porque somente assim, através d’Ele, podemos conhecer o Pai (cf. Mt 11,27).
Mas que conhecimento de Deus é esse que Jesus veio trazer para a humanidade? O evangelista São João nos dá a resposta: Deus é amor (1Jo 4,16). E este amor se revela, se manifesta, na pessoa de Seu Filho; de fato, diz ainda João: Nisto se manifestou o amor de Deus por nós: Deus enviou o Seu Filho único ao mundo para que vivamos por ele (1Jo 4,9) e, em outra parte: Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer tenha nele a vida eterna (Jo 3,16).
Mas bem antes da Nova Aliança em Jesus, o Senhor Deus já havia revelado seu amor, suas entranhas misericordiosas ao seu povo (cf. Lc 1,78), por meio da boca do profeta Oséias, conforme ouvimos na primeira leitura da missa de hoje: Quando Israel era criança, eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho. (...) Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo, e rebaixava-me a dar-lhes de comer. (...) Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão (Os 11,1.4.8c). E, por meio do salmista: O seu amor é para sempre! (Sl 117,1-4; 135).
Mas Deus não ama só com palavras bonitas; Ele amava de verdade, até o fim, até a cruz. Eis a cruz: sinal eminente do amor de Deus pelos homens. Lá Ele doa toda a Sua vida divina, e, mesmo depois de morto, ainda nos doa, de seu peito aberto pela lança, a água e o sangue, prefiguração dos sacramentos do batismo e da eucaristia, que nos dão a vida nova do Espírito Santo, para, dessa forma, sermos fundados, enraizados no amor de Cristo que em nós é infundido pelo Espírito Santo, o qual, por sua vez, nos torna capazes de cumprir o mandamento do amor (cf. Jo 13,34) para nos tornarmos semelhantes a Ele. Assim, nós poderemos dizer como o evangelista: Nisto reconhecemos que permanecemos nele e ele em nós: ele nos deu seu Espírito (1Jo 4,13).
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