quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ESSA CRUZ MUITO AMADA

Do Livro O Meu Cristo de Cada Dia,
Padre Virgílio, SSP.

Se alguém quer vir após mim,
tome a sua cruz
(Mt 16,24).

Mais de uma vez fiquei pensando no que significariam para mim essas palavras de Jesus: “Cada um tome a sua cruz e siga-me”.
Imaginei que Cristo me convidasse apenas a suportar sem reclamações as contrariedades da vida.
Julguei que a cruz fosse algo que acontece por acaso na vida da gente e que é preciso agüentar pacientemente até o fim. Um cálice amargo que alguém me oferece e que não fica bem recusar...
Mas hoje, não estou mais convencido disso. Sei com certeza que a cruz não é um imprevisto. Não é uma paulada na cabeça nem uma telha que cai em cima da gente e que é preciso suportar com toda resignação.
Jesus não disse: “Agüentai a cruz”. Disse: “Tomai a cruz”.
Então, significa que ela deve ser assumida conscientemente, deve ser tomada, abraçada, amada.
Em concreto, significa que eu devo assumir os compromissos do batismo, ocupar com coragem o meu lugar na construção do mundo novo, aceitar integralmente o sermão da montanha e o Evangelho todo, acolher o Cristo em minha vida, com todas as suas exigências.
Significa, enfim, que devo aceitar a vida e aceitar a morte, como ato de amor, como missão e como serviço.
É debaixo de uma cruz que nasce e amadurece uma vida. É nos braços dela que o homem se torna homem.
Mas eu não posso ser apenas um cireneu “obrigado” a carregá-la, nem um condenado à morte “forçado” a levá-la até o lugar da execução.
Não basta eu dobrar o dorso debaixo dela. Será preciso que eu lhe abra o coração.
Nem é suficiente arrastá-la com a força do desespero e com a raiva de quem nada pode fazer para evitá-la. Ela tem que ser carregada nos braços como uma criança muito amada.
Então, ele se tornará leve, como disse Jesus.
Mesmo porque debaixo dela não estarei sozinho. Estará também ele a carregá-la comigo.

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