quarta-feira, 29 de setembro de 2010

São Vicente de Paulo - O Apóstolo da Caridade - 3


De volta à França

Vicente retornou, então, à França. Era pelo começo de 1609. Conversou com o rei, e ficou hospedado em São Germano, perto do Hospital da Caridade. Dali ele ia, constantemente, servir aos doentes e consolá-los.
Henrique IV vira e falara com Vicente de Paulo, mas parecia desconhecê-lo. É que o Santo evitava, cuidadosamente, tudo aquilo que pudesse dar-lhe ares de grandeza. Chamavam-no Monsieur Paulo – nome de família, e aquilo lhe soava como se fora de origem ilustre, de modo que, chegando a Paris, apresentou-se e fez-se simplesmente tratar por Monsieur Vicente, o nome de batismo.
Ao invés de usar o título de licenciado em teologia, deixava-se conhecer como um pobre professor secundário. Todavia, por mais cuidado que tivesse, escondendo como escondia as virtudes, acabavam descobrindo-as.
Um dia, foi apresentado à rainha Margarida, primeira esposa de Henrique IV, a qual, então, fazia profissão de piedade. Essa princesa queria vê-lo. E fez dele o chefe duma casa piedosa, com o título de capelão-ordinário.
Retirou-se depois Vicente para os Padres do Oratório, que o padre De Bérulle viera fundar: não para se agregar à companhia, mas para viver no retiro sob a direção do piedoso fundador. Ali ficou o Santo por dois anos.
Nesse tempo, Bourgoing, pároco de Clichy, lugar situado a seis quilômetros de Paris, deixou a paróquia para ingressar na Ordem, onde sucedeu, mais tarde, como superior-geral, ao padre De Bérulle. Aquilo proporcionou a Vicente encarregar-se da paróquia então vaga, cargo que aceitou apenas por espírito de obediência.
Em Clichy, a cumprir reta e devotamente os deveres de bom pastor, caiu nas graças de todos. Era estimadíssimo, não só na própria freguesia, como nas paróquias da circunvizinhança. Restaurou nove igrejas, proveu-as do que necessitavam, e instituiu a Confraria do Rosário.
Tempos depois, corria o ano de 1613, deixou a paróquia: é que o padre De Bérulle o aconselhara a aceitar o cargo de preceptor dos filhos de Filipe Emanuel De Gondi, conde de Joigni, Chefe Geral dos galeotes de França, e de Francisca Margarida de Silly, mulher de excelente virtude.
O Geral e a esposa tinham três filhos: o mais jovem faleceu com dez ou doze anos; o mais velho foi duque e par; o segundo tornou-se o famoso cardeal de Retz.
Vicente de Paulo viveu doze anos na casa do conde de Joigni. Quando o casal ia para o campo com os filhos, levando-o também, o maior prazer do Santo era percorrer as vizinhanças e catequizar os pobrezinhos, instruindo-os. Pregando ao povo, exortava-o, administrava-lhe os santos sacramentos, principalmente o da penitência, confirmava-o na fé, com a aprovação dos bispos e o agrado dos padres.
Duma feita, estando no castelo de Folleville, em 1616, na diocese de amiens, vieram rogar-lhe fosse a Gannes, aldeia situada a mais ou menos duas léguas de distância.
- Há lá, disseram-lhe, um velho, um homem de bem, que deseja se confessar com Monsieur Vicente. Está doente, muito doente – perigosamente entre a vida e a morte.
Vicente foi, e a condessa acompanhou-o.
O velho tinha sessenta anos, e queria fazer uma confissão geral. Ao dar com a condessa, disse:
- Ah, senhora, estarei perdido se não fizer uma confissão geral! Ah, como agora me atormentam grandes pecados do passado, pecados que deixei de confessar!
Àquelas palavras, a condessa Francisca Margarida redargüiu:
- Oh, Monsieur Paulo! – exclamou comovida – Que coisa! Que pensar das pobres almas todas? Este, que era tido como homem de bem, atormenta-se com grandes pecados – que dizer dos que não são tidos nesta conta? Quantas almas se perdem!
Era em janeiro, a 25, festa da conversão de São Paulo. E a condessa rogou a Vicente que pregasse na igreja de Folleville, a todos chamando à confissão geral. Vicente pregou e ensinou a todos a melhor maneira de fazer uma ótima confissão. A pregação foi tão inflamada e tão inspirada, que ninguém deixou de comparecer ao confessionário. Foi uma avalanche – e Vicente precisou valer-se da ajuda de dois jesuítas de Amiens.
Dado o êxito da pregação, que imensos foram os frutos recolhidos, resolveram fazer o mesmo nas adjacências, nas terras sujeitas à casa De Gondi. Tal foi a primeira missão de São Vicente de Paulo.

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