O homem sozinho não consegue mesmo “criar” um culto fácil porque, sem Deus se revelar, ele será sempre insignificante. As palavras de Moisés ao Faraó: “Não sabemos quais serão as vítimas que ofereceremos ao Senhor” (Ex 10,26), expõem, sem dúvida, um princípio fundamental de toda a Liturgia. No pressentimento de Deus que lhe é inerente, o Homem pode, certamente, sem Deus se revelar, edificar altares “ao Deus desconhecido” (cf. At 17,23); nos seus pensamentos, ele pode elevar-se para Deus, na tentativa de o alcançar, mas a verdadeira Liturgia pressupõe que Deus responde e expõe o modo de ser venerado. Ela inclui, duma certa maneira, algo como “nomeação”. Ela não pode ser fruto da nossa fantasia e criatividade – pois assim, seria apenas um grito na escuridão ou simplesmente a afirmação de nós próprios. A Liturgia pressupõe algo de concreto diante de nós, algo que se nos revela, indicando o percurso da nossa existência.
RATZINGER, Joseph. Introdução ao Espírito da Liturgia. São Paulo: Paulinas, 2001, p. 15.

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