sábado, 8 de janeiro de 2011

O Salvador foi batizado e renovou o velho homem - Festa do Batismo do Senhor





A celebração de hoje encerra o Tempo do Natal, em que a Igreja comemora a manifestação do Salvador do Mundo. Mais do que a natividade, é a manifestação do Senhor, mais do que a natividade, o centro do Natal. De fato, nas cinco festas deste Tempo, aparece este aspecto: primeiro, a Solenidade da Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo, no dia 25, onde o Filho eterno do eterno Pai é manifestado apenas aos mais humildes dos humildes – José, Maria, os pastores – de forma magnífica e inconcebível no Menino deitado no presépio e envolto em faixas. Sim neste Menino, “habita corporalmente a plenitude da divindade” (Cl 2,9), Ele é o Deus bendito pelos séculos que sustenta as aves do céu e é sustentado com o leite do seio de Maria. Depois, na Festa da Sagrada Família, o Menino é manifestado dentro de uma família humana. O que poderia haver de mais humano de que uma família? Pois Deus quis se revelar na convivência da Santíssima Família de Nazaré. Em seguida, saudamos a Virgem Santíssima na Oitava do Natal como Mãe de Deus: o Filho Bendito que lhe nasceu do ventre é o Deus eterno e onipotente. No domingo seguinte a Solenidade da Epifania, a verdadeira manifestação do Salvador aos povos pagãos simbolizados pelos Magos do Oriente que vieram adorar o Menino-Deus, antecipando a adoração que lhe seria tributado por todos os povos e gentes convertidos à verdadeira fé. E agora, com a Festa do Batismo do Senhor, Jesus é manifestado ao povo de Israel mediante uma fulgurante e pública teofania: Aquele que é batizado por João é o Servo, o Eleito de Deus, que deveria trazer a salvação prometida por Deus a seu povo.
O batismo ao qual Jesus se submete não é o mesmo batismo nosso, o sacramento cristão. O batismo de João, no qual Jesus foi batizado, era puramente simbólico, significando a disposição do batizando em se converter e preparar os caminhos da sua vida para a chegada do Messias. Assim nos testemunha o evangelista São Mateus: “Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia. Dizia ele: Fazei penitência porque está próximo o Reino dos céus. (...) Confessavam seus pecados e eram batizados por ele nas águas do Jordão.” (3,1-2.6). E porque Jesus se deixa batizar? O Ele mesmo responde: “Convém que cumpramos a justiça completa” (Mt 3,15). Jesus é batizado para demonstrar a realidade da sua radical solidariedade com os pecadores, Ele que é o Santo e Imaculado. Ele não tem necessidade de ser purificado pelas águas mas, como diz São Máximo de Turim, “Cristo foi batizado não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las e para purificar as torrentes com o contato do seu corpo. A consagração de Cristo é sobretudo a consagração da água” (Sermão 100, sobre a Santa Epifania). E continua o santo bispo do século V: “Assim, quando o Salvador é lavado, todas as águas ficam puras para o nosso batismo; a fonte é purificada para que a graça batismal seja concedida aos povos que virão depois. Cristo nos precede no batismo para que os povos cristãos sigam confiantemente o seu exemplo”.
Neste dia, também devemos fazer memória do dia nosso batismo. Neste dia nós renascemos pela água e pelo Espírito de Deus, para sermos constituídos como pedras vivas para o edifício espiritual que é o Corpo de Cristo, a Igreja de Deus. Neste dia nós recebemos o penhor da vida eterna, que se concluirá no dia de nossa passagem para a vida verdadeira, escondida com Cristo em Deus (cf. Cl 3,3) e da qual esta é apenas um sinal e antecipação. Ó dia feliz o do nosso batismo, em que recebemos o Espírito Santo que nos começou a divinizar, a nos tornar filhos de Deus! Ó dia feliz em que fomos regenerados da nossa natureza corrompida e no qual morremos com Cristo para vivermos com Ele! Relembremos este dia e agradeçamos muito por ele ao Senhor. “Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova.” (Rm 6,4).
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