Da Carta de São Clemente Romano, papa, aos Coríntios (36-38)
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Caríssimos, este é o caminho no qual encontramos a nossa salvação: Jesus Cristo, o sumo sacerdote de nossas ofertas, o protetor e o auxílio da nossa fraqueza. Por meio dele, fixamos nosso olhar nas alturas dos céus; por meio dele, contemplamos, como em espelho, sua face imaculada e incomparável; por meio dele, abriram-se os olhos do nosso coração; mediante ele, nossa mente obtusa e obscura refloresce para a luz; mediante ele, o Senhor quis fazer-nos experimentar o conhecimento imortal. “De fato, sendo ele, o resplendor de sua majestade, é tanto superior os anjos quanto o nome que herdou é mais excelente”. Assim está escrito: “Ele fez dos ventos mensageiros seus e de chama de fogo os seus servidores.” Assim diz o Senhor a respeito do seu Filho: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações como tua herança, e teus serão os confins da terra”. E lhe diz ainda: “Senta à minha direita, até que eu coloque os teus inimigos como estrado para teus pés.” Quais são os inimigos? São os malfeitores e aqueles que se opõem à sua vontade.
Irmãos, militemos com toda nossa prontidão sob as ordens irrepreensíveis dele. Consideremos os soldados que servem sob as ordens de nossos governantes: com que disciplina, docilidade e submissão eles executam as funções que lhe são designadas! Nem todos são comandantes, nem chefes de mil, nem chefes de cem, nem chefes de cinqüenta, e assim por diante. Cada um, porém, no seu próprio posto, executa aquilo que lhe é prescrito pelo rei e pelos governantes.
Os grandes não podem existir sem os pequenos, nem os pequenos sem os grandes; em tudo há certa mistura, e nisso há uma necessidade. Tomemos o nosso corpo: a cabeça não é nada sem os pés, nem os pés sem a cabeça; os menores membros do nosso corpo são necessários e úteis ao corpo inteiro, mas todos convivem e têm subordinação mútua para a saúde do corpo inteiro.
Conservemos, portanto, todo o nosso corpo em Cristo Jesus, e cada um seja submisso a seu próximo, conforme o dom que lhe foi conferido.
O forte cuide do fraco, e o fraco respeite o forte; o rico socorra o pobre, e o pobre agradeça a Deus porque lhe deu alguém para suprir a sua indigência. Que o sábio mostre sua sabedoria, não em palavras, mas em boas obras. Que o humilde não dê testemunho de si mesmo, mas deixe que outro testemunhe em seu favor. Que o puro em seu corpo não se vanglorie disso, pois sabe que é outro quem lhe concede a continência. Reflitamos, portanto, irmãos, sobre a matéria de que fomos feitos; como e quem éramos, quando entramos no mundo; de que túmulo e de que trevas, aquele que nos modelou e criou nos introduziu no mundo que lhe pertence. Ele preparou seus benefícios antes que tivéssemos nascido. Dele recebemos tudo, e tudo lhe devemos agradecer. A ele, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
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