sábado, 21 de novembro de 2009

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo

Chegamos à ultima semana do ano litúrgico. O ciclo litúrgico é imagem da história da salvação: ele começa com a expectativa da chegada do Salvador da humanidade, penetra no mistério da morte e ressurreição do Senhor, segue e termina no acontecimento escatológico quando o Cristo virá para reinar sobre o mundo, exercer a justiça sobre a terra e dar a recompensa aos servos justos: o reino preparado para eles desde toda a eternidade.
Pois bem: chegamos ao último domingo do ano litúrgico, comemorando este fato escatológico que, celebrado na Sagrada Liturgia, acontece agora. Sim, meus irmãos, na Liturgia entramos na eternidade: o Sacrifício pascal de Cristo é tornado presente, bem como toda a economia da salvação e, inclusive, os tempos futuros. Na liturgia penetramos o “tempo” de Deus, que não é tempo, mas eternidade; utilizando as categorias de Santo Agostinho, diríamos que na liturgia deixamos o nunc transiens, o agora que passa, ou seja, o tempo, para penetrar no nunc stans, o agora que permanece, isto é, a eternidade.
Assim sendo, podemos agora entender o sentido preciso da Solenidade de hoje: no fim dos tempos Cristo virá como Rei para reinar sobre o reino que seu pai lhe deu (cf. Sl 2), sentando-se no seu trono glorioso para separar o joio do trigo (cf. Mt 13,30.41-42), os peixes bons dos maus (cf. Mt 13,47-50), as ovelhas dos cabritos (cf. Mt 25,32). Mas, na verdade, o Cristo já reina, embora de modo não-pleno ainda: reina por Sua presença (cf. Lc 17,21) que enche toda a terra e, no coração humano que o acolhe, reina como Senhor. Cristo já reina no coração dos que creem e já reina na Igreja; enquanto Deus, reina sobre toda a criação por sua virtude divina. Mas também nos incumbe de fazer que seu reinado se estenda por toda a terra, não apenas nos corações dos homens, mas nas estruturas sociais, nas leis das nações, na cultura, na economia... É dever de todo cristão impregnar o mundo com o bom odor de Cristo, espalhar pelo orbe o seu reino “de verdade e vida, santidade e graça, justiça, amor e paz” (cf. Prefácio da Missa de Cristo Rei). É preciso lutar contra as forças do mal que querem apagar da sociedade os sinais de Cristo, retirando os crucifixos dos lugares públicos, fazendo passar leis iníquas nos parlamentos, sendo conivente com as ideologias pagãs e destrutivas. Ergamo-nos, cristãos: vós formais um reino de sacerdotes (Ap 5,10) e, se Cristo é o Rei dos reis, Senhor dos senhores, é porque ele reina e domina sobre nós: nós somos reis, nós somos senhores.

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