Este é post de número500 do blog! Agradecendo a todos os que o visitam nesses quase três anos e maisde 20 mil acessos, começarei uma série de artigos sobre a História da Liturgiada Igreja. Espero que seja útil para tantos quantos aportem por aqui. Deus osabençoe e boa leitura!
INTRODUÇÃO
E rogarei ao Pai e ele vos dará outroParáclito,
para que convosco permaneça para sempre (...)
[Ele] vos ensinarátudo e vos recordará tudo que vos disse. (Jo 14,16.26)
Eis que estou convosco todos os dias, até o fimdos tempos. (Mt 28,20)
Deus é fiel e cumpre as promessas. (Rm 15,8)
A promessa de JesusCristo de permanecer sempre em sua Igreja, não poderia ficar sem cumprimento; eé pelo Espírito Santo, Um com o Pai e o Filho, que Este a realiza. Assim, emtoda a história da humanidade depois de Cristo, transparece o esplendor dapresença divina pela sustentação e renovação da Igreja e pelos inúmeros sinaisdivinos de que o Senhor, não obstante a debilidade dos seus fiéis, sustenta aIgreja e a torna Santa e Imaculada.
O Espírito Santocaminha com a Igreja, a conduz nos caminhos tortuosos da história. Em cadaépoca, o Espírito guia a Igreja. Guiou-a desde a comunidade primitiva, passandopela época dos mártires, das relações com o Império Romano, da educação dospovos bárbaros, do esplendor medieval das catedrais e das cruzadas, na crise dofim da Idade Média, no Renascimento, na época do Absolutismo e das Luzes, naera das Revoluções e das Guerras, no doloroso século XX e neste novo que seinicia. Em cada época, o Espírito renova a Igreja: ela se torna nova e, aomesmo tempo, permanece a mesma: a Esposa Imaculada do Cordeiro Imaculado. Emépoca alguma o Espírito tirou férias ou cochilou: Ele sempre sustentou esustentará a Igreja Católica até o seu encontro definitivo com o Cristoglorioso.
A Liturgia é o momentoprivilegiado da ação de Cristo no Espírito. Ele é o responsável pelacomunicação sacramental da graça de Cristo aos fieis. A esse respeito, assim seexpressa o Catecismo da Igreja Católica: “Nesta comunicação sacramental domistério de Cristo, o Espírito age da mesma forma que nos outros tempos daeconomia da salvação: prepara a Igreja para encontrar seu Senhor, recorda emanifesta Cristo à fé da assembleia, torna presente e atualiza o mistério deCristo por seu poder transformador e, finalmente, como Espírito de comunhão,une a Igreja à vida e à missão de Cristo.” (n. 1092)
Nesta série de artigosque começamos hoje e que se seguirão, vamos acompanhar a história dodesenvolvimento da Liturgia da Igreja ou a história do culto cristão. Veremoscomo o Espírito conduziu a Igreja no modelar o essencial do seu culto com asdiferentes culturas, épocas e lugares. E, como o elemento humano é constitutivoda Igreja, veremos as dificuldades e vicissitudes por que passou a organizaçãodo culto cristão. Isto, longe de nos fazer rejeitar a Liturgia como obrameramente humana e campo livre para a criatividade indevida, nos fazcompreender a Liturgia como obra do Cristustotus, do Cristo inteiro, Cabeça e Corpo, o Cristo e a Igreja; Liturgiaessa que, como diz o Concílio Vaticano II, é o cume e o ápice, donde provém epara onde tendem toda a vida e a ação da Igreja. (cf. Sacrossanctum Concilium,10).
O CULTO NA ÉPOCA DONOVO TESTAMENTO – ASPECTOS INICIAIS
Assim como nosdiversos âmbitos da vida cristã, da doutrina, da fé propriamente dita, daoração etc, a vida de culto do cristianismo deve tomar como ponto de partida ecomo base última a comunidade primitiva, que condensou sua vida litúrgica noslivros do Novo Testamento. Este basear-se na Escritura é fundamental, embora,obviamente, não podemos conceber tanto em matéria litúrgica, quanto em matériateológica e estrutural, uma fixidez fossilizante e querer fazer que a Igrejaseja hoje exatamente o que era nos seus primórdios, como fazem alguns gruposcristãos, ignorando que o Espírito conduz a Igreja e a faz desenvolver-se deacordo com as culturas, povos e épocas sem, contudo, perder a sua identidade.
Os vários elementoscultuais encontrados no Novo Testamento atestam um processo dinâmico de desenvolvimento:o conjunto dos livros do Novo Testamento que vai se formando paulatinamente noséculo I d.C, constitui-se como o primeiro livro litúrgico das primeirascomunidades cristãs, mas, ao mesmo tempo, é o culto comunitário que exercepapel fundamental na confecção dos livros sagrados. As próprias tradiçõesevangélicas e apostólicas fixam-se num ambiente de celebração litúrgica: comoatestam inúmeros documentos, inclusive neotestamentários (somente a título deexemplo, cf, Lc 24,13-35 e, sobretudo, 1Cor 11), o ambiente próprio dacatequese e da educação da fé que fez nascer os Evangelhos e outros escritos éo ambiente litúrgico. Era na liturgia que se fazia a memória dos ditos e açõesde Jesus, em que se narravam a história de sua Paixão e Ressurreição, base efundamento de toda a fé, e, posteriormente e iluminados pelo evento pascal,toda a história anterior de Jesus e que seriam cristalizadas nos Evangelhos.Também as epístolas de Paulo e outros escritos que circulavam entre ascomunidades cristãs e que, mais tarde, seriam tomados como inspirados pelaautoridade de Igreja, destinavam-se a ser lidas na assembleia litúrgica. Para quêiriam se reunir os cristãos primitivos senão para cumprir o preceito da oração,ouvir os oráculos divinos e, sobretudo, realizar o mandato de Jesus “fazei istoem memória de mim” (Lc 22,19), como era próprio da reunião eucarística? Deste modo,podemos dizer com toda a segurança: o Novo Testamento nasce no seio daassembleia litúrgica.
Mas o que nos dizem oslivros do Novo Testamento sobre o culto dos primeiros cristãos?
As referênciascúlticas no Novo Testamento e nos escritos primitivos são fragmentárias eacidentais. Isso acontece por dois motivos:
a) Os atos de Jesus revelam uma certa "falta de sistemática";
b) As diversas comunidades cristãs são um todo plura que aninham sensibilidades diferentes que passam para a liturgia (por exemplo, a contraposição entre judeu-cristãos e heleno-cristãos, quanto ao relacionamento da Torá com a Nova Aliança de Cristo).
Entretanto, éabundante, no Novo Testamento, as referências a uma teologia do culto cristão. Estateologia está em continuidade e, ao mesmo tempo, em ruptura com o culto judaicoe pagão anterior ao cristianismo. O culto, manifestação fundamental dareligião, apresenta um fundo comum às religiões; mas a Bíblia é uma ruptura comas religiões da natureza, enquanto o Novo Testamento uma ruptura com a tradiçãojudaica do Antigo Testamento. Para entendermos o que há de continuidade eruptura com o judaísmo, veremos, nos próximos artigos, as raízes judaicas doculto cristão e a sua originalidade.

Caro Henrique, parabéns!!!!
ResponderExcluirEstou acompanhando os seus escritos, estou atento ao blog!
Abração!!!!
Sem. Everson Fontes