
Hoje o Senhor Jesus, na alta montanha, diante de Pedro, Tiago e João, revela-se glorioso, revestido de uma glória jamais vista, jamais pensada (cf. Mc 9,2). S. Marcos expressa essa realidade com um detalhe interessante: Jesus se transfigura e suas vestes se tornam brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar (cf. Mc 9,3). O evangelista, de outra maneira, quer nos mostrar, aquilo que S. Paulo também afirma: a glória celeste na qual Jesus é totalmente revestido é algo que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (cf. 1Cor 2,9).
É essa a glória a qual a Igreja e toda a humanidade é chamada a participar, a glória que a Igreja e a humanidade esperam, e porque esperam, procuram, e procuram porque esse é o destino de todo ser humano: viver em Deus. E participar da glória Dele é algo para o qual fomos predestinados antes mesmo da fundação do mundo (cf. Ef 1, 4). Por isso Jesus, ao se transfigurar no monte, antecipa a glória com a qual será revestido na ressurreição, para que Pedro, Tiago e João, e cada um de nós reconheça que essa glória jamais vista, ouvida ou sentida pelo coração humano, Deus também a preparou para aqueles que o amam (cf. 1Cor 2,9).
Essa antecipação da ressurreição gloriosa de Cristo também tem por finalidade afastar dos discípulos o medo, o medo do escândalo da cruz. Sim, porque nós tendemos naturalmente ao medo. Cremos, mas muitas vezes é difícil aceitar que o crente de verdade é aquele livre do fardo de querer ter o controle, a certeza e a compreensão de tudo. A cruz escandaliza, mas seu jugo é suave e seu fardo é leve quando temos diante dos olhos a liberdade dos que confiam, dos que não querem ser a medida de todas as coisas, dos que caminham tendo diante dos olhos o Cristo transfigurado.
Caminhemos, portanto, com os olhos fixos nessa verdade: fomos criados para sermos revestidos da mesma glória com a qual Cristo é hoje transfigurado. E, enquanto peregrinamos nesse mundo, não nos desviemos pelo medo, mas confiemos e escutemos as palavras do filho amado do Pai (cf. Mc 9,7), palavras de vida eterna (cf. Jo 6, 68).
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