terça-feira, 10 de julho de 2012

Eugênio, Príncipe da Igreja na terra, reina já nos céus

Impressionante a repercussão dada pela mídia pela morte do Cardeal Eugênio Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro. Mas é interessante notar que, não tivesse ele escondido fugitivos dos regimes autoritários sul-americanos, não teria tido tanto espaço na mídia. E ainda falam que ele era "conservador, mas...", como se ser conservador fosse uma mancha, algo demeritório...
Hoje rezei o Ofício das Leituras do Oficio dos Fiéis defuntos, em sufrágio pela alma de D. Eugênio Sales. Homens como ele devem ser propostos como modelo de vida. Não Safadões, Neymares, Silvas... Nosso coração se orgulha por haver brasileiros como ele, pouquíssimos, é verdade, mas saber que Deus ainda nos dá homens desse tipo enche-nos de esperança. Partiu, contudo; fica o seu exemplo e a nossa esperança.
Deixo um texto do Ofício divino, sobre a Ressurreição dos mortos, esta que D. Eugênio proclamou na sua vida e que agora, segundo cremos e esperamos, ele desfruta junto a Cristo.

Dos Sermões de Santo Anastásio, bispo de Antioquia
(Sermão 5. Sobre a ressurreição de Cristo, 6-7.9: PG 89, 1358-1359. 1361-1362) (Sec.VI)

                                     Cristo transformará o nosso corpo corruptível


Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. Mas Deus não é Deus dos mortos mas dos vivos. Portanto, os mortos, sobre quem domina Aquele que voltou à vida, já não são mortos mas vivos; domina sobre eles a vida, para que vivam sem jamais recear a morte, tal como Cristo ressuscitou dos mortos e não morrerá jamais.
Assim, ressuscitados e libertos da corrupção, não tornarão a sofrer a morte, mas hão-de participar da ressurreição de Cristo, como Cristo participou da morte que sofreram.
Cristo não desceu à terra senão para quebrar as portas de bronze e despedaçar as trancas de ferro, que desde o início prendiam o homem, e para nos atrair a Si, livrando da corrupção a nossa vida e convertendo em liberdade a nossa escravidão.
E se este desígnio divino nos parece ainda incompletamente realizado – pois os homens continuam a morrer e os corpos a dissolverem-se na corrupção – ninguém veja nisso qualquer obstáculo para a fé. De facto, já recebemos o penhor de todos os bens prometidos, porque, mediante as primícias da nossa natureza que Cristo elevou consigo ao mais alto dos Céus, estamos já sentados com Ele nas alturas, como diz São Paulo: Ressuscitou-nos com Cristo e com Ele nos fez sentar no alto dos Céus.
No entanto, havemos de alcançar a consumação perfeita, quando vier o tempo predestinado pelo Pai; então deixaremos de ser crianças e chegaremos à medida do homem perfeito. Assim aprouve ao Pai dos séculos, para que o dom concedido fosse estável e não voltasse a ser precário por causa da insensatez pueril do nosso coração.
Não é necessário demonstrar a ressurreição espiritual do Corpo do Senhor, uma vez que São Paulo, falando da ressurreição dos corpos, afirma claramente: Semeia-se um corpo animal e ressuscita um corpo espiritual; quer dizer, ressuscita transfigurado como o de Cristo, que nos precedeu com a sua gloriosa transfiguração.
O Apóstolo sabia muito bem o que dizia ao explicar a sorte que espera toda a humanidade, graças à acção de Cristo, que transformará o nosso corpo miserável para o tornar semelhante ao seu Corpo glorioso.
Se, portanto, a transfiguração consiste em que o corpo se torne espiritual, isso significa que se tornará semelhante ao Corpo glorioso de Cristo, que ressuscitou com um corpo espiritual: aquele mesmo corpo que foi semeado na ignomínia transforma-se em corpo glorioso.
Por este motivo, tendo Cristo elevado para junto do Pai as primícias da nossa natureza, está pronto a elevar consigo todo o universo, como prometeu ao dizer: quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim.

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